terça-feira, 31 de agosto de 2010

MECENAS ENXERIDO

Saiu no último exemplar da revista “Veja Rio” uma interessante matéria com o sr° Celso Corrêa Barros, a pessoa que “dá as cartas no futebol das Laranjeiras”, como bem diz o texto. A matéria é intitulada, “O MECENAS TRICOLOR”. O texto diz que, “ele é o mandachuva do futebol no Flu: indica técnicos, contrata atletas consagrados e está sempre próximo dos jogadores”.

Na matéria o sr° Celso Barros, diz: “NÃO PEÇO A ESCALAÇÃO DE NINGUÉM, MAS É CLARO QUE TROCO IDÉIAS”, assume. “COM A QUANTIDADE DE DINHEIRO QUE COLOCAMOS AQUI, TENHO ESSE DIREITO”.

Segundo a matéria: “É UMA PARCERIA MAIS PRÓXIMA DO MECENATO”. A matéria ainda faz um 'pequeno paralelo' do sr° Celso Barros, com os contraventores EMIL PINHEIRO e CASTOR DE ANDRADE, no tocante aos altos investimentos e ‘mimos’ sem fim aos atletas. E que é uma “visão moderna do mecenato”.

Segundo o texto, “os jogadores, de maneira geral, costumam cumprimentá-lo calorosamente com um abraço e um beijo. Saem para jantar com o patrão e freqüentam seu escritório na Barra. Ele (Celso Barros), por sua vez, tem livre acesso à concentração e segue no ônibus da equipe nas partidas mais importantes, algo inimaginável, por exemplo, para o presidente da Batavo no Flamengo ou o da Fiat no Palmeiras”.

No primeiro de parceria, em 1998, a empresa pagou somente 5.000 reais para estampar o nome no uniforme tricolor. No raciocínio de Celso Barros, um ídolo, a despeito de seu desempenho nos gramados, é sempre o melhor outdoor para expor seu patrocínio, e referenda a opinião com números. “Teríamos de pagar dez vezes mais numa campanha tradicional para obter o mesmo retorno publicitário”.

Mas, na matéria da “Veja Rio”, ele também recebe a crítica de um ex-colaborador, que afirma que, “ELE CRIOU UM CENÁRIO PERFEITO: SE O TIME GANHA É POR CAUSA DA UNIMED. SE PERDE, É PORQUE O CLUBE ESTÁ MAL ADMINISTRADO”. Nesse jogo, pelo visto, Celso Barros sai sempre ganhando.

E nesta segunda-feira, dia 31/08, o jornalista Renato Maurício Prado, escreveu uma nota sobre a entrevista de Celso Barros na “Veja Rio”. A nota é intitulada “MECENAS ENXERIDO”. É uma importante reflexão sobre a relação entre o Fluminense e a empresa patrocinadora de seu futebol profissional. Vamos à nota na íntegra:

A entrevista que o presidente da Unimed, Celso Barros, deu à “Veja Rio” é esclarecedora sobre alguns dos motivos que, apesar dos milhões que investe no Fluminense, têm impedido grandes glórias tricolores, nos últimos anos. “NÃO PEÇO A ESCALAÇÃO DE NINGUÉM, MAS CLARO QUE TROCO IDÉIAS. COM A QUANTIDADE DE DINHEIRO QUE COLOCAMOS AQUI, TENHO ESSE DIREITO" diz ele.

Não tem, não. O que qualquer patrocinador adquire, ao se associar a um clube de futebol, é a autorização para exibir a sua logomarca nos uniformes dos atletas e nos painéis dos campos de treino e locais de entrevistas. Dependendo do acerto, pode até utilizar determinados jogadores como garotos-propaganda. E ponto final.

Se Barros faz mais nas Laranjeiras é porque, ávidos pelo seu dinheiro, quase todos os cartolas que dirigiram (???) o clube, durante a parceria, se tornaram subservientes a ele.

Tal postura, aliás, será um dos grandes cavalos de batalha da eleição presidencial no Flu, no final deste ano. Júlio Bueno, um dos candidatos, anuncia que, se eleito, exigirá que toda e qualquer verba de patrocínio passe a entrar, obrigatoriamente, nos cofres do clube e a ser gerida por ele – e embora admita renovar com a Unimed (cujo contrato vence no final deste ano), já articula uma associação tão ou mais poderosa com um grande banco.

Peter Siemsen, ao contrário, posou para fotos abraçado a Celso Barros no dia do lançamento de sua chapa. Há quem diga, nas Laranjeiras, que se ele for o sucessor de Roberto Horcades, a Unimed mandará ainda mais do que manda hoje.

Desde que associou à marca da empresa que dirige ao clube de seu coração (quando este disputava Terceira Divisão, em 1999), Celso viu a Unimed saltar do quarto lugar no ranking da saúde para o primeiro, com um crescimento espetacular no número de associados – a reportagem fala de 238 mil para 800 mil, mas números divulgados por tricolores dão conta de um aumento de 100 mil para 700 mil. Seja qual for a versão mais exata, a escalada é impressionante.

Já o Flu, embora contratando uma penca de galácticos nos últimos anos (Romário, Felipe, Roger, Edmundo, Ramon, Carlos Alberto etc), ganhou apenas um título da Terceirona (1999), uma Copa do Brasil (2007) e dois Estaduais (2002/2005).

Em tempo: para um clube da grandeza do tricolor, contabilizar os traumáticos vices da Libertadores e da Sul-Americana e até mesmo a heróica arrancada que, ano passado, ajudou a escapar de mais um rebaixamento soa como galhofa.

Por isso, ganhar o Brasileiro deste ano é quase uma obrigação para quem trouxe uma nova fornada de estrelas milionárias, pagando salários em níveis europeus, como R$ 650 mil (para Muricy e para Fred) e R$ 750 mil (para Deco).

Mas, para atingir esse objetivo, é fundamental que o vaidoso mecenas deixe os profissionais trabalharem em paz. Coisa que ele parece ter certa dificuldade – vide a própria reportagem e, entre outras coisas, o hábito de ir para os jogos mais importantes no ônibus da delegação tricolor. Só falta mesmo entrar em campo com o time...

2 comentários:

  1. Prezado Eduardo,

    Parabenizo-o pela matéria, de extrema relevância para os amantes do Flu.

    SAUDAÇÕES TRICOLORES!

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  2. Fui buscar explicações no site do maior grupo político de sustentação da candidatura Peter e me deparei com uma estratégia assustadora. No lugar de discutir a parceria Flu-Unimed e, especialmente, as vinculações (no mínimo, controvertidas) entre o "mecenas" e o candidato, preferiram evocar a figura da "Flapress", e, com isso, pegaram uma rota de fuga, passando ao largo do cerne do problema. Creio, entretanto, que isso não foi à toa: o grupo citado corrobora o modelo de parceria - tem uma crítica pontual aqui, outra acolá, mas, no geral, corrobora o modelo de parceria.
    Saudações tricolores

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