O cidadão ou
cidadã pode ou não, ser eleitor do partido do governo estadual. Mas inegavelmente
nos últimos anos, o Estado do Rio de Janeiro possui avanços inquestionáveis em
seu desenvolvimento e setor econômico. Os números mostram isso. É um fato. E
este fato tem se comprovado nas urnas. E um dos grandes responsáveis por este
avanço, chama-se Julio Cesar Carmo Bueno. Ou como é mais conhecido: Julio
Bueno.
Nesta segunda-feira,
dia 26/01, o jornal O Globo apresenta
uma grande entrevista de página inteira com Julio Bueno. Uma matéria da máxima
importância para todos os que se interessam pelos projetos governamentais para o
Estado do Rio de Janeiro. O Blog CIDADÃO FLUMINENSE reproduz na íntegra a
entrevista feita pela jornalista Flávia Oliveira com Julio Bueno. Veja abaixo a
entrevista com Julio Bueno.
Encarregado
de viabilizar parcerias público-privadas em projetos de metrô e saneamento
básico na Baixada Fluminense e em São Gonçalo no governo Pezão, secretário diz
que vai dialogar com tribunais, MP e sociedade civil para tocar ‘agenda do
século XIX’. Crise atrapalha, mas não tira o otimismo. Cedae pode ser sócia
obrigatória no novo modelo.
Rio –
Secretário de Desenvolvimento Econômico, Energia e Indústria desde 2007, Julio
Bueno agrega nova função no governo Pezão. Num cenário de escassez de recursos
públicos, será responsável por tirar do papel cinco projetos de parceria
público-privada (PPP) para alavancar as áreas de saneamento e mobilidade urbana
no Estado do Rio. Ele promete dialogar com judiciário e movimentos sociais. Nem
a conjuntura adversa, de ajuste fiscal, crises de água e energia, escândalo na
Petrobras, tira o otimismo do engenheiro: “A gente vai sofrer, mas vai
atravessar o Rubicão”, numa referência ao rio que Júlio César venceu para
assentar o Império Romano.
Quais são os projetos prioritários do
estado nas PPPs?
JULIO BUENO – São cinco os projetos escolhidos pelo governador: saneamento básico na Baixada e na área Leste do Rio (Itaboraí, São Gonçalo e Magé); metrôs Carioca-Estácio até Praça XV e Linha 3 (São Gonçalo-Itaboraí); Rio Digital, que vai conectar com fibra ótica toda a área pública estadual, incluindo delegacias e escolas.
Como foi a escolha?
JULIO BUENO – São todas necessidades do Rio. Água e esgoto na Baixada e em São Gonçalo são agendas do século XIX. E a melhor maneira de resolver é com PPPs. Não fizemos antes, porque estávamos consertando coisas. O saneamento dependia da Cedae, que hoje é uma empresa sadia. Podemos avançar, porque o setor privado topa ser parceiro. Há um milhão e meio de habitantes na área Leste e dois milhões na Baixada. Eles precisam de água e esgoto. Se perguntar a dez pessoas, 11 dirão que são obras prioritárias.
As manifestações de 2013
reivindicavam qualidade de serviços públicos, agenda dita de esquerda. O modelo
de PPPs privatiza atribuições do Estado?
JULIO BUENO – A agenda é de melhoria de serviço público. Isso não é nem esquerda nem direita. Cito Deng Xiaoping: “Não importa a cor do gato, importa que ele pegue o rato”. Tem de haver transporte público de qualidade, água e esgoto. A PPP parece a forma melhor de fazer.
O senhor imagina modelo semelhante ao
das concessões de aeroportos, no qual a Infraero mantém 49%?
JULIO BUENO – certamente a Cedae vai ter de ser sócia, porque ela fornece a água. No esgoto, pode até ser uma empresa privada sozinha. Na água, não. Aqui não temos nem histerismo liberal nem conservadorismo de esquerda. Faremos o que for economicamente melhor a sociedade, o cidadão e o consumidor.
A que preço? Algumas privatizações
oneraram muito o usuário. E a água é necessidade fundamental.
JULIO BUENO – Tive a honra de presidir uma estatal, a BR Distribuidora, que ajudou o governo a liberar o preço dos combustíveis no Brasil. Na questão da água e esgoto no Rio, a gente tem a sorte de ter a Cedae, que nos dá o conhecimento específico do mercado. Por isso, a questão dos preços será mais bem administrada.
O que a experiência com Metrô e
SuperVia ensinam ao futuro modelo? Há problemas nessas concessões.
JULIO BUENO – Criticamos a qualidade dos serviços sem levar em conta o que está sendo e o que não foi feito. No Metrô, o estado não cumpriu seu papel de investimento. Com a SuperVia, a mesma coisa. Nos trens, enquanto São Paulo investiu R$ 40 bilhões em 25 anos, o Rio investiu R$ 1 bi. A gente culpa o concessionário, quando, na verdade, a culpa foi do não investimento do Estado.
Como estão os diálogos com o setor
privado para as PPPs?
JULIO BUENO – Tem fila. A agenda está tomada. A área privada está disposta, se a área pública conseguir viabilizar sua parte.
Quando o senhor pretende apresentar
os modelos de PPPs?
JULIO BUENO – Os mais próximos são saneamento e Rio Digital. Estamos discutindo os projetos este mês. Em fevereiro, vamos aprovar a nova lei de PPPs na Alerj. Em março, pretendemos pôr na rua os procedimentos de manifestação de interesse. Há estudo já feito para Itaboraí e São Gonçalo, temos modelos propostos, mas é preciso amarrar com o governador.
Como será a relação com a sociedade
civil?
JULIO BUENO – Vou conversar com todo mundo: Tribunal de Contas, Ministério Público, Tribunal de Justiça. Faremos audiências públicas. Terei prazer em ouvir movimentos sociais. Sem ódio, sem medo.
O senhor está no terceiro mandato na
secretaria. Que outros projetos de desenvolvimento planeja?
JULIO BUENO – Há duas estratégias. Uma são as PPPs, que podem injetar na economia recursos muito relevantes. Os projetos de saneamento envolvem R$ 12 bilhões. O Rio Digital vai custar R$ 1,5 bilhão. A outra é atrair empresas usando os projetos âncoras já concluídos ou em fase final, como Arco Metropolitano, Porto de Açu, Galeão, Olimpíadas e Comperj. Vamos usar os projetos estruturantes para atrair e instalar empresas no entorno.
É possível atrair investimentos num
momento de baixa credibilidade do país e de conjuntura conturbada?
JULIO BUENO – O Rio de Janeiro não é uma ilha. A gente, evidentemente, sofre as conseqüências da situação econômica do país. Mas as possibilidades do mercado brasileiro a médio e longo prazos são muito grandes. Tivemos um desarranjo na macroeconomia. Se a gente arranjar isso, teremos todas as possibilidades de crescer. Temos os fundamentos. Não macroeconômicos, mas políticos. Temos uma sociedade ocidental, que quer consumir, quer ser feliz, ter carro, viajar para o exterior. Acredito muito nas empresas que olham o longo prazo. Estou preparando um pacote de investimentos, que sai ainda no 1º trimestre. É coisa de R$ 1 bilhão em várias áreas, de biotecnologia a bebidas. Nada em petróleo, mas o importante é a diversificação.
Há a crise de escassez de água e
energia. Como lidar?
JULIO BUENO – Se houver racionamento, o nível de atividade vai cair e isso afetará o Rio. Sem dúvida, atrapalha. Por outro lado, em 2001, tivemos um ganho extraordinário, que foi o desenvolvimento das termelétricas. Isso pode acontecer de novo na energia, mas principalmente na água, se o saneamento se tornar prioridade.
O senhor é funcionário de carreira da
Petrobras, presidiu a BR. Que cenário vê para a empresa?
JULIO BUENO – A Petrobras, de novo, tem os fundamentos. Tem petróleo e um corpo técnico que sabe extraí-lo. Mas, assim como o Brasil, precisa que o mercado acredite nela. O mercado precisa acreditar que não há mais qualquer tipo de malfeito nela e em nenhuma subsidiária. A partir daí, a companhia tem resiliência para seguir em frente. É duro, é um momento dificílimo. A diretoria está administrando o momento mais difícil da história da companhia.
Em relação ao Rio, o que mais preocupa na crise da Petrobras?
JULIO BUENO – Primeiro, royalties e participações especiais, porque isso significa menos recursos para o Estado e para os municípios. E preocupa a atividade econômica também, que rebate no Rio em várias questões, do complexo metal-mecânico ao portuário. A gente vai sofrer, mas vai atravessar o Rubicão, tenho certeza.
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