segunda-feira, 26 de janeiro de 2015

'Vou conversar com todos. Sem ódio, sem medo'

                        Julio Bueno discursando na Alerj




O cidadão ou cidadã pode ou não, ser eleitor do partido do governo estadual. Mas inegavelmente nos últimos anos, o Estado do Rio de Janeiro possui avanços inquestionáveis em seu desenvolvimento e setor econômico. Os números mostram isso. É um fato. E este fato tem se comprovado nas urnas. E um dos grandes responsáveis por este avanço, chama-se Julio Cesar Carmo Bueno. Ou como é mais conhecido: Julio Bueno.

Nesta segunda-feira, dia 26/01, o jornal O Globo apresenta uma grande entrevista de página inteira com Julio Bueno. Uma matéria da máxima importância para todos os que se interessam pelos projetos governamentais para o Estado do Rio de Janeiro. O Blog CIDADÃO FLUMINENSE reproduz na íntegra a entrevista feita pela jornalista Flávia Oliveira com Julio Bueno. Veja abaixo a entrevista com Julio Bueno.


Encarregado de viabilizar parcerias público-privadas em projetos de metrô e saneamento básico na Baixada Fluminense e em São Gonçalo no governo Pezão, secretário diz que vai dialogar com tribunais, MP e sociedade civil para tocar ‘agenda do século XIX’. Crise atrapalha, mas não tira o otimismo. Cedae pode ser sócia obrigatória no novo modelo.


Rio – Secretário de Desenvolvimento Econômico, Energia e Indústria desde 2007, Julio Bueno agrega nova função no governo Pezão. Num cenário de escassez de recursos públicos, será responsável por tirar do papel cinco projetos de parceria público-privada (PPP) para alavancar as áreas de saneamento e mobilidade urbana no Estado do Rio. Ele promete dialogar com judiciário e movimentos sociais. Nem a conjuntura adversa, de ajuste fiscal, crises de água e energia, escândalo na Petrobras, tira o otimismo do engenheiro: “A gente vai sofrer, mas vai atravessar o Rubicão”, numa referência ao rio que Júlio César venceu para assentar o Império Romano.

Quais são os projetos prioritários do estado nas PPPs?

JULIO BUENO – São cinco os projetos escolhidos pelo governador: saneamento básico na Baixada e na área Leste do Rio (Itaboraí, São Gonçalo e Magé); metrôs Carioca-Estácio até Praça XV e Linha 3 (São Gonçalo-Itaboraí); Rio Digital, que vai conectar com fibra ótica toda a área pública estadual, incluindo delegacias e escolas.

Como foi a escolha?

JULIO BUENO – São todas necessidades do Rio. Água e esgoto na Baixada e em São Gonçalo são agendas do século XIX. E a melhor maneira de resolver é com PPPs. Não fizemos antes, porque estávamos consertando coisas. O saneamento dependia da Cedae, que hoje é uma empresa sadia. Podemos avançar, porque o setor privado topa ser parceiro. Há um milhão e meio de habitantes na área Leste e dois milhões na Baixada. Eles precisam de água e esgoto. Se perguntar a dez pessoas, 11 dirão que são obras prioritárias.

As manifestações de 2013 reivindicavam qualidade de serviços públicos, agenda dita de esquerda. O modelo de PPPs privatiza atribuições do Estado?

JULIO BUENO – A agenda é de melhoria de serviço público. Isso não é nem esquerda nem direita. Cito Deng Xiaoping: “Não importa a cor do gato, importa que ele pegue o rato”. Tem de haver transporte público de qualidade, água e esgoto. A PPP parece a forma melhor de fazer.

O senhor imagina modelo semelhante ao das concessões de aeroportos, no qual a Infraero mantém 49%?

JULIO BUENO – certamente a Cedae vai ter de ser sócia, porque ela fornece a água. No esgoto, pode até ser uma empresa privada sozinha. Na água, não. Aqui não temos nem histerismo liberal nem conservadorismo de esquerda. Faremos o que for economicamente melhor a sociedade, o cidadão e o consumidor.

A que preço? Algumas privatizações oneraram muito o usuário. E a água é necessidade fundamental.

JULIO BUENO – Tive a honra de presidir uma estatal, a BR Distribuidora, que ajudou o governo a liberar o preço dos combustíveis no Brasil. Na questão da água e esgoto no Rio, a gente tem a sorte de ter a Cedae, que nos dá o conhecimento específico do mercado. Por isso, a questão dos preços será mais bem administrada.

O que a experiência com Metrô e SuperVia ensinam ao futuro modelo? Há problemas nessas concessões.

JULIO BUENO – Criticamos a qualidade dos serviços sem levar em conta o que está sendo e o que não foi feito. No Metrô, o estado não cumpriu seu papel de investimento. Com a SuperVia, a mesma coisa. Nos trens, enquanto São Paulo investiu R$ 40 bilhões em 25 anos, o Rio investiu R$ 1 bi. A gente culpa o concessionário, quando, na verdade, a culpa foi do não investimento do Estado.

Como estão os diálogos com o setor privado para as PPPs?

JULIO BUENO – Tem fila. A agenda está tomada. A área privada está disposta, se a área pública conseguir viabilizar sua parte.

Quando o senhor pretende apresentar os modelos de PPPs?

JULIO BUENO – Os mais próximos são saneamento e Rio Digital. Estamos discutindo os projetos este mês. Em fevereiro, vamos aprovar a nova lei de PPPs na Alerj. Em março, pretendemos pôr na rua os procedimentos de manifestação de interesse. Há estudo já feito para Itaboraí e São Gonçalo, temos modelos propostos, mas é preciso amarrar com o governador.

Como será a relação com a sociedade civil?

JULIO BUENO – Vou conversar com todo mundo: Tribunal de Contas, Ministério Público, Tribunal de Justiça. Faremos audiências públicas. Terei prazer em ouvir movimentos sociais. Sem ódio, sem medo.

O senhor está no terceiro mandato na secretaria. Que outros projetos de desenvolvimento planeja?

JULIO BUENO – Há duas estratégias. Uma são as PPPs, que podem injetar na economia recursos muito relevantes. Os projetos de saneamento envolvem R$ 12 bilhões. O Rio Digital vai custar R$ 1,5 bilhão. A outra é atrair empresas usando os projetos âncoras já concluídos ou em fase final, como Arco Metropolitano, Porto de Açu, Galeão, Olimpíadas e Comperj. Vamos usar os projetos estruturantes para atrair e instalar empresas no entorno.

É possível atrair investimentos num momento de baixa credibilidade do país e de conjuntura conturbada?

JULIO BUENO – O Rio de Janeiro não é uma ilha. A gente, evidentemente, sofre as conseqüências da situação econômica do país. Mas as possibilidades do mercado brasileiro a médio e longo prazos são muito grandes. Tivemos um desarranjo na macroeconomia. Se a gente arranjar isso, teremos todas as possibilidades de crescer. Temos os fundamentos. Não macroeconômicos, mas políticos. Temos uma sociedade ocidental, que quer consumir, quer ser feliz, ter carro, viajar para o exterior. Acredito muito nas empresas que olham o longo prazo. Estou preparando um pacote de investimentos, que sai ainda no 1º trimestre. É coisa de R$ 1 bilhão em várias áreas, de biotecnologia a bebidas. Nada em petróleo, mas o importante é a diversificação.

Há a crise de escassez de água e energia. Como lidar?

JULIO BUENO – Se houver racionamento, o nível de atividade vai cair e isso afetará o Rio. Sem dúvida, atrapalha. Por outro lado, em 2001, tivemos um ganho extraordinário, que foi o desenvolvimento das termelétricas. Isso pode acontecer de novo na energia, mas principalmente na água, se o saneamento se tornar prioridade.

O senhor é funcionário de carreira da Petrobras, presidiu a BR. Que cenário vê para a empresa?

JULIO BUENO – A Petrobras, de novo, tem os fundamentos. Tem petróleo e um corpo técnico que sabe extraí-lo. Mas, assim como o Brasil, precisa que o mercado acredite nela. O mercado precisa acreditar que não há mais qualquer tipo de malfeito nela e em nenhuma subsidiária. A partir daí, a companhia tem resiliência para seguir em frente. É duro, é um momento dificílimo. A diretoria está administrando o momento mais difícil da história da companhia.

Em relação ao Rio, o que mais preocupa na crise da Petrobras?

JULIO BUENO – Primeiro, royalties e participações especiais, porque isso significa menos recursos para o Estado e para os municípios. E preocupa a atividade econômica também, que rebate no Rio em várias questões, do complexo metal-mecânico ao portuário. A gente vai sofrer, mas vai atravessar o Rubicão, tenho certeza.   

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