segunda-feira, 23 de novembro de 2015

Um grande encontro da oposição tricolor

Deley e Eduardo Coelho

O espírito da reunião do dia 9/11 foi apenas de UNIÃO e de vontade se SOMAR. Subtrair jamais! A dinâmica do processo definirá mais adiante o nome que terá a missão de convergir toda a OPOSIÇÃO. O momento não é de escolhas de nomes. O momento é de muito DIÁLOGO! De amadurecimento do DIÁLOGO entre TODAS as forças políticas de OPOSIÇÃO. E quando se fala em amadurecimento, isso tem um peso enorme. A evolução da caminhada demonstrará muito sobre esta questão. 

De OPOSIÇÃO são TODOS os que rejeitam o atual estado de coisas que ocorrem no Fluminense. Ninguém é mais OPOSIÇÃO do que ninguém. É plenamente compreensível que durante o processo ocorram alguns ressentimentos. E eles precisarão ser exaustivamente analisados, compreendidos, para que possam ser solucionados. Vamos TODOS estabelecer o DIÁLOGO.

Existem três nomes fortes entre os atuais quadros da OPOSIÇÃO do Flu: JULIO BUENO, DELEY e CELSO BARROS. Na reunião de 9/11, DELEY e CELSO BARROS estiveram presentes. E JULIO BUENO de certa forma esteve representado por seu filho, DIOGO BUENO. Isso significa, no mínimo, que a disposição ao DIÁLOGO existe entre os TRÊS GRANDES LÍDERES DA OPOSIÇÃO TRICOLOR. Com o máximo respeito a todos os postulantes e aos teóricos, mas este três líderes possuem maior capacidade de competitividade eleitoral. São os nomes que mais encontram condições de que seja viabilizada uma campanha eleitoral que possa ser vitoriosa.




                             Celso Barros e Eduardo Coelho


Alguns teóricos têm abusado de enigmáticas mensagens. É compreensível que alguns criem as mais variadas teorias para tentar inviabilizar a UNIÃO da OPOSIÇÃO TRICOLOR. Principalmente, diante da percepção de algumas modificações espaciais.

É incrível como as coisas e pessoas ficam ultrapassadas rapidamente. O DELEY em 2013 foi o candidato da OPOSIÇÃO. Em 2013, o DELEY era o bonitão e servia como candidato da OPOSIÇÃO. Mas de repente para alguns teóricos, agora ele não serve mais. Ficou feio? Fantástico!

DELEY nunca exerceu cargo político no Fluminense. Ele nunca participou ativamente do processo político tricolor antes de 2013. Mas hoje, já tem gente por aí querendo colocá-lo como pertencendo ao passado político do Clube. É o DELEY que é ligado ao passado político do Fluminense? O único passado que o DELEY tem no Flu é como jogador de futebol mais vitorioso da década de 1980. Não tem pra ninguém! Atualmente, o DELEY é um vitorioso na sua trajetória política. Disputou quatro eleições e conquistou quatro mandatos.

E façamos justiça também ao JULIO BUENO. Ele apenas participou da Vanguarda Tricolor. E querem colocá-lo também como alguém do passado político do Flu? Na eleição de 2010, os que hoje estão no poder do Fluminense tentaram transformá-lo num grande vilão. Distribuíram adesivos atacando a honra de JULIO BUENO, quando não existe nada que desabone sua conduta como homem público.

Depois desse lamentável episódio, JULIO BUENO deu prosseguimento a sua exitosa trajetória como gestor público. Atualmente, ocupa uma das secretarias mais importantes do governo do Estado do Rio de Janeiro: a Fazenda. Por sua liderança, JULIO BUENO terá um papel preponderante nos rumos da OPOSIÇÃO TRICOLOR. Como já teve na eleição de 2013, sendo a principal lideranças da OPOSIÇÃO e grande articulador do lançamento de DELEY como candidato a presidente. No entanto, a candidatura de DELEY foi lançada em cima da hora, não tendo a oportunidade de explorar todas as suas potencialidades devido ao breve tempo de campanha. A sensatez de JULIO BUENO será muito importante no caminho da UNIÃO TRICOLOR.

Sobre CELSO BARROS ocorre algo semelhante. Ele nunca participou diretamente do processo político tricolor. Na década passada, foi vice-presidente de futebol apenas por alguns meses. E recentemente foi eleito como conselheiro na chapa do atual presidente, mas não teve grande atuação. Seu grande brilho sempre se deu como presidente da UNIMED. A empresa foi a principal responsável por milhões de reais que possibilitaram a contratação de excelentes jogadores que deram ao Fluminense TRÊS (2 Brasileiros e 1 Copa do Brasil) dos CINCO títulos nacionais que o Flu possui. Alguns podem até não gostar dele, mas negar a sua importância para o Fluminense nos últimos quinze anos, não dá. Então, colocá-lo ligado ao passado político do Flu é querer muito tirá-lo de sua condição de protagonista do atual processo político.

Com estes três líderes UNIDOS, a OPOSIÇÃO TRICOLOR estará no rumo certo e com amplas possibilidades de vitória em 2016. Evidentemente, desde que o trabalho comece desde já. E para isso será muito importante muito DIÁLOGO. É a perenidade do Fluminense que está em jogo. Contudo, será fundamental superarmos ressentimentos, a vaidade e algumas teorias. Para que a OPOSIÇÃO não se divida em aventuras e diversas candidaturas que só poderão interessar aos que estão hoje no poder. Portanto, a atenção deve ser total na busca da UNIÃO TRICOLOR, baseada na intensificação do DIÁLOGO.

terça-feira, 3 de novembro de 2015

Ivair - O Príncipe do Futebol - Trailer

Colaborar com os diretores Cristiano Fukuyama e Luiz Nascimento para a realização do documentário “Ivair – O Príncipe do Futebol” foi algo que me deu um enorme prazer. Foi o reconhecimento de um trabalho literário independente, feito de forma criteriosa, com muita dedicação e carinho.

Ivair chegou ao Flu trocado pelo ídolo Samarone, em 1971. Era natural que ocorresse uma desconfiança da torcida tricolor. Porém, a dedicação de Ivair no campeonato de 1971 foi algo fora do comum. Ao chegar às Laranjeiras, Ivair declarou: “Eu prometo suar até sangue, para ajudar o Fluminense a ganhar”. E cumpriu a promessa. Com o belo futebol de Ivair e seus gols, o Flu conquistou o título.

Descrevi este e outros fatos desta epopeia no livro “Carioca de 1971 – A verdadeira história da vitória do Fluminense sobre a Selefogo alvinegra”, pela Maquinária Editora. Ivair foi campeão carioca pelo Flu em 1971 e 1973. O lançamento do filme será no dia 27 de janeiro (aniversário de 71 anos do Ivair), no Teatro Gamaro, em São Paulo.    


Ivair – O Príncipe do Futebol - Trailer

quinta-feira, 24 de setembro de 2015

O Fator Rubens Galaxe

Não é difícil entender esta confusão no Fluminense provocada, desta feita, por um membro da OAB. Ordem dos Analfabetos da Bola. Quem tem sua carteirinha retirada num concurso de cartolas, aqueles personagens temidos por Nelson Rodrigues, João Saldanha, Sandro Moreira e Armando Nogueira que continuam, infelizmente, dando suas caneladas no futebol brasileiro. Mário Bittencourt, o OAB da vez, que já foi do CREMERJ, da UNIMED, de uma sigla qualquer formada fora das quatro linhas, jamais chupou gelo com alguém. Não freqüentou vestiários quando adolescente, não deu volta olímpica, é mais um torcedor fanático  que se aproveita da fragilidade dos clubes de futebol e emergem, enquanto sócios, à direção do futebol. O que esperar dele senão seguidas contratações equivocadas. Posturas induzidas pela emoção. Jamais pela razão.

No nosso futebol, incrível, não há um só atleta como dirigente forte da CBF, das suas confederações ou dos seus clubes. Não há um Platini, um Beckenbauer, um Passarela. Só Del Nero, Rubens Lopes, Ricardo Teixeira. Nos envergonha, como brasileiros, quando num mundial, em uma Libertadores, as lentes se dirigem às tribunas e os representantes do nosso lado, sem exceção, são figuras que jamais deram um chute na bola de futebol. Colaboraram com o esporte dentro ou fora das quatro linhas. Nossos ídolos, ou estão treinando times ou comentando futebol pela televisão quando poderiam colaborar com sua organização. Com sua moralidade e respeitabilidade.

Se no Fluminense houvesse justiça, e seriedade, e coerência, o Diretor de Futebol deveria ser o Rubens Galaxe. Não Mário Bittencourt. Poucos na história do clube, talvez Pinheiro, Zezé Moreira e Telê Santana tenham dedicado tanto suas vidas ao clube. Rubens chegou às Laranjeiras aos 16 anos e percorreu todas as divisões, vestiários e duchas. Jogou no juvenil, juniores, profissionais, defendeu a seleção brasileira sub-20, foi às Olimpíadas de 72, na Alemanha, jogando em todas as posições possíveis. Era o chamado coringa. Nascido em Conselheiro Josino, interior de Campos dos Goytacazes, permaneceu com seu amor ao clube colado à instituição que aprendeu a amar. Após ganhar todos os títulos e o respeito de todos, estudou administração, voltou ao Fluminense para treinar os juvenis em Xerém e chegou, como treinador, a dirigir os profissionais numa Taça Brasil. Com todo este currículo, está trabalhando algum tempo no Detran. Como tricolor de coração e vida, empresta sua fidalguia, disciplinas, honradez e sabedoria esportiva (que aprendeu na mais conceituada escola de futebol do mundo, com mestres da linhagem de José de Almeida e Roberto Alvarenga) a um órgão que precisa historicamente de pessoas íntegras por lá, mas que poderia se estender a quem mais precisa, no momento, de tudo isto mais a cumplicidade de um gelo trocado. Do suor dos vestiários. Das tiradas inesquecíveis do Ximbica. Do burburinho do Bar do Fidélis, do samba e histórias do simpático massagista Jerônimo.

O Fator Rubens Galaxe, que aproveita no clube toda a sabedoria e amor de quem por ali fez sua história, deveria vencer o Fator OAB, que coloca todo clube de futebol órfão das decisões de quem estudou Direito, mas bate torto na bola. Fez residência no Souza Aguiar, mas nunca dormiu em uma concentração. Possui cartão UNIMED, mas não alcança os anseios dos torcedores que vão aos estádios com a carteirinha do SUS. Pedrinho do Vasco, Junior do Flamengo e Afonsinho no Botafogo como diretores de futebol. Simples assim. Então, em nome de toda nossa história, Presidente Siensem, vamos iniciar um novo troca troca como fez seu antecessor Francisco Horta. Rubens Galaxe no futebol, Bittencourt no Detran. O transito já está ruim mesmo e tenho certeza que o Rubens ensinará o Ronaldinho estacionar seu talento na vaga existente entre o Jean, Cícero e o Fred.



Zé Roberto Padilha

quarta-feira, 23 de setembro de 2015

O sepulcro de um defunto medíocre e soberbo

O ambiente nas Laranjeiras está cada vez mais conturbado. E a tendência é a chapa ficar cada vez mais quente. E nesta terça-feira, dia 22/09, foi publicada uma matéria bombástica e estarrecedora no jornal O Globo, demonstrando que o caos impera em Álvaro Chaves. A matéria é intitulada “RELAÇÕES DE PODER FLU OF TRONES”. Intriga, traição e vaidade explicam a queda do time e isolamento do vice-presidente de futebol e advogado do clube, Mário Bittencourt. A matéria é dos jornalistas Tatiana Furtado e Gian Amato. Leia abaixo, na íntegra, a matéria do Globo:


Depois de tê-lo como braço direito durante um ano e meio, o presidente do Fluminense, Peter Siemsen, começou a isolar e a tirar das decisões do futebol o seu vice-presidente, e possível candidato a sucedê-lo, Mário Bittencourt, que sequer participou da escolha do técnico Eduardo Baptista. Nos bastidores das Laranjeiras, fontes apontam o advogado como um dos responsáveis pela derrocada no Brasileiro – não vence há oito jogos – por “querer aparecer mais que as estrelas do elenco”, ter escalado o time em alguns jogos e brigar com jogadores, como o volante Edson.

O time subia na tabela e o sucesso, na cabeça de Mário. O Fluminense estava no G-4 e o dirigente apresentou a ideia de contratar Ronaldinho Gaúcho. Na época, Peter concordou em pagar um salário acima da realidade austera do clube à estrela, apesar de os direitos de imagem de alguns jogadores estarem atrasados naquele momento, o que deu início à insatisfação da maioria do elenco. Em uma reunião, já com a negociação adiantada, e eufórico pela confusão com o Vasco, que chegou a anunciar o jogador como quase certo, Mário teria dito: “Vou fazer e acontecer”.

NA CARONA DE RONALDINHO

Sua insistência em trazer um jogador que vinha de uma temporada fraca no México teve oposição nas Laranjeiras, onde Mário passou a ser chamado de “pavão” por buscar os holofotes da negociação. Além de o jogador ser caro e estar fora de forma, ninguém tolerou no clube a passividade do dirigente diante do vazamento de uma foto de Ronaldinho no vestiário do Atlético-MG, após a derrota no Maracanã, e o mal explicado episódio do Fla-Flu, quando o camisa 10 alegou indisposição ao saber que seria reserva. O médico que o examinou teve que liberá-lo porque o jogador disse estar com dores na garganta. Precisou confiar na palavra dele e o ruído de comunicação foi criado.

Quando houve um problema de relacionamento entre ele e Edson, que não teria atendido a um telefonema, ele avisou para quem quisesse ouvir que o volante “teria que ajoelhar para falar com ele novamente”. Isso não aconteceu e Edson saiu do time. Na época, a suspeita era que o volante teria uma rixa com o ex-técnico Enderson Moreira. Ao mesmo tempo, Mário não escondia de ninguém que escalava o time e gabava-se de contar que dava “esporro” em jogador. Na partida em que Wellington Paulista, que ele contratou, marcou um gol no Maracanã, contra o Atlético-MG, o atacante preferiu comemorar com o dirigente, em que deu um forte abraço. Apenas Gérson, muito timidamente, acompanhou o jogador.    

PRESIDENTE ASSUME QUE TOMOU O COMANDO

Incomodados com a alegada intromissão do dirigente no time, os jogadores passaram a “andar em campo”, como revelou uma fonte, que vai além: “não queriam derrubar o treinador, mas o Mário. Peter trocou o técnico, mas isso de nada vai adiantar, porque o vestiário está rachado e o Mário atordoado”.
Peter ainda reluta em tomar uma decisão definitiva sobre Mário e garante que tenta preservar o vice retomando a frente do futebol. Mas evitou que Bittencourt escolhesse o técnico e mudou o comando da preparação física – Luís Fernando Goulart, do Sport, assumiu ontem. Mário não pretende entregar o cargo, que acumula com o de advogado do clube.

O GLOBO procurou Mário Bittencourt, que, por mensagem, pediu que a reportagem entrasse em contato com a assessoria de imprensa. Já Peter assumiu que está retomando o controle do departamento de futebol, inclusive fez questão de responder aos repórteres, enquanto Bittencourt não se pronunciou. Ao negar estar em conflito com seu vice, ele admitiu que faz isso para preservar o dirigente, exposto demais à crise causada pelos maus resultados do time.
     – Em momentos ruins, um presidente se reaproxima do futebol. Até que a situação melhore, ficarei à frente do departamento, sem que isso signifique uma mudança no status do Mário – garantiu Peter.

O presidente também não quis falar sobre os problemas de vestiário.
     – Todos parecem comprometidos em mudar a situação. Para mim, o que aconteceu foi uma perda de confiança. Acredito que será recobrada – disse o presidente, que escolheu o novo treinador justamente por ter formação em psicologia.

Além da parte emocional, o presidente sabe do problema recorrente de treinar na sede social. A pressão vinda das arquibancadas diariamente e o estado ruim do campo das Laranjeiras, terreno propicio para lesões, tiveram como solução temporária a transferência dos treinos para a Escola de Educação Física do Exército, na Urca. Local isolado sem acesso de torcedores e com possibilidade de fechamento à imprensa, como já foi feito em outras oportunidades.



sexta-feira, 18 de setembro de 2015

Nelson Aguiar: administrador regional da Tijuca e tricolor

Homenagem - Saens Peña 100 anos



Boa praça e sempre atencioso com todos da comunidade tijucana, Nelson Augusto Eiras Aguiar é casado com a Isabel. Nelson é pai do Thiago, da Joana e do Armando. E irmão do ex-vereador do Rio de Janeiro, Chico Aguiar. Nelson tem uma vasta experiência como gestor público na área da Tijuca. Nosso Blog traz aos leitores uma descontraída entrevista com o Nelson.

Blog CIDADÃO FLUMINENSE – Você recebeu a Medalha Zenóbio da Costa, em 17 de dezembro de 2014. É a principal condecoração oferecida pela Guarda Municipal a personalidades que prestaram serviços relevantes para a instituição. Isso é o reconhecimento do trabalho?

NELSON AGUIAR – Eu acredito que sim. Foi um reconhecimento e um motivo de orgulho. Toda medalha é um orgulho.  E é difícil de conquistar. São muitos anos. Nós pegamos quase o princípio da Guarda Municipal. E esse trabalho vem acontecendo desde 1997, quando a gente vem fazendo essa parceria. E é um trabalho fundamental. A Guarda faz a parte de guardiã dos bens municipais, da rua, nas praças. É bacana estar sendo condecorado. Isso foi importante. 





     Homenagem da Associação dos Moradores das Adjacências da Praça da Medalha Milagrosa 



Blog CIDADÃO FLUMINENSE – Você escreveu o livro “Tijuca de rua em rua”, junto com a historiadora Lili Rose. Como foi esse trabalho e relate sua relação afetiva com a Tijuca.

NELSON AGUIAR – Esse trabalho foi assim, a Lili sentou onde você está e falou: “Vamos fazer um folder da Tijuca?” E eu disse: “Não Lili. Vamos fazer um livro da Tijuca”. E começamos a conversar e a coisa foi andando. E a Lili é incansável, trabalhou muito. Eu tinha muitos dados. Fui passando as informações para ela. E ela na dedicação. Um dia ela ligou, acho que faltavam umas 40 ruas pra acabar. São em torno de 300. E ela: “Que rua é Mirabeau Santo Uchoa?” Eu falei: “Uchoa, deve ser parente do Drº Uchoa da Universidade Estácio de Sá”. Aí, ela ligou pra ele. E ele chamou a gente lá. Ele ficou animado com o projeto. Deu uma sala pra gente e três estagiários. Abriu a Editora Rio que era da Estácio. E aí, o livro saiu. Então, isso aí ficou importante, porque eu sou nascido aqui no Hospital Evangélico. Então, eu tenho um carinho pelo bairro, onde educo os meus filhos. Meus pais me criaram aqui. Estudei no Colégio São José. Os meus amigos estão aqui. Então me sinto em casa. E quando vim para a Prefeitura, o Prefeito Conde, a quem eu presto as minhas homenagens, recém falecido, deixou um legado. Me ensinou muita coisa. De como devemos cuidar do passeio, da calçada, do espaço da pessoa. O que é você andar na rua. Então, eu peguei muito disso. O Conde foi um grande professor para mim. E agradeço a ele. Mando um beijo para onde ele estiver. Ele está certamente num grande lugar. Ele merece. E minha história com o bairro vem por aí. E aí com o livro, você vê aqui na sala fotos. E sempre vem historiador conversar. É bacana sabermos do bairro. 



A história da Tijuca em fotos


Blog CIDADÃO FLUMINENSE – Entre 1997 e 1998, você foi Administrador Regional da Tijuca. Nos dois anos seguintes foi Subprefeito da Tijuca. Quais as especificidades básicas destes cargos?

NELSON AGUIAR – O Administrador Regional já foi um cargo muito forte. Quando ele foi criado tinha verbas, fazia obras, tinha participação. Tinha que prestar contas na Câmara Municipal. E é um cargo que você vai policiar os órgãos. Se a fiscalização está trabalhando bem, se a Guarda, a Comlurb. É um trabalho de responsabilidade. Isso com o tempo foi caindo um pouco. Foram criadas outras secretarias. Tudo foi crescendo. E no governo do ex-prefeito César Maia criou-se as subprefeituras. A subprefeitura é um cargo mais forte. Você tem uma ligação mais diária, de momento, toda hora está junto com o prefeito. Então, o Administrador hoje, passou a ser um suporte da Subprefeitura. A Subprefeitura da Tijuca tem duas Administrações: a da Tijuca e de Vila Isabel. É bom, o nosso prefeito Eduardo Paes até incentiva isso de estarmos um trabalhando com o outro. Só não pode ter encrenca política, senão acaba atrapalhando um pouco. Mas eu me dou muito bem com o Márcio Ribeiro que é o subprefeito. Tento ajudar passando a experiência que eu tenho. Temos conversado todo dia. Temos lá os nossos momentos com o prefeito Eduardo Paes com as nossas atribuições. Que elas são mais parecidas. Projetos, essas coisas maiores, as maiores obras, ela pega o caminho da Subprefeitura para ser implantada nos bairros.




Homenagem do Club Municipal ao Nelson Aguiar



Blog CIDADÃO FLUMINENSE – Em 2001 e 2002, você atuou como Agente de Desenvolvimento Local do Governo do Estado do Rio de Janeiro de Vila Isabel (Maracanã, Vila Isabel, Andaraí e Grajaú), cargo que exerceu na área da Tijuca após 2003. Como foi essa experiência?

NELSON AGUIAR – Eu fui convidado pelo Conde, quando ele foi secretário do Governo do Estado. Aí, ele me convidou e eu aceitei. Ia ganhar experiência. Achava que seria importante para o meu currículo. O Governo do Estado é sempre uma máquina mais pesada. Eu acostumado com a prefeitura. A prefeitura é mais rápida nas coisas, mais leve. E a gente foi conhecer o outro lado. Várias atividades que são realizadas pelo Governo do Estado. Foi uma experiência muito boa. Procurei juntar com aquilo que já tinha aprendido como Administrador Regional – que esse é um cargo de administração – e passei a fazer o mesmo trabalho que eu fazia como administrador da Prefeitura, a fazer com os órgãos do Estado. Que é a integração com a comunidade. Chegar próximo. Poder aproximar. E os órgãos do Governo do Estado, você tem a CEDAE, o Meio Ambiente, a Polícia Civil, a Polícia Militar. Tem várias coisas que você tem muito trabalho pra fazer. O que não falta é trabalho. Adaptei isso ao Governo do Estado. Foi uma experiência bacana. Mas prefiro ficar na Administração Regional na Prefeitura. Depois do governo do Estado, em 2006, passei um tempo na Câmara Municipal, no Gabinete do Luiz Humberto (ex-vereador), que me convidou. Também trabalhei no escritório político do deputado estadual Chiquinho da Mangueira. Depois eu vim pra prefeitura na Casa Civil. Há quatro anos atrás eu estava na Casa Civil trabalhando com o Secretário Pedro Paulo. Aí, eles me convidaram pra voltar para Região Administrativa. 

Blog CIDADÃO FLUMINENSE – Como é a relação do Administrador Regional da Tijuca com o Prefeito Eduardo Paes? Estabelece reuniões periódicas? O Prefeito Eduardo Paes é realmente muito exigente com sua equipe de trabalho?

NELSON AGUIAR – Ele é exigente e trabalha muito. A carga horária do Prefeito Eduardo Paes é difícil de acompanhar. Poucos conseguem acompanhá-lo (risos). Temos uma integração. Existe uma reunião mensal que é feita com os subprefeitos e secretários para avaliação. E tem reuniões periódicas dos trabalhos que estamos realizando e que o prefeito vem pedindo a nossa ajuda. Para cumprirmos as determinações. As implantações dos projetos. Tem bastante coisa. Mas o Prefeito Eduardo Paes está sempre junto. E tem hora que a gente tem problema que não consegue resolver e tem que falar pra ele.



A Tijuca e o Flu sempre presentes na vida de Nelson Aguiar



Blog CIDADÃO FLUMINENSE – Que tipo de articulação com a comunidade a Administração Regional da Tijuca estabelece atualmente?

NELSON AGUIAR – Temos que estar próximos de todas as comunidades de todas as classes sociais. Então você tem que andar muito na rua. Você andar nas ruas é uma coisa importante. Você ir às praças. Você ir às comunidades. Falar com os líderes. Eu faço isso todos os dias. Eu procuro ir a Praça Saens Peña que é o coração da Tijuca. Eu hoje já dei minha volta na Saens Peña. Dou em horários diferentes. Às vezes dou de manhã, à tarde, de noite, de madrugada. E é bom por esses anos todos trabalhando na Tijuca. Cumprimentamos muita gente. Falamos com muita gente. Você tem que ouvir, tem que estar próximo e tem que dar facilidade. A Prefeitura, a Casa Civil, hoje, dá uma premiação ao funcionário no meio do ano, que pode chegar a dois salários, pelo desempenho dos atendimentos. O Prefeito Eduardo Paes tem priorizado muito a excelência no atendimento à comunidade. Isso você faz presente estando lá e conversando. Eu vou três vezes por semana vou à Praça da Bandeira, ando, converso com todo mundo, entro, pergunto. Isso aí, você tem que provocar. Você chegar aqui, sentar e ficar esperando as pessoas, não é isso que o Prefeito Eduardo Paes quer. E não é isso que faz um bom administrador.

Blog CIDADÃO FLUMINENSE – Observamos que a Administração Regional da Tijuca tem um trabalho destacado na área cultural. Em linhas gerais, cite as realizações da administração na área.

NELSON AGUIAR – Caramba, é muita coisa que a gente já fez em questão de cultura. Eu gosto muito de festa. E sempre que tem festa, eu procuro fazer alguma coisa. Nos aniversários da Saens Peña, sempre procuramos trazer uma orquestra. Fizemos uma homenagem ao maestro Severino Araújo da Orquestra Tabajara. Fizemos uma homenagem com o irmão dele que tem a Orquestra Tupi. Aí, você vê os casais dançando e vai relembrando os anos dourados da Tijuca. A Prefeitura tem o Teatro Ziembinski, o Centro de Dança Coreográfica, em parceria ao prédio do Extra, a Casa da Música da (Rua) Garibaldi, que tem muita coisa minha ali. Aquilo foi um projeto que o Chico Alencar tombou, o meu irmão Chico Aguiar pediu ao Prefeito Conde pra comprar a casa. Quem comprou a casa fui eu. Eu que fui lá receber a casa da família. Eu acompanhei aquela obra toda, a restauração, o trabalho. Você aprende muito. Eu estava vendo um festival de harpas. Teve uma exposição Império da Tijuca. Lá tem aulas. O Centro Coreográfico tem bailarinos que vem pra cá se especializar, dão cursos. O Teatro Ziembinski sempre fazendo a parte dos artistas. Tudo isso é muito importante. A Tijuca era maior que a Cinelândia. Nós tínhamos mais cinema na Praça Saens Peña que na Cinelândia. O cinema hoje já não tem mais aquele glamour que tinha antigamente. Você marcava com a menina pra levá-la ao cinema. Me lembro que eu ia com meu pai no cinema, comer pizza ali na Bella Itália, que nem existe mais. Então, são coisas assim que, foram se modernizando. E a Tijuca conseguiu ter essas três aparelhagens que eu acho bacana, que é um teatro, um centro coreográfico, um centro de música. (Chico teve três mandatos de vereador).




Nelson Aguiar em sua mesa de trabalho na sede da VIII R. A.



Blog CIDADÃO FLUMINENSE – Algumas pessoas brincavam dizendo que você era mais simpático que o seu irmão. E quem tinha que ser vereador era você e não ele.

NELSON AGUIAR – É. Não (risos). Já ouvi isso. Essa brincadeira rola aí. Às vezes até eu brinco com ele. Mas o político eleito tem um desgaste, né. Ele é muito cobrado depois. Acho que o Chico teve uma participação grande. Fez um trabalho bonito aqui no bairro. Fez o jornal dele “O Tijucão”. Com isso ele foi se aproximando. Se engajou na política, conseguiu ser vereador sem essas fortunas que hoje são comuns. Uma campanha bem suada. Me lembro do meu pai e minha mãe ajudando. E aí ele seguiu a carreira dele. Mas de vez em quando sente saudade de voltar: “Acho que eu vou voltar. Dar jeito nisso aí”. Mas vamos lá. É maneiro! (risos).      

Blog CIDADÃO FLUMINENSE – O Rio de janeiro sediará os Jogos Olímpicos de 2016. De que maneira a Administração Regional da Tijuca estará articulada com o planejamento da organização. Imaginamos que pela proximidade do Maracanã e do Alto da Boa Vista será uma região bem procurada.

NELSON AGUIAR – Bem procurada. Não temos a região do Maracanã. Ela pertence à outra Região Administrativa. Mas temos o metrô da São Francisco Xavier, que é um acesso muito usado para o Complexo do Maracanã. Você indo direto pela São Francisco Xavier chegará lá no Maracanã. E já é um trabalho que iremos fazer. Sempre tem uma ajuda aqui e outra ali. Temos as nossas fronteiras para cuidar, mas não temos fronteiras. Então, pode ser que tenhamos que ajudar na Lagoa, por exemplo. Isso o Prefeito Eduardo Paes determina a estamos aí pra cooperar e estarmos juntos com ele.

Blog CIDADÃO FLUMINENSE – O que a Prefeitura do Rio vem planejando para deixar como legado esportivo para os cariocas após a realização dos Jogos Olímpicos?

NELSON AGUIAR – São todas essas obras que estão sendo feitas da parte esportiva. Eu acho que o grande legado que recebemos aqui, são as obras de combate as enchentes na Praça da Bandeira. Isso foi uma obra corajosa que vinha sendo empurrada com a barriga por anos. Obra embaixo da terra ninguém gosta de fazer, porque ela não aparece muito. Mas três vezes por semana estou na Praça da Bandeira, que era um bairro esquecido. Numa das reuniões com o próprio prefeito Eduardo Paes, me lembro que recebemos um grupo de comerciantes, moradores, reclamando muito das enchentes. E eu fui o último a sair da sala. O prefeito me puxou e disse: “Eu preciso que você cuide do pessoal lá. Me ajuda lá, porque nós faremos essa obra!” E hoje vemos uma parte da obra que são vários reservatórios. Mas vemos o quanto aquilo foi importante. O quanto a Praça da Bandeira está bonita.  E o quanto estamos trabalhando agora com isso. E a gente vem trabalhando no entorno da Praça da Bandeira. E a prefeitura estava preparada, conseguiu essa verba do Governo Federal. Então isso é um legado que vem da Copa, das Olimpíadas. E as ciclovias, o prefeito também tem investido bastante para as pessoas circularem. Principalmente, as obras de construção que estão sendo feitas. Dos aparelhos que receberão os ginastas. A programação é que as pessoas continuem utilizando. E nós formando os atletas aí. Nós já vemos o Brasil em 3º lugar no Pan-Americano. Ficamos felizes em ver os nossos atletas. Vamos sonhar para ficarmos em primeiro em breve.



Objetos fundamentais na mesa de trabalho de Nelson Aguiar



Blog CIDADÃO FLUMINENSE – Você é um desportista? Qual a sua relação com os esportes?

NELSON AGUIAR – Eu comecei com cinco, seis anos nadando aqui no Tijuca Tênis Clube. Com 12 anos me apresentaram a uma prancha de surf. Aí, eu comecei a pegar onda. Gostei mais do que nadar. Nadar tem toda aquela disciplina. Não que um atleta como o Gabriel Medina pra ser campeão mundial tem que ter muita disciplina e treinar tanto quanto um nadador. É o esporte que até hoje eu me identifico, gosto. Vejo sempre. Sempre sou convidado pra participar da Etapa do Mundial. Então eu vou lá pra fazer um social com a galera. Aí, vemos lá os “dinossauros”, que ainda tem gente mais antiga dos que eu (risos). Então, vou encontrar os meus amigos. O São José é um colégio que você fazia tudo: basquete, vôlei, vôlei de praia, futebol. Tudo na praia eu fiz: velejei, frescobol, vôlei, futebol. Tinha uma pelada, na época, que não existe mais: “surfistas contra paraíbas”. Não discriminando os nordestinos, mas a gente chamava de paraíba o cara da obra, o peão de obra. E aquelas construções na Barra, cheia de prédios. Chegávamos no final do dia e tinha uma pelada no Quebra-Mar. E eu ficava no gol, porque aquelas canelas era muito duras (risos). Mas o esporte é uma coisa fundamental. Eu sempre incentivei meus filhos. Tenho um que foi campeão estadual de Futebol de Mesa. Agora é Sub-14. Lá no Fluminense. No primeiro ano, ele foi vice-campeão. E no segundo foi campeão. A final foi lá no Fluminense, com mais sabor ainda. Se bem que ele é atleta do América (risos). Mas o América todo mundo gosta.

Blog CIDADÃO FLUMINENSE – Qual o seu clube do coração?

NELSON AGUIAR – Flusão. Fluminense.

Blog CIDADÃO FLUMINENSE – Conte a sua relação afetiva com o Fluminense.

NELSON AGUIAR – Lá em casa era uma miscelânea. Porque o meu pai era Fluminense. Mas ele passou a freqüentar o América. Foi jogar basquete pelo América. Acabou virando América. Mas o Fluminense passou a ser o segundo time do meu pai. Ele acabou sendo diretor social do América três vezes. Era um americano. A minha mãe era Vasco, por causa dos meus avós portugueses. Mas o meu irmão, o Chico, era Fluminense. Ele é mais velho. O Armando era Flamengo. Mas o Chico era mais próximo. Porque o Armando é mais velho ainda e tinha uma distância maior. Eu podia ser Botafogo, que só faltava botafoguense (risos). Mas aí eu fui na onda do Chico. O Chico me levava no Maracanã. Ele é oito anos mais velho que eu. Me lembro que eu fui ao Fla-Flu, final no Maracanã, que o Fluminense fez 2 a 0. E a torcida do Fluminense vibrando, todo mundo cantando, alegre, feliz da vida. Aí, o Flamengo me empata o jogo. E a torcida do Fluminense calou, né. Aquele empate do Flamengo, 2 a 2. Depois o Fluminense fez 4 a 2. Então foi assim um jogo que marcou. Isso foi em 1973, com Manfrini.

Nelson participou da fundação do Lions Fluminense na época do saudoso ex-presidente Manoel Schwartz. Schwartz chegou a votar em seu irmão Chico Aguiar.




Nelson Aguiar segura com orgulho a bandeira do Flu



Blog CIDADÃO FLUMINENSE – Mencione um grande ídolo e uma conquista inesquecível.

NELSON AGUIAR – Essa de 1973 foi uma conquista inesquecível! Vibrei também com o gol do Antonio Carlos no Volta Redonda. Aos 48 do segundo tempo. Me lembro que o Tuta era o nosso centroavante. Mas esse 4 a 2 do Fluminense, ainda mais no Flamengo. Manfrini foi um grande ídolo. Mas eu gostava de um time. Um time do Fluminense que me marcou, não sei se conseguirei escalar ele todo, mas era Félix, Oliveira, Galhardo, Denílson, Assis, Marco Antonio, Samarone, Cafuringa, Flávio e Lula. O filho do Cafuringa está sempre por aí com a gente. O Fluminense me deu vários ídolos, mas eu gostava muito do Félix. Porque eu fui goleiro no São José. Então, o Félix na Copa de 70. Mas naquele jogo com a Inglaterra, ele agarrou até pensamento. E as pessoas não confiavam muito no Félix. Mas o Fluminense teve vários ídolos. O próprio Rivellino que fazia aqueles lançamentos para o Gil. Era fantástico ver a Máquina! Você falou do melhor jogo, mas o pior jogo foi o Fluminense perder nos pênaltis com aquela invasão do Corinthians no Maracanã. Foi muito triste. Depois foi a Libertadores. Eu não estava lá pra ver com a LDU. Mas o sentimento ali ficou.  E ver um time que era bom. Lembro do Washington, um guerreiro. E a gente não conseguiu. Jogamos bem. Mas fomos parar lá naquela altitude. Perdeu o jogo lá, com uma diferença muito grande. E o jogo aqui... Mas foi por pouco. Mas o meu ídolo é o Félix.





domingo, 13 de setembro de 2015

Almoço em benefício da ABRAPAC

Eduardo Coelho e Sylvio Kelly


Participei neste sábado, dia 12/09, do almoço em benefício da ABRAPAC - Associação Brasileira de Apoio ao Paciente de Câncer. O evento visava arrecadar fundos para a entidade que é presidida pelo Grande Benemérito e ex-Presidente do FLUMINENSE, Sylvio Kelly dos Santos. A causa merecia prestígio. E Sylvio Kelly também. Além de realizar um ato de solidariedade foi um bom momento para o reencontro e vários tricolores colocarem a conversa sobre o Clube em dia. 

Foi também mais uma oportunidade para que os amigos pudessem celebrar os 80 anos de Sylvio Kelly completados no mês de julho. Líder nato e figura agregadora, presidente entre 1981 e 1984, Sylvio Kelly é um dos grandes nomes história tricolor.

Grande atleta das piscinas no passado, Sylvio Kelly foi o idealizador, articulador e grande criador do Centro de Treinamento Vale das Laranjeiras, em Xerém. Visionário, Sylvio Kelly ao idealizar a criação de Xerém, previa que ali estaria o futuro do futebol do Fluminense. O tempo mostrou que Sylvio Kelly estava certo. Viva Sylvio Kelly!   


quarta-feira, 15 de julho de 2015

Sylvio Kelly: 80 anos

                            Eduardo Coelho e Sylvio Kelly


Todos os tricolores devem homenagear o ex-presidente do Fluminense, Sylvio Kelly dos Santos, pela passagem de seus "80 anos" neste dia 15 de julho de 2015. Sylvio Kelly também completou "70 anos" de associado ao Fluminense.

Sylvio Kelly faz parte de longas e lindas páginas da história tricolor. Neste momento de homenagens, também não podemos esquecer, do saudoso Márvio Kelly, irmão de nosso ex-presidente, que participou da histórica equipe de polo aquático tricolor que permaneceu invicta por 104 jogos e conquistou inúmeros importantes títulos na modalidade.

Sylvio Kelly, grande atleta tricolor, detentor de vários títulos como nadador, participou dos Jogos Olímpicos de 1952 (Helsinque) e 1956 (Melbourne). Como dirigente esportivo, presidiu a CBDU (Confederação Brasileira de Desportos Universitários) entre 1960 e 1965. Organizou os Jogos Mundiais Universitários de Porto Alegre, em 1963.

Em 1975, tornou-se Vice-Presidente de Interesses Legais na gestão do ex-presidente Francisco Horta. Em 1981, Sylvio Kelly chegava à presidência do Fluminense. Como presidente, Sylvio Kelly teve a honra de conquistar o título de campeão carioca de futebol de 1983, com o histórico gol de Assis, o "carrasco", aos 45 minutos do segundo tempo contra o Flamengo.

O visionário Sylvio Kelly em sua gestão, demonstrando espírito empreendedor e extrema capacidade de articulação, idealizou e iniciou o grande sonho tricolor do Centro de Treinamento Vale das Laranjeiras, em Xerém. Se atualmente os tricolores reconhecem que o futuro do futebol do Fluminense está totalmente ligado a Xerém devem extrema gratidão ao ex-presidente Sylvio Kelly.

Portanto, nesta data em que se comemoram os "80 anos" de Sylvio Kelly, o Blog CIDADÃO FLUMINENSE deseja parabéns e feliz aniversário a este grande líder tricolor. E que possamos desfrutar da experiência e sabedoria de Sylvio Kelly por muitos anos. O exemplo de Sylvio Kelly será sempre de vital importância para o Fluminense e suas novas gerações.

VIVA SYLVIO KELLY!!!    

segunda-feira, 29 de junho de 2015

O lançamento do livro "Os Guinle"

                         Clóvis Bulcão e Eduardo Coelho


Com muito prazer prestigiei o lançamento do livro "Os Guinle" do historiador Clóvis Bulcão. Foi na segunda-feira, dia 22 de junho, na Livraria da Travessa, no Leblon. A longa fila indicava a noite concorrida. Logo ao encontrar-me com Bulcão, confessei-lhe que temos grandes afinidades: a História e os Guinle. Parabenizei-o pela excelente obra. E lhe informei que estou em processo de pesquisa, pois pretendo escrever uma biografia de ARNALDO GUINLE, o Patrono do Esporte Brasileiro, como dizia o jornalista Mário Filho.


          Clóvis Bulcão registra sua dedicatória em "Os Guinle" 


Em minhas andanças de pesquisa, era comum passar por alguma instituição de nossa cidade e saber que Clóvis Bulcão já tinha passado por ali. Isso me assegurava que estávamos no caminho certo. Clóvis Bulcão é historiador formado pela PUC-Rio. Nascido em Botafogo, divide seu tempo entre o magistério e a literatura. É professor do tradicional Instituto Superior de Educação do Rio de Janeiro. É autor de um romance histórico e quatro livros de não ficção, incluindo Padre Antonio Vieira: um esboço biográfico (2008). 

Há poucos anos, tomei conhecimento de que Clóvis Bulcão encontrou dificuldades para realizar seu trabalho de pesquisa no Fluminense. O jornalista Roberto Sander, na ocasião, saiu em sua defesa. Uma senhora contratada para prestar serviços ao Clube na época, tumultuou o ambiente. Sem ser sócia e tricolor, fez defesas de colegas de trabalho e de quem lhe contratava. Ou seja, envolveu-se na política do Fluminense sem ser sócia do Clube e tricolor. O que é inadmissível! E chegou a ameaçar o jornalista Roberto Sander de processá-lo na Justiça. Prática arrogante bastante comum durante a gestão que se iniciou em 2010, no Fluminense. Para tentar colaborar na solução do impasse, entrei em campo e passei a bola ao comando do então Vice-Presidente de Marketing, Idel Halfen. Com habilidade e maturidade para conciliar o imbróglio, Idel reuniu os envolvidos na tensa discussão e amenizou os ânimos de todos.


                         Clóvis Bulcão e Eduardo Coelho


Nos agradecimentos do livro, Clóvis Bulcão, possivelmente em tom de desabafo, corretamente, relata os tricolores que colaboraram com seu importantíssimo trabalho para que pudesse nos relatar sobre o Drº ARNALDO GUINLE, o Patrono do Fluminense. Clóvis Bulcão descreve: "O jornalista Roberto Sander foi grande parceiro, apontando o caminho das pedras na atuação de Arnaldo Guinle no Fluminense, onde contei, somente, com a colaboração de Gil Carneiro de Mendonça". De maneira bem humorada, Bulcão relatou-me que "ajudou a salvar uma das irmãs de Peter Siemsen, colaborando para que esta se tornasse rubro-negra". Deixando os impasses e o bom humor de lado, o importante, como pude dizer ao autor, que agora temos mais uma obra literária fundamental para entendermos o nosso país.

sexta-feira, 12 de junho de 2015

Viva o eterno Pó de Arroz!

                         Guilhermino - O "Careca do Talco"


Os torcedores tricolores nos últimos dias viveram momentos de angústia e apreensão. Estava para ser decidida na Justiça a liberação do pó de arroz nos estádios ou não. Confesso que fiquei preocupado. Gostaria muito de ter comparecido ao julgamento na última quarta-feira, dia 10. Com compromissos profissionais no horário marcado, não deu.

Em 23 de março de 2010, cheguei a entrar com um ofício na Secretaria Municipal de Cultura do Rio de Janeiro, solicitando que o pó de arroz se tornasse "PATRIMÔNIO CULTURAL CARIOCA". Mas não rolou. Creio que, na época, com a mudança do secretariado a ação caiu no esquecimento. Talvez tenha faltado também uma articulação mais incisiva.

No documento, enfatizava que: "Os torcedores do Fluminense assumiram a partir de certo momento a alcunha, fazendo do suposto estigma o próprio antídoto e uma das suas marcas máximas de identidade. Adotando o xingamento, reverteu-se o caráter pretensamente negativo da expressão, imprimindo-lhe uma conotação de orgulho e identidade coletiva. O 'PÓ DE ARROZ' é de suma importância nas celebrações e festas da torcida do FLUMINENSE FOOTBALL CLUB. São manifestações cênicas e lúdicas de inigualável beleza, que atravessam décadas e perpetuam-se através de várias gerações".  

A justa defesa do pó de arroz foi feita pelos advogados Gustavo Albuquerque e Gabriel Machado que ajuizaram uma ação popular pela volta do talco, que é o nosso querido pó de arroz. E gostaria de parabenizá-los muito pela brilhante iniciativa e pelo resultado positivo no julgamento.

Com esta vitória os tricolores continuarão utilizando livremente o pó de arroz nos estádios. É de ações independentes, abnegadas e apaixonadas, como esta, que um grande clube se perpetua através do tempo. Gustavo é o cronista do blog do Torcedor do Fluminense no site Globoesporte.com. Costumo ler seus textos e aprecio a maior parte deles.

Falar em pó de arroz nos remete há tempos imemoriáveis. Todos nós tricolores possuímos alguma lembrança relacionada ao pó de arroz. Me recordo que em meados anos 70, a avó de meu primo Álvaro gostava de ir aos jogos do Flu para ver o show do "Careca do Talco". Eram tempos de um Maracanã de casa cheia. Tempos de um futebol arte e popular. Tempos de um Maracanã libertário e gigantesco, onde os torcedores de futebol eram os verdadeiros "donos do espetáculo". Nós adorávamos nos lambuzar de talco no meio da multidão tricolor com nossos ensurdecedores gritos de "NENSE, NENSE, NENSE!!!"     

Guilhermino Destez Santos, funcionário público estadual e corretor de imóveis era o Careca, o "Careca do Talco", um personagem lendário da torcida tricolor. Quem acompanhou o Flu entre os anos 60 e 80, teve o prazer de ver o Careca. Guilhermino se apaixonou pelo Fluminense aos seis anos, quando foi levado por seu tio Luís, de Olaria até Laranjeiras, para ver o Flu jogar. Com o tempo a paixão solidificou-se. As viagens tornaram-se uma rotina. Uma prova de fidelidade. O Fluminense podia contar sempre com a presença do Careca.

O Careca do Talco era folclórico e fazia parte do futebol. Ele costumava usar uma bandeira do Fluminense nas costas como se fosse uma capa. Era o nosso verdadeiro "Super Herói". E cá pra nós, ninguém tinha um "Super Herói" como nós tricolores.

O Careca usava uma camisa branca com um enorme escudo do Fluminense na frente. Nas mãos tinha sempre uma enorme sacola, onde carregava quilos de pó de arroz para atirar em quem aparecesse. Ser 'batizado' pelo Careca era uma grande honra e alegria para todos os nós tricolores. O Careca do Talco era carismático, divertido e incendiava a torcida tricolor. Quando o Careca entrava no gramado ou na arquibancada a torcida tricolor freneticamente ia à loucura. Ele levava alegria aos estádios. Até os nossos adversários o admiravam.

O Careca nos ensinava a torcer de forma apaixonada e apaixonante. Corria de um lado para o outro e parecia reger a torcida. A última vez que o Careca foi visto no Maracanã foi no jogo com o Toluca, do México, nas comemorações do centenário do Fluminense, em 2002. Guilhermino faleceu na madrugada de 2 de dezembro de 2002, aos 68 anos. Já o Careca continua vivo! O Careca do Talco não morrerá jamais! Viva o eterno pó de arroz!

terça-feira, 26 de maio de 2015

Audiência Pública - Patrimônio Histórico e Cultural do Rio de Janeiro

11/05/2015 - Audiência Pública - Situação do Patrimônio Histórico e Cultural do Rio de Janeiro 


Uma audiência pública foi realizada pela Comissão de Cultura da Alerj (Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro) no dia 11 de maio. Neste mesmo dia, o Estádio das Laranjeiras completava "96 anos". Portanto, o Blog CIDADÃO FLUMINENSE marcou presença na Sala das Comissões da Alerj. Pois, "é dever de todo cidadão cuidar do patrimônio cultural do país". Cada cidadão pode contribuir mais do que imagina para a preservação do patrimônio cultural coletivo e para a conservação da melhoria do espaço onde trabalha e mora.

Numa reunião da mesma Comissão, o grupo "S.O.S. Patrimônio" entregou um documento ao deputado estadual Zaqueu Teixeira (PT), presidente da Comissão. O documento denuncia 40 bens culturais do Rio de Janeiro que estão ou fechados e abandonados ou em péssimas condições de conservação.

Com o dossiê, Zaqueu Teixeira convocou a reunião de 11 de maio. Uma reunião emergencial com representantes das entidades responsáveis pelos bens mencionados na lista: Ibram (Instituto Brasileiro de Museus), Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional), Inepac (Instituto Estadual do Patrimônio Cultural) e MinC (Ministério da Cultura).

O atuante grupo S.O.S. Patrimônio foi criado em 22 de junho de 2014, no Facebook. O grupo é integrado por pessoas de todo o Rio, entre museólogos, historiadores, turismólogos e apenas simpatizantes do assunto, que pretendem sensibilizar a sociedade. O grupo propaga o Patrimônio Cultural do Rio e defende a preservação da memória urbana. Através da execução de histórias e imagens antigas, quanto pela conservação da história viva contada pelas reconstruções e paisagens que atravessaram gerações.

O levantamento foi feito por meio de uma enquete na página do grupo com os itens degradados. Um dos membros do S.O.S. Patrimônio, o fotógrafo e guia de turismo Alberto Cardoso, percorreu o roteiro fotografando tudo para registrar a degradação. Seus álbuns de fotografias podem ser vistos na página do grupo, que possui atualmente 1.118 membros.

Com a Sala de Comissões lotada, muitos cobraram mais investimentos para a preservação da cultura. Uma das administradoras do grupo S.O.S. Patrimônio, Simone Reis, quer que a sociedade seja ouvida mais vezes. Vários membros da sociedade civil participaram da audiência. O combativo deputado estadual Eliomar Coelho (PSOL) que é membro da Comissão de Cultura também participou da audiência. No intuito de somar com a instituição Fluminense Football Club, participei da audiência pública relatando o atual estado do primeiro estádio de futebol do Brasil. Abaixo, leia um resumo de algumas intervenções feitas na audiência pública da Comissão de Cultura da Alerj. 

Todas as fotos aqui publicadas foram gentilmente cedidas pelo fotógrafo Alberto Cardoso integrante do grupo S.O.S. Patrimônio.


É preciso um novo olhar para o Patrimônio Histórico e Cultural do Rio


Jacques Schwarzstein (Presidente da AMAST - Associação de Moradores de Santa Teresa) - O Estado recorre. Se ele não recorre acata a sentença e restaura o sistema, possivelmente não teríamos tido esse acidente. Mas não, ele recorreu. Mas sai um ou dois meses depois do acidente. Vem a decisão de segunda instância. E o Estado perde novamente. E prevalece essa sentença. Restaurar o sistema. Bacana. Em 2012, o Estado vem a público, com o edital. Para contratação de uma empresa que vai desenvolver e montar novos bondes. nada a ver com a sentença que fala em restaurar. O Estado se recusa a trabalhar com a possibilidade do restauro dos bondes. Quando é sabido que em São Francisco, em Lisboa, em Istambul, em Praga, temos bondes centenários. Todos restaurados e circulando com absoluta segurança. E em Santos. Mas o Estado se recusa, não gosta da ideia. Abomina essa ideia. O Estado quer apagar da memória o sistema histórico de bondes de Santa Teresa. E tem toda razão. Porque tratou esse sistema com tanta irresponsabilidade, porque é co-responsável, no mínimo pela morte de tanta gente, que tem mais é que erradicar isso da face da terra.Apagar qualquer vestígio: "Aqui nunca houve bonde histórico". E aí ele decide: "Nós vamos arrancar todos os trilhos, arrancar todos os cabos, botar novos trilhos, botar novos cabos. Vamos construir novos bondes, modernos, digitalizados". Bacana. Aí nós demos uma olhada na licitação e verificamos que havia irregularidades. Entramos na Justiça. Direto na Justiça! Ganhamos uma liminar que interrompeu a licitação. Perdemos na segunda instância. A licitação rolou e vejam só quem foi contratado. Aquele senhor Guiavina, que tão cheio de si, disse numa entrevista, que os bondes que eles produziam eram aqueles bondes. E a gente pergunta: onde é que estão os bondes? Aqueles bondes que tinham três anos? Em 2011, quando aconteceu o acidente, esse bondes tinham três anos. Cadê os bondes? "Ah, não! Esse bondes, não. Vamos fazer novos". O que aconteceu com aqueles bondes? Eles tinham erros de projeto. Evidente. Frankenstein. Porque era uma mistura de VLT com bonde. E vamos deletar da história também os oito bondes construídos em 2008, pela Pretrans, vamos encomendar da mesma empresa novos bondes. Começam as obras de troca dos trilhos. Percebemos imediatamente. Começa em novembro de 2013. Em março de 2013, vamos ao Ministério Público dizendo: "Essa obras não podem ser feitas como estão sendo feitas". Apontamos uma série de irregularidades. Abre-se uma portaria 055/2014, um inquérito civil público 8007. Um inquérito civil público que deve investigar as obras. Que obras? Essas obras que agora estão paralisadas. Que deveriam ser concluídas em um ano, mas levarão no mínimo três. Obras que impermeabilizam o solo. Obras que destroem o acervo arquitetônico daquele bairro. Seu Fajardo, vamos bater perna em Santa Teresa pra ver o que está acontecendo lá? Abre-se outro inquérito civil público no Ministério Público Federal. Porque fomos também ao Ministério Público Federal porque o governo queria fazer bondes fechados. E porque o governo não apresenta nenhum projeto e não faz nenhuma referência. Não existe inventário do acervo de bondes de Santa Teresa. O acervo histórico de bondes de Santa Teresa não está inventariado. Ninguém sabe o que existe e o que não existe. Ninguém sabe qual é a situação desse acervo. Esse acervo esteve exposto ao tempo agora durante anos. E por insistência nossa jogaram uma lona por cima dele. A cada dia que passa esse acervo perde mais. E o sistema de bondes de Santa Teresa, duplamente tombado, cai aos pedaços. Sem que ninguém absolutamente intervenha. Então nós temos o que? Nós temos histórias de fracassos. Histórias de erros. Dois inquéritos civis públicos. Temos uma condenação de segunda instância. Pra defender os moradores? Não. Pra defender patrimônio público que é da senhora, do senhor, que é dele, que é de todo mundo. Então todos os instrumentos jurídicos foram exauridos. Exauridos por uma associação de moradores que não tem um número telefônico, não tem um funcionário e que não tem uma sede. Tudo na base da raça! E agora? Agora vale a Constituição. Nós não podemos continuar essa luta sozinhos! E nós estamos absolutamente sozinhos. Sem o apoio da Assembleia Legislativa, sem o apoio do Inepac, sem o apoio da Cultura, sem o apoio do Patrimônio Histórico Cultural. A gente tá lá ralando e apanhando da polícia. E visto como round, de 70 anos de idade, com muito orgulho.

Zaqueu Teixeira (Deputado Estadual - PT) - Proporei a Comissão uma audiência específica para tratar da situação dos bondes de Santa Teresa. Trazendo a esta casa a Secretaria de Estado de Transportes, que é quem é o responsável. Fazer um requerimento de informações para que nos diga a respeito do acervo desse patrimônio que consideramos histórico. Então faremos esse requerimento de informações. E tenho certeza que os deputados desta Comissão são aliados neste processo. E nós vamos estar aqui junto com os senhores e senhoras para que possamos buscar a defesa dos bondes de Santa Teresa. Vamos estar juntos nesta luta! Vamos fazer uma audiência específica. E vamos observar com a sociedade civil, como fizemos hoje. E que os senhores possam trazer essa explanação e mais o que for necessário. Que a gente possa discutir numa audiência específica tudo aquilo que diz respeito aos problemas dos bondes de Santa Teresa.


Sala das Comissões da Alerj


Marconi de Andrade (Presidente da Associação de Moradores da Glória) - Vou falar muito simplesmente e trazer pro plano terrestre o que está acontecendo hoje com o patrimônio histórico da cidade do Rio. Eu sou presidente de uma associação de moradores que é a AMA-Glória que tem hoje o segundo maior acervo tombado. Perdendo só pro centro da cidade. Nós temos também a maior concentração de postes históricos da cidade. E é uma luta constante. Em prol da preservação desse monumento. Mas dá uma sensação que o poder público tem vergonha da nossa história. Por que eu digo isso? Nós vamos transformar o Museu do Primeiro Reinado no Museu da Moda. Mas eu fico doente quando vejo no Facebook aquelas pessoas postando fotos nos monumentos de Paris, Praga, Londres. Você não vê nenhum monumento do Rio. E os nossos monumentos são maravilhosos. O Estado e o Município pecam. Mas pecam feio. Por também não valorizarem. Não existe uma política sistemática de limpeza dos monumentos da cidade. Isso eu garanto pra vocês. Eu tenho inveja do que está acontecendo hoje em Buenos Aires. Todos os monumentos da cidade estão sendo restaurados de uma vez só. E os principais prédios históricos. Não entendo. Buenos Aires pode e aqui não pode? Peru está disponibilizando 5% de toda arrecadação do país pra preservação e restauração dos monumentos históricos. Moscou uma vez por semana todos os monumentos são polidos. E eu vi - pela televisão - uma semana dessas, o aniversário do metrô de Nova York, eles botaram o triplo de composições do período anos 30, 40 e 50. Eles preservam trens. Eles botaram em funcionamento em toda rede metroviária de Nova York. Aqui nós não conseguimos preservar um bondinho de Santa Teresa. Eu só acho que com o dinheiro que a Assembleia Legislativa vai pagar um tapete, garanto pro senhor deputado, restauraria todos todos os chafarizes da cidade do Rio de Janeiro. Todos! Eu garanto isso pro senhor porque também sou restaurador. O dinheiro que se vai gastar com o Museu do Amanhã - não tenho nada contra - se abriria e se faria um bom trabalho de conservação em todos os museus da cidade. Que tivesse a chancela do município. Eu fico admirado como o poder público não vê a possibilidade de usar todo esse patrimônio em prol do turismo. Eu estive na Praça Tiradentes e fiquei observando um grupo de turistas franceses. Eles olhando para aquele monumento. Eles falavam: "Magnífico! Magnífico! Magnífico!" Como é que um carioca, como é que o poder público não consegue ter essa sensibilidade? Precisa trabalhar. Trazer a população pra área. Mas o que aconteceu no monumento do General Osório. Eu fotografei o primeiro dia da depredação. Eu passei dois meses, vindo todos os dias ao monumento e fotografando . E todos os dias faltava um pedaço do monumento. Só cessou, quando conseguiu uma reportagem com a TV Globo. E foi uma coisa engraçada porque no dia que a Globo filmou, eles só conseguiram passar a matéria três dias depois. Me chamaram pra fazer ao vivo. Parte do monumento que eles tinham filmado já não estava mais lá. Isso teve uma repercussão. Ali tinha uma parte da história que aquele monumento é emblemático. Porque já existia a Praça General Osório. Por que ele foi colocado ali? Porque foi uma grande propaganda política da República. Que General Osório pra quem não entende, ele está sentado num cavalo ao lado da janela onde D. Pedro disse o "Fico". Ali ele está com o rosto virado ao contrário ao Paço, com a espada na mão. E ali marca a ruptura do Império e a tomada pela República. As pessoas não entendem a importância histórica que tem. É como a Igreja Positivista na Glória. Ela tinha a primeira bandeira feita para República. Foram lá e roubaram a bandeira. Não houve movimento nenhum. Simplesmente roubaram a bandeira. Agora lá nos escombros, que estou fazendo um trabalho. Nós encontramos os croquis originais da bandeira do Brasil. Nos Estados Unidos tem um prédio gigantesco pra guardar - não tem mais nada nesse prédio - a Constituição. Aqui a nossa bandeira que é o símbolo maior, foi roubada e ficou por isso mesmo. E ninguém sabe onde está. O prédio está caindo aos pedaços lá. O acervo histórico é muito importante para o país. Por isso que eu acho que existe um desamor e uma vergonha por parte do poder público com o patrimônio histórico.Não só do Rio. Que eu acho que o patrimônio histórico do Rio está interligado com a história do país no geral. Eu procuro palavras até pra poder entender, se é ignorância. Sinceramente, fico por aqui, porque eu termino até me emocionando em ver a insensibilidade do poder público. E dos próprios cariocas que depredam sistematicamente todo esse patrimônio.

Olínio Coelho (Arquiteto - Professor UFRJ) - Eu tenho muito prazer de estar aqui nessa comunidade. Eu não me coloco como contra poder público. Pois fui poder público e sou ainda até bem pouco tempo. Eu me coloco como cidadão. Quero dizer que estou muito contente de acontecer isso. Eu ingressei no patrimônio histórico do Rio de Janeiro, com o Lacerda, em 65, com Marcelo de Ipanema. Fomos pioneiros na preservação do patrimônio histórico do Rio de Janeiro. Lutamos muito. E eu vejo hoje ainda muito satisfeito que a luta continua. Continua com gente jovem. Com nossos ex-alunos, que hoje dirigem instituições culturais. vejo aqui alguns alunos. E essa reunião aqui senhor deputado, mostra realmente que o patrimônio é vivo. Que preservar patrimônio é viver. É viver a cidade, como disse nosso colega Fajardo. Então preservar o patrimônio é entender a nossa história. Entender a nossa origem. Por mais variados meios desde o Facebook onde nós nos conhecemos, eu coloco algumas coisas. Não coloco da França, não coloco da Rússia, nem de outro lugar. Coloco do Brasil. Em alguns grupos. E isso tudo faz com que pessoas cada vez mais entendam e possam trabalhar na preservação da nossa cultura toda. Eu fico muito à vontade, que aqui sou o mais velho. E sendo o mais velho, com 50 anos de 1965, quando no Rio de Janeiro nós começamos a trabalhar com patrimônio. Vira Inepac, trabalhamos com o Iphan, faço restauração até hoje. Me colocaria como restaurador, professor. Estou fazendo o restauro de (Convento) Santo Antonio. Estamos terminando a obra com muitos problemas. E realmente é muito compensador ver que a luta continua muito forte. E que ainda há deputados, arquitetos, museólogos, no mês que se comemora a museologia. Que se preserve esse patrimônio todo. Não importa o que se vai fazer com o monumento tombado. Como diria Flecha Ribeiro, do "indivíduo arquitetônico". Não importa o que se vai com ele. O que importa é preservá-lo. Depois vem a função. Algumas pessoas estão muito preocupadas em pegar edifícios e transformar em museu, em casa de cultura, casa do Primeiro Reinado, da Marquesa de Santos, do Visconde tal. Do Barão de Vassouras que ontem foi publicado n'O Globo sua total destruição. Mas eu acho que não é por aí, que se tem de trabalhar não. Nós temos que entender o patrimônio como parte de nossa vida. Parte da nossa vida material e espiritual também. É aqui que nós vivemos. Nesse meio que nós criamos. Pra mima melhor noção de patrimônio vai no ponto de vista da Antropologia quando eu quero definir cultura. Cultura como toda parte do meio ambiente criada pelo homem. E neste meio ambiente criado pelo homem está a arquitetura, o meio ambiente, os costumes, as manias, as contradições, os desejos, as maneiras de agir, de pensar, dentro da melhor sociologia de Durkheim. Então patrimônio tem que ser entendido como parte da gente. E não meramente um projeto em que se vai auferir um recurso para transformar o edifício em museu disso ou daquilo. Não importa isso. Importa realmente na preservação de que esse edifício seja conduzido de tal maneira, que o cidadão ao passar por ele, ao viver aquele espaço, entenda que isto é parte da sua vida. E como parte da sua vida, devemos preservar. Talvez a posição de Aristóteles seja a mais clara para entender isso tudo. Como preservar? Para gostar de alguém é necessário conhecer. E é conhecendo, gostando, que se preserva. E é assim que se preserva patrimônio: conhecendo. Realmente, senhores deputados, colegas do S.O.S. Patrimônio, isso passa pela educação. Enquanto não tiver nesse país uma educação que esteja a altura e que possa desde os primeiros níveis de escola, fazendo com que o menino entenda o que é patrimônio, onde ele vive, a cidade que o recebe, a cidade em que ele morre. Enquanto não houver isso, não há preservação. E muitas pessoas vão morrer nos bondes de Santa Teresa ainda. Muitas pessoas vão perder suas ligações com o passado, com suas famílias. Apresentar um retrato de família, talvez seja o primeiro ponto para você preservar o patrimônio cultural de uma cidade.



Vários representantes do Estado e Município do Rio participaram da audiência pública

 Zaqueu Teixeira (Deputado Estadual - PT) - Agradeço o professor Olínio Coelho pela aula que nos deu aqui, o que é preservação do patrimônio. Temos que agradecer muito a sua presença. Pela sua fala que está gravada na TV Alerj, que nós estamos transmitindo ao vivo. Para todos que possam estar assistindo a TV Alerj.

Paulo Saad (Diretor de Patrimônio da Fam-Rio - Federação das Associações de Moradores do Rio de Janeiro) - Eu queria trazer pra discussão com o Estado e também com o Município algumas questões da área central. Mas o importante pra nós é a questão da área central como de maior incidência da história e valores das entidades do povo. Queria falar sobre a questão desses núcleos centrais onde há população. Santa Teresa é um. A Glória guarda alguns núcleos desses. Rio Comprido. A área portuária. Muitos núcleos onde a residência está ali colocada. E nestes casos é importante perceber que a preservação, vai se dar através do financiamento daquele cidadão de poucos rendimentos, que a maioria é. Que vai fazer uma obra na sua pequena casa. O edital, ele funciona assim. Talvez pra casas de importância média, de valores médios. Em Santa Teresa a gente não conhece - como no caso de área portuária - entendo que a importância desse financiamento subsidiado, é praticamente a importância vital pra preservação do conjunto urbanístico-arquitetônico. Sem ele, grande parte das pessoas que moram em Santa teresa são senhoras, senhores aposentados, às vezes viúvos, que estão ali preservando há anos. Mas que já não tem mais forças, mais recursos. E às vezes até conhecem quem faça e não conseguem tomar a iniciativa porque tem medo. São pessoas honestas e não querem começar uma empreitada, uma aventura, que tem custo. Isso é o principal. É viabilizar com cadastro de profissionais, capazes de se dispor de assumir a responsabilidade, com financiamento subsidiado. Isso é a iniciativa que poderá repercutir mais amplamente em toda a possibilidade de conservação desses imóveis. Existe neste quadrado sempre um lado negro, sombrio. E um dos lados sombrios é a existência permanente, de incêndios nas áreas centrais e edifícios preservados. Isto é uma coisa que a gente não pode permitir. A ação preventiva, até nem tão custosa quanto à manutenção. Às vezes a ação preventiva de aconselhamento e de providência, pode resolver isso. Agora o que não dá é pra gente ver, em Santa Teresa teve três incêndios, dois no ano passado e um neste. Só em Santa Teresa que não é nem muito característico como é o SAARA e imediações. É importante que a gente tenha providências. E aí entrar nesse lado sombrio é discutir essa questão da suposta malversação ética dos órgãos responsáveis por essas medidas. Falo do Corpo de Bombeiros. Do seu departamento de licenciamento e obras. Da própria Comissão de Vistoria da prefeitura. Não posso aqui fazer e não estou fazendo nenhuma acusação direta, mas acho que existe uma questão ética subjacente aí. É preciso que se cumpra essas obrigações de modo obrigatório, controlado e fiscalizado. Porque é a vida das pessoas, é o patrimônio. E além desse patrimônio pecuniário, financeiro, das famílias e também a questão da vida pessoal e patrimônio histórico. Isso tudo está junto dentro dessa questão. E com um detalhe que é importante, que são prédios que tem vizinhança física. E a possibilidade de proliferação desses sinistro é muito grande. É importante que se tenha à vista esse controle de outros artifícios que usam para derrubar prédios. Um deles é o uso da Defesa Civil com laudos de ruína iminente. Posso comprovar pelo menos dois casos, mentira. E a meu ver, suspeita forte de corrupção. Essas medidas são importantes pra se tomar. Ou seja, o controle, fiscalização da ação da Defesa Civil nessa questão da fiscalização dos imóveis e prevenção de risco de incêndio. E também observar com cuidado, quem é que opera a questão dos laudos de risco iminentes de ruínas. E porque isso está sendo hoje um instrumento do mal feito e da destruição do patrimônio em benefício de empreendimentos e coisas de vulto econômico que são os nossos adversários permanentes. E todos nós sabemos. O uso comercial dos imóveis preservados tem um óbice que é muito importante. Concordo plenamente e acho que a opção majoritária, que deveria ser considerada, transformação em multifamiliar. Se alguém conheceu a experiência europeia, sabe-se muito bem que essa é a solução em 90% dos casos. Porque é a solução de menor impacto viário e de vizinhança nos núcleos que sofrem muito com o impacto comercial. Sobretudo considerando a matriz rodoviária. Entendo que nós devíamos evitar o licenciamento. Moro numa rua chamada "Aprazível". E essa rua deixou de ser aprazível depois que surgiu um restaurante que inferniza a nossa vida. Torna a nossa vida insuportável. Eu saio de casa, vou fazer plantão, cuidar da minha mãe, quando às vezes nem posso só porque não posso conviver com aquele restaurante. Que foi agora aumentado de oito mesas para quarenta e quatro mesas. Entretanto, se aquela edificação que tinha uma taxa de ocupação, que permitia expansão e se ela fosse dentro dos critérios previstos na legislação de patrimônio do corredor cultural, que é a utilizada em Santa Teresa. Isso poderia ter gerado um multifamiliar com três, quatro famílias. Atenderia a necessidade econômica de preservação do casarão. Teríamos um impacto muito menor e duradouro. Pois quem vive e convive com aquele restaurante sabe, que é sazonal. Às vezes ele diminui o número de empregos e às vezes aumenta. E isso porque essa questão do visitante, do comércio, é instável. Turismo é uma atividade instável. Ela pode deixar de acontecer dois, três, quatro meses e a metade é demitido. E a questão do multifamiliar isso não acontece. Você tem um apartamento que é alugado, um contrato de um ano, três anos. A solução do multifamiliar pela experiência mundial é sim a melhor solução. Nós devíamos esquecer essa solução comercial. Colocar ela rigorosamente dentro das condições de um estudo de impacto viário e de vizinhança. Restrito as possibilidades. E quando isso for possível concedê-lo. No caso de Santa Teresa, nós já estamos, no mínimo, pelo cálculo grosseiro que fiz, no dobro do que seria em termos de leitos de hospedagem e de refeições servidas por dia. Esses parâmetros dos centros históricos são muito sensíveis. E sofremos nós em Santa Teresa, sofre o morro da Conceição, sofrem ruas que não são de patrimônio, mas que estão espalhadas pela cidade com esses centros gastronômicos. É o caso de ruas no Leblon, no Leme. Porque a qualidade de vida na cidade, tem que ser por um mediador das atividades comerciais. Sobretudo representada no estudo de impacto e vizinhança, que eu até ia pedir aos colegas que fossem porta-vozes das associações de moradores no sentido de viabilizar a mais rápida aprovação dos critérios. É uma vergonha pra nós. Todas as grandes cidades do Brasil, do mundo, cidades pequenas, cidades médias, já tema sua lei de impacto viário e de vizinhança. E nós aqui não temos. E pedindo que a gente pudesse discutir de novo aqui, em outra reunião dessa Comissão, a questão dos bondes de Santa Teresa, que realmente é um drama que vivem os moradores daquele bairro. E em nome da cidade. De toda a cidade, porque pra nós aquele bonde é um elo de ligação entre os moradores e todos os cariocas.                      

Zaqueu Teixeira (Deputado Estadual - PT) - Agora vamos passar para as oitivas individualizadas. Vou pedir para cada intervenção ser de três minutos. 

Rodrigo Rangel (Agenda XXI - Tanguá) - Venho trazer a questão para a Comissão, a cerca do Plano Diretor e estruturação territorial da Região Leste Fluminense. O chamado PET Leste que contempla 15 municípios. Gostaria de destacar o município de Itaboraí, representado pelo professor de História, David Antunes. A arquiteta Renata Gama de Maricá. O Dalson Nascimento que é pesquisador de Rio Bonito. E eu como representante da Agenda XXI do COMLESTE. Esse estudo prevê e é financiado pela Secretaria de Desenvolvimento Regional e Abastecimento e Pesca, a Sedrap, que está orçado em R$ 3.600.000,00. E ele agora nesses primeiros seis meses de 2015, está sendo iniciado dentro do escopo de trabalho prevê um capítulo especial sobre patrimônio cultural. Acho interessante e me senti contemplado em muitas falas aqui, como a da Olga Campista, que fala sobre a interiorização das ações da Secretaria de Estado de Cultura. Também da proposta da Sheila da S.O.S. Patrimônio, do qual fazemos parte também. A proposta de descentralizar essas reuniões. E o deputado Zaqueu colocou e percebeu muito bem essa demanda de reuniões e da Comissão de Cultura específica. Gostaria de lançar uma proposta, já que nós somos 15 municípios e temos pouca representação neste momento. Acho interessante que esses municípios dessa região possam discutir não só no capítulo especial de patrimônio, mas todos os outros. Que toda a Assembleia Legislativa possa estar atenta a condução desse trabalho. Esse plano de trabalho contempla sete reuniões, sendo que estão previstos dois seminários. Também trará um diagnóstico, que é uma publicação. Interessante destacar que até o momento com todas as obras de grande impacto que tivemos na nossa região como o início e agora infelizmente essa parada do Comperj, o pólo petroquímico do Rio de Janeiro. Também esperamos que não só estudos como o livro que culminou no patrimônio do Leste Fluminense, que foi um estudo abrangeu cinco municípios apenas. Que foram: Guapimirim, Cachoeiras de Macacu, Tanguá, Rio Bonito e Itaboraí. Esse trabalho precisa ser ampliado. As questões patrimoniais não só do patrimônio material, mas do imaterial. Temos uma demanda na região e um apelo muito forte da Folia de Reis que é muito fragilizada. Temos questões de intolerância religiosa que afetam e ferem muito a questão do patrimônio imaterial na região.   

Os deputados estaduais Zaqueu Teixeira (PT) e Eliomar Coelho (PSOL)

Fabiana (AMAST) - Vim com a Comissão da Associação de Moradores de Santa Teresa pra falar do problema do bonde. Mas resolvi falar de outro problema. Que é do acervo da escultora Celeida Tostes. Aquele conjunto foi criado, não me lembro se a Helena Severo na época era da prefeitura ou do governo do estado. Mas aquilo foi uma iniciativa de uma Secretaria de Cultura. Criar aquele conjunto de obras dentro e sobre supervisão do Museu da Cidade. Não consigo entender que pessoas comprometidas com visão de patrimônio histórico e artístico não se preocupem em regularizar a situação daquele acervo. A resposta de que aquilo é um acervo da Secretaria de Meio Ambiente pra mim não é suficiente, não me contemplou. É uma questão que considero de compromisso de pessoas que trabalham com o patrimônio artístico. Queria reforçar e sugerir, que internamente, institucionalmente, isso fosse resolvido. O que fazer com aquele acervo? Restaurar aquele acervo. Tirar dali, porque aquele local é úmido. Talvez manter ali, mas com conservação. A restauração só não adianta se não tiver conservação sistemática. Tanto do patrimônio arquitetônico como do patrimônio artístico. Sobre Santa Teresa gostaria só de reforçar que o bairro está inteiro quebrado. Tem crateras de 60 centímetros ao longo de quilômetros. Em que os carros caem. Ônibus caem. As pessoas não conseguem andar. Está um lamaçal. Uma poeira insuportável. E isso, há meses. Só pra acrescentar esse dado objetivo que está acontecendo no bairro.    

Jesuína (Servidora do Teatro Municipal) - A preservação do patrimônio e da cultura propriamente dita, além de restauro, de obras, passa por uma coisa que não foi falado aqui, que é no oferecimento de gente especializada pra se cuidar. Patrimônio pessoal. Não existe investimentos mais em concursos públicos pra Secretaria de Cultura em todas as áreas. O Teatro Municipal conseguiu um concurso público agora para os três corpos artísticos depois de muita briga. Porque se não as temporadas iam para por falta de artista. Desde 1985, não se tem um concurso pra Funarj (Fundação Anita Mantuano de Artes do Estado do Rio de Janeiro). É impossível a cada quatro anos muda-se a gestão e existe a necessidade mais uma vez dos resistentes, que já estão aposentados há tanto tempo. Estou me aposentando daqui a dois anos. Mas nós continuamos brigando pela preservação da cultura. É necessário um investimento em servidor especializado para área de museus, de preservação. Não adianta ficar contratando terceirizadas pra essa área. Porque a cultura no meu entendimento é um passar, um repassar de saberes e fazeres que demanda muito tempo. Ela não vem da noite para o dia. E este investimento é fundamental pra que qualquer patrimônio continue a existir. Falo isso porque muitas vezes nós fazemos papel de polícia dentro do Teatro Municipal, como servidores. O que nos legitima de correr atrás. De ver absurdos, como furadeira em escadaria com mármore de carrara. Como já aconteceu. Apesar do belo restauro que foi feito no Teatro Municipal, se cometeu um crime de responsabilidade, que vai ser difícil reverter isso. Que foi o rebaixamento do fosso da orquestra. Todo o estudo de acústica do teatro foi pro espaço. A acústica do Municipal acabou. Não se escuta mais a orquestra porque rebaixaram o chão. O fosso e o som não conseguem ultrapassar a parede. Um teatro que hoje obrigatoriamente necessita de microfones pra se tocar. Isso é um dos maiores crimes que poderiam ter sido feitos no Teatro Municipal. Então invistam no servidor. É ele quem veste a camisa. É ele que faz a proteção. Eu escutei todos falando agora vou puxar a sardinha lá pro meu lado de Magé e Praia de Mauá. Existem sítios arqueológicos. É a primeira estrada de ferro do país. Ela está quase que inexistente por total abandono. Tem um cais lá. Está tudo quase sumido do mapa. E Capobaíba está quase desaparecida do mapa. E está se perdendo uma parte importante da história do nosso país.       

Heloísa (AMAST) - Moro em Santa Teresa a vida inteira. E o que eu vejo desmoronar é um símbolo, na minha cara, na cara do nosso povo, que é o Hotel Santa Teresa. Eu vi ser destruído a favor de uma coisa de comércio. De se fazer ali um lugar aonde pudesse vir gente fina, festas, badalação noturna, pudesse acontecer evento perfeito, pra todo mundo fazer os seus puxadinhos. Que o caso da Aprazível. O hotel é um monte de puxadinhos. E por que não puxadinho em tudo quanto é canto? Uma barulheira só o bairro inteiro. Uma buraqueira pra tudo que é canto. A gente tem que ter muito cuidado. Porque ali é um bairro delicado. É um bairro histórico. Era um lugar lindo. Hoje é um lixo. Uma vergonha. Quando vejo aquele ônibus descer aquela rua do viaduto, pois não entendo porque o ônibus não pode voltar a passar pela Almirante Alexandrino, porque virou estacionamento particular do Hotel Santa Teresa. Então é bloqueado lá em cima. Embaixo é aberto pros carros passarem voando ladeira. Porque uma hora via cair. Tirou a nossa feira. Porque a feira incomodava possivelmente o Hotel Santa Teresa. Foi para em outro lugar. A feira ficava num lugar central. Aonde servia a todos. E hoje não tem mais feira. A feira deve ter acabado, pois fica escondida lá numa rua. É um bairro que tem que ser olhado. Não tem mais padaria. Não tem mais açougue. Não tem mais sapateiro. E Santa Teresa não tem mais nada. É bairro de turista. 

Os Deputados Estaduais Zaqueu Teixeira e Eliomar Coelho observam Simone Reis discursando. O profº Olínio Coelho também observa (à direita)

Eurípedes Gomes (Museólogo - Museu Nacional de Belas Artes) - Trabalhei durante muito tempo no Museu da Imagem do Inconsciente lá no Engenho de Dentro. O que eu gostaria só de falar do Engenho de Dentro um pouquinho é que o negócio está meio polarizado, entre Glória e Santa Teresa. Sou da área suburbana. O patrimônio cultural da área suburbana também precisa ser lembrado. E é uma área que tem pouca mobilização dentro da comunidade desses temas. É importante o patrimônio. E próxima a minha casa, sou morador do Engenho de Dentro, temos ali o Museu da Imagem do Inconsciente que é um dos maiores museus do Brasil em termos de acervo, em termos de importância. E o museu passa por uma situação muito difícil. Falou-se aqui da contratação de pessoal. O museu até hoje não tem a figura do diretor. É uma situação muito grave. E o museu fica dentro de um complexo, de um hospital que foi desativado. Não existe uma política de ocupação desse espaço ainda muito bem definida. Estamos defendendo que este espaço seja transformado num parque cultural, num parque público. E já estão querendo empurrar as obras dos índios que ficavam no Museu do Índio, lá para o Engenho de Dentro. O Engenho de Dentro é um espaço de exclusão. É o hospício, o presídio, o pedágio. A Serra dos Pretos Forros. Tudo que é exclusão resolvem jogar no Engenho de Dentro. Nós queremos reverter este estigma através do patrimônio cultural. 

Claudio Prado de Melo (Arqueólogo e Historiador) - Nós da Arqueologia, hoje, vivemos um momento muito difícil quando o patrimônio arqueológico espalhado por um país de dimensões continentais, os órgãos não conseguem tomar conta. Mas isso não é culpa dos órgãos, do Iphan, do nosso Irph. Mas uma questão de mentalidade. Na Síria, nós temos destruição do patrimônio arqueológico. Na Itália, nós temos grupos de pessoas que em crise, vão para os campos pra cavar e buscar objetos pra vender no mercado de antiguidades. O mundo está mudando. Mas dois pontos são fundamentais. Um: educação patrimonial. Educar crianças. Levar esse conteúdo de ensinamento do que é fundamental preservar. A professora Rita de Almeida fez uma apresentação do que era patrimônio. Aquilo prendeu tanto na minha cabeça, que hoje a plagio em cada atividade de educação patrimonial. Sabe como a gente começa? Pegando o celular ou qualquer objeto e tirando da criança ou do adolescente. Fazendo eles pensarem que é o patrimônio. O celular é deles. E eles lutariam por aquele celular. Mas pelo nosso monumento na praça ou um chafariz as pessoas não lutariam. Isso é uma questão muito complicada. E eu concluo rapidamente fazendo um apelo aos nossos representantes. Nós estamos num momento de transição de concepção do que é o patrimônio. O que preservar ou não preservar. É um caso de polícia. Há alguns anos nós tivemos um encontro no IDS e o superintendente Carlos Fernando estava do meu lado, ele ficou muito aborrecido. Porque eu tomei a liberdade de de fazer minha palestra, fazendo uma série de denúncias e no final coloquei uma imagem chamada S.O.S. Patrimônio, com uma imagem de São Bernardino. Que é um exemplo típico do que é uma fazenda destruída nas nossas barbas. No final eu botei o telefone do Iphan. Ele não gostou. Foi uma provocação. Mas é porque nós precisamos de Estado e Prefeitura. É de um mecanismo de pelo menos um telefone, como tem o 190, 2574 aquele de polícia. Porque nós entendemos que ninguém está a todo momento em Itaboraí, em Quiçamã, no centro da cidade. Mas a polícia está. A polícia militar e civil, elas tem que estar de plantão. E nós temos que ter um mecanismo de chamar pra que uma patrulhinha ou qualquer um vá pra parar o indivíduo que arranca as grades do General Osório (estátua). Ou o infeliz que está depredando mais um pedaço do Brasil da Glória (bairro).

Marcelo Trisciuzzi (Conselho Municipal de Cultura) - Sugiro e solicito que considerando a ociosidade de todo o patrimônio e considerando que desde os estertores do Automóvel Clube do Brasil no final do anos 90, onde aquele imóvel era um depósito de um bingo imperial. Destruído, carcomido e bolorento. A partir dali, quando ele foi penhorado o prefeito da época arrematou e trouxe o patrimônio para o município. Desde então já houve propostas para casa de choro, casa de jazz. Sócios do Vivo Rio já tiveram durante alguns anos o poder de vir apresentar projetos e não apresentaram. Então solicito e requeiro que seja aberta uma licitação. Para que novamente a sociedade possa apresentar seus projetos. E porque não a Prefeitura vir a selecionar algum que tenha interesse. Assim como esse imóvel, outros também podem ser disponibilizados e mesmo que com uma chance remota, pode aparecer alguma coisa interessante. Ou para outros.         


Jacques Schwarzstein - Presidente da Associação de Moradores de Santa Teresa (AMAST)


Leandro Pereira (Pedagogo - Secretário Geral do Círculo Monárquico do Rio de Janeiro) - Nós do Círculo Monárquico trabalhamos há um bom tempo a questão do Museu do Primeiro Reinado. É porque ali, durante a guerra entre D. Pedro I e D. Miguel, morou D. Maria II, educadora. Ali abrigou a corte da rainha, de direito, a D. Maria II. E o Círculo Monárquico gostaria de fazer parte de uma Comissão para tratar do Museu do Primeiro Reinado em preservar. É o nosso objetivo justamente o resgate e conservação desse período. A cidade e o Estado do Rio de Janeiro têm essa característica monárquica. E infelizmente, nesse cem anos de República vem apagando. Já diferente da França ou Portugal que estão resgatando. Então isso também faz com que o Rio de Janeiro fica um pouco atrasado. Outro ponto que queremos destacar é o patrimônio não material. O bairro de Santa Cruz, que nós achamos que com a construção do BRT, matou uma coisa que era característica daquele bairro: os desfiles cívicos, as bandas marciais, as fanfarras, a ponte dos jesuítas que está largada. Então é uma gama de coisas que aconteceram que o próprio Círculo Monárquico vem há bom tempo trabalhando. São 200 placas instaladas, mas o trabalho começado na gestão anterior do prefeito César Maia, que algumas foram destruídas pela depredação e não foram colocadas de volta. Então o Círculo Monárquico vem aqui para somar e esperamos ser convidados nas próximas vezes para participar.  

Francisco Ramalho (Presidente da Comissão de Estudos Históricos Culturais do Instituto dos Advogados Brasileiros) - Temos no nosso Estatuto um dos objetivos é a preservação do patrimônio histórico, artístico, cultural e ambiental. Eu quero apenas fazer algumas pequenas colocações aqui. No Convento do Carmo foi encontrado o único ambiente autenticamente "Joanino" do Brasil. E foi restaurado a partir do que foi encontrado estritamente, dos forros e paredes. Sou perante o Inepac, o fiel depositário de elementos, que não foram reintegrados ao do prédio do Convento do Carmo quando da retomada do imóvel da Universidade Candido Mendes pelo governo do Estado do Rio de Janeiro. Não entro no mérito da questão. Apenas quero dizer de público que continuarão comigo até o momento em que as autoridades ou o pode público disserem: "Francisco, vem aqui traga e coloque no lugar as fechaduras da época do Imperador D. Pedro I, as fechaduras que serviam no tempo de D. Maria. O elevador que foi comprado por Alceu Amoroso Lima, no velho prédio do Banco do Brasil, que remontava ao Visconde de Itaboraí". E ele remontou no Convento do Carmo quando ali era o Centro D. Vital e pertencia a cúria arquidiocesana do Rio de Janeiro. Então, tenho fragmentos, objetos, tenho tudo. Hoje, quem quiser saber da memória do Rio de Janeiro só tem um museu. Se chama Museu do Instituto Histórico Geográfico Brasileiro. Graças ao professor Arno Wehling nosso diletíssimo amigo. Faço aqui homenagens a pessoas que deram muito pela causa do patrimônio de nossa cidade. André Zambelli. Exemplar! Subsecretaria de Patrimônio Cultural. No Estado, no Inepac, o grande Marcos Monteiro que também era um lidador tremendo pelo patrimônio do Estado do Rio de Janeiro. Quero concluir o seguinte: o que foi feito do Museu do Gás? Dois particulares por puro altruísmo estão com documentos, com plantas baixas da cidade do Rio de Janeiro, que remontam a época de Mauá. Quando a Avenida Nossa Senhora de Copacabana era apenas uma rua chamada Rua de Nossa Senhora. Porque levava a ermida de Nossa Senhora de Copacabana numa época em que nem se sonhava em ter um Forte. O que foi feito do lindo Museu do Bonde? O que foi feito do Cassino Fluminense? Depois Clube dos Diários. Depois Automóvel Clube do Brasil, pivô do Golpe de 64 quando João Goulart ali esteve. Que era um prédio riquíssimo, belíssimo. Com um acervo maravilhoso com obras internas dirigidas por Gire. Gire! Quem é Gire? Gire é o arquiteto que desenhou o Hotel Glória e o Copacabana Palace. Eu conheci aquilo ali ainda na época do bingo com o seu acervo e com a cadeira que D. Pedro II se assentava quando ia ao Clube dos Diários. Frequentado por Joaquim Nabuco e Machado de Assis. Ou seja, tudo, tudo destruído. E o pouco que foi preservado está hoje dependente de que? Do Instituto Histórico Geográfico Brasileiro e de entidades da sociedade civil como a Associação de Moradores da qual faço parte (Santa Teresa). E também de particulares altruístas. Que recebem ofertas vultosas para vender documentos ímpares, que fariam a glória de qualquer colecionador. Mas não vendem por amor a cidade, ao estado e ao Brasil.     

Eduardo Coelho (Professor de História - Blog CIDADÃO FLUMINENSE) - Meu nome é Eduardo Coelho sou Professor de História. Hoje é dia 11 de maio. Eu vim aqui estabelecer articulação. Principalmente, com o S.O.S. Patrimônio e a Comissão de Cultura da Alerj. Sou Sócio-Proprietário do Fluminense Football Club. E na data de hoje, 11 de maio, o estádio do Fluminense completa 96 anos. De 515 anos de história oficial do Brasil o estádio tem 96 anos. Para quem não sabe, a primeira partida de futebol que a Seleção Brasileira realizou foi em 1914, em 21 de julho. Ainda era um estádio com arquibancada de madeira, realizado lá no campo do Fluminense. O primeiro torneio importante que a seleção pentacampeã mundial conquistou foi o Sul-Americano de 1919. Primeira vez que teve um ponto facultativo decretado por Delfim Moreira. Primeira vez que o Brasil parou para celebrar uma conquista futebolística foi o Sul-Americano de 1919, que é eternizado pelo maravilhoso choro de Pixinguinha: 1 x 0. E o estádio hoje está numa situação deplorável. Eu criei em 2009, na ocasião dos 90 anos do estádio, o Blog CIDADÃO FLUMINENSE. E escrevi um livro que está publicado no Blog, gratuitamente, que se chama "Estádio das Laranjeiras - Monumento Nacional". Meu último texto, jogando CIDADÃO FLUMINENSE no Google, acha fácil, tem 40 fotos que demonstram um pouco do abandono atual. Com mato, depósito de lixo, entulho, nesse estádio histórico do Brasil. Por que, qual estádio teve a apresentação da ópera Aída de Giuseppe Verdi? O Estádio do Fluminense! Onde teve uma solenidade oficial da inauguração do Cristo Redentor com uma missa campal para 20 mil pessoas? Ou seja, muita história. Buscando aqui simplesmente essa articulação. Principalmente, com o grupo S.O.S. Patrimônio e a Comissão de Cultura da Alerj. E divulgando aqui, na sexta-feira passada houve uma matéria no canal Foz Sports também documentando isso. Então eu queria parabenizar a Comissão de Cultura e a partir de agora estaremos juntos para participar mais.

Zaqueu Teixeira (Deputado Estadual - PT) - Obrigado, Eduardo Coelho. As próximas agendas nós vamos comunicar pelos dados que pegamos dos senhores e das senhoras.    


Na base da raça Jacques e a AMAST defendem os bondes históricos de Santa Teresa 

Eliomar Coelho (Deputado Estadual - PSOL) - Senhores presentes a esta audiência pública, primeiro quero começar parabenizando. Vocês que estão aqui presentes, trazendo essas demandas para nós. Posso até me aventurar a dizer, o Rio de Janeiro é um museu a céu aberto. A quantidade de demandas colocadas aqui. E que nós ouvimos com tranquilidade. E vamos levar em consideração. Podem ficar certos disso. É um compromisso desta Comissão. O presidente Zaqueu sempre tem colocado isso. As  audiências públicas são importantes. A Comissão funciona como instrumento de interlocução entre legislativo e sociedade. As demandas são colocadas. Nós vamos trabalhar na sistematização delas. E reprogramar uma agenda onde a gente vai tratar dos assuntos específicos anunciados pelo deputado Zaqueu Teixeira. Registro a questão que foi colocada aqui, que é um tratamento especial que a gente deva dar a uma construção de uma "consciência patrimônio". Isto é fundamental. Inclusive a questão da educação, que foi colocada aqui. Desde criança começar a ter noção o que significa preservação. O cuidado que deva se ter com aquilo, que significa exatamente as nossas existências, das nossas vidas. Acho uma coisa importante. É bom deixarmos muito claro, estamos vivendo uma crise. Vamos colocar os pés no chão. Todas as demandas que foram colocadas, até pra que realmente se comece a trabalhar a solução delas, precisa de dinheiro. O dinheiro está sendo muito curto. Nós temos que trabalhar conjuntamente até pra encontrar as alternativas e que sejam reais. E serem colocadas em prática. Acho um negócio importantíssimo. Até pra gente ter uma escala de prioridades de como se faz a locação dos recursos para garantir a preservação daquilo que a gente considera muito caro em termos de patrimônio. Uma coisa que queria registrar, foi colocado por várias intervenções, que é essa questão que está acontecendo no Rio de Janeiro. O Rio de Janeiro hoje vive um processo de ressignificação da cidade. Essa é que é a realidade. Vejo que há uma briga - no bom sentido - muito grande, entre aquilo que é patrimônio a ser preservado e o mercado imobiliário, que é a questão do mercado. É uma coisa patente e que a gente deva ter certo cuidado. Até pra não existir exageros no sentido de comprometer aquilo que a gente deseja. Nós queremos o desenvolvimento do Rio de Janeiro, mas queremos também que haja a preservação. E em nome desse desenvolvimento a gente não pode começar a fazer a preservação única e exclusivamente para atender o mercado. Principalmente, essa questão do turismo, de quem tem poder aquisitivo pra vir aqui gastar na cidade do Rio de Janeiro. É uma coisa que tem que ter cuidado e é uma luta de todos nós. A sociedade tem que estar muito atenta. Com o olho muito aberto exatamente pra esta questão. E uma coisa que foi colocada é a questão do interior, que acho que a gente vai ter que trabalhar isso daí. A questão do subúrbio, dos outros bairros da cidade do Rio de Janeiro. Se você anda pelos bairros que não sejam Zona Sul do Rio de Janeiro, nós temos também ícones pra serem preservados em termos de patrimônio. E que significam uma coisa que acho muito importante, que é o empoderamento daqueles que são os trabalhadores esquecidos pelo poder público, mas que são responsáveis pela construção dessa riqueza. De maneira que, eu lhes dei aqui, uma lista enorme. E vamos trabalhar. Tenho absoluta certeza de que essa Comissão tentará dar o recado e também corresponder as expectativas de vocês trabalhando juntos. Nós vamos chegar lá!        

Simone Reis (S.O.S. Patrimônio) - Foi extremamente rico o poder público tão bem aqui representado. Mas foi muito rico o seu início. O S.O.S. Patrimônio vai continuar. Nós vamos ficar sempre atentos. Continuar a fazer nossas fotos pelo Rio de Janeiro. Porque o nosso intuito é preservar. Nós sabemos do interesse de todos aqui. Independente do que foi colocado aqui. Contra ou a favor. Mas principalmente, que a sociedade receba essas informações porque isso é importante deputado. O que falta é informação. Muita coisa que nós colocamos aqui, recebemos informações que já poderiam estar em nosso poder. Queria agradecer a todos que aqui estiveram do S.O.S. Patrimônio. E também algumas entidades. Mas agradecer em nome do S.O.S. Patrimônio. E quem quiser participar conosco, por favor, entre no Facebook. Quem quiser também esse relatório a gente se coloca a disposição pra isso. 

O "CIDADÃO FLUMINENSE" no dia dos 96 anos do Estádio das Laranjeiras

Zaqueu Teixeira (Deputado Estadual - PT) - Simone agradeço a sua presença e participação. Podemos através dos emails que recebemos encaminhar todo o trabalho que foi feito pelo S.O.S. Patrimônio. Vamos encaminhar depois o relatório dessa audiência. Vou pedir aqui ao Washington Fajardo para encaminhar as propostas do Município.  

Olga Campista (Subsecretária de Relações Institucionais - Prefeitura do Rio) - É dessa forma que que se constrói políticas públicas. São todos juntos. Sou funcionária de carreira, então com a provocação da nossa colega do Teatro Municipal, gostaria de dizer que ela tem toda total razão. A Secretaria de Cultura nesse anos todos não teve um concurso público. Mas foi organizada uma proposta de concurso público e está sendo estudada pela Secretaria de Planejamento. Isso foi uma das formas da gestão anterior que a gente tentou costurar e alinhavar da melhor forma. Porque entendo que as políticas têm que ficar. As pessoas têm que ficar. As gestões passam, mas os técnicos é que mantém. Se você não tiver boas equipes que mantenham as propostas que passaram, essas propostas não persistem. Se não começarmos a educar a desde criança, não teremos de forma alguma uma manutenção dos nossos equipamentos. Porque é gostando, conhecendo e amando que se recupera, que se mantém. Temos nas nossas bibliotecas parques, que quero convidá-los a conhecer. A gente tem procurado fazer muitas oficinas voltadas para a educação. Não só para leitura, mas para outras áreas. Vou deixar aqui com o S.O.S. Patrimônio uns livros de educação do patrimônio cultural pelo Inepac. Dizer que estamos a disposição para conversar. Acho que é exatamente abrindo essas portas que a gente vai somar. Me desculpar se não coloquei o que vocês gostariam. Acho que com outras reuniões a gente vai traduzindo e afinando essa conversa.


O Estádio das Laranjeiras desperta a atenção de vários brasileiros

Washington Fajardo (Instituto Rio Patrimônio da Humanidade) - Da mesma forma eu agradeço aos deputados e a sociedade civil aqui presente. Foi um tempo bastante proveitoso e importante. Acho importante que possa ter continuidade esse espaço. Todas as falas foram muito importantes. Eu queria comentar rapidamente algumas. Estamos trabalhando para para uma próxima chamada do Pró-Apac. O Pró-Apac teve um núcleo, um território definido no Centro. Centro e Porto colocando mais específico: corredor cultural, Cruz Vermelha e Sagas. A nossa intenção é que no próximo edital, ele possa também contemplar Glória, Santa Teresa e Paquetá. É uma área que pouco falamos sobre Paquetá. E Paquetá tem uma capacidade fenomenal de nos ensinar sobre sustentabilidade. Um território inserido na Baía de Guanabara. E o nosso trabalho, senhores deputados, a grande contribuição que o patrimônio tem para dar nesse momento de crise profunda que vivemos da sociedade. É uma crise do tempo, mas é uma crise também do lugar. E o patrimônio tem uma capacidade de dar uma contribuição, porque tem uma visão holística, abrangente do território. Especialmente, o municipal. E que teve essa gênesis fabulosa que olha para o conjunto urbano, para o espaço público, para o mobiliário, para arborização. As práticas de gestão, ainda ficam muito no campo setorial. E a gente precisa falar sobre o resgate de agenciamento de áreas. Experiência do 'Lapa legal'. Reunir os órgãos técnicos num território específico. O próprio repensar das próprias subprefeituras e regiões administrativas. O nosso objetivo é ampliar o edital. Com relação aos incêndios, esse é um ponto de fato de polícia e crítico. Ora de fato vemos algo que pode supor alguma ilegalidade. Ora nós vemos um grande prejuízo para o proprietário. É um ponto de atenção nossa. E vou levar esse teu comentário sobre Defesa Civil. Entretanto, nesse período nunca observei esse tipo de situação. Peço até que você possa me encaminhar essa informação mais específica. Entendo a compreensão do Marconi. Entretanto, discordo. Acho que é exatamente o contrário. Existe muito interesse em apoiar o patrimônio. Como bem disse o profº Olínio: "Patrimônio faz parte da vida e ele não e superior a vida". O patrimônio é uma parcela dessa dimensão do que é a vida. A sociedade muitas vezes opta por esquecer. O trabalho dos órgãos de patrimônio muitas vezes é procurar botar a dimensão da memória em evidência. O trabalho que fazemos no patrimônio municipal é de dar muita força e autonomia ao patrimônio cultural. O órgão municipal de patrimônio é independente da Secretaria de Cultura hoje. Ele trabalha junto em parceria coma Secretaria de Cultura, mas é um modo que entendemos de botar muita força na atuação do patrimônio cultural. E de modo concreto através dos seus orçamentos. Encaminhei aos senhores deputados uma lista rápida de propostas. As leis que citei. Flexibilizar o IPTU para imóveis tombados. E redução progressiva no tempo. Isso é crucial. É estratégico. Redução da dívida ativa. Isenção de ICMS, ISS para atividades econômicas e imóveis tombados. Uma loteria estadual de patrimônio cultural. Muitos países têm em loterias um modo de apoiar ações de recuperação de patrimônio. É custoso uma obra de recuperação de patrimônio. Custa em média 30% a mais. Depende de profissionais especializados. Entretanto, é também um setor econômico importante. Um terço dos investimentos da frança, após a crise de 2008, foi em patrimônio cultural. Porque o patrimônio cultural tem capacidade de ser também um campo de desenvolvimento econômico. Cessão de imóveis públicos por um real por mês para quem tem a capacidade de assumir esse imóvel e entregá-lo recuperado em dez anos. Muitas vezes os imóveis são cedidos. Os projetos de captação não se efetivam e o imóvel é devolvido, como é o caso do Automóvel Clube. Um detalhe burocrático importante. O gestor do patrimônio imobiliário em qualquer esfera, municipal, estadual ou federal, se passa esse imóvel, mesmo que seja uma ruína em valor abaixo do que os tribunais de controle entendem que ele vale, esse gestor é penalizado. Isso é uma crise burocrática. Ou seja, ruínas que pertencem ao estado brasileiro. Não podem ser cedidas para serem recuperadas porque elas têm valor de mercado. Entretanto, vive vizinho de uma ruína dessa e você sabe qual é o problema. Fizemos um edital público que fracassou. peço a atenção dos senhores para esses pontos. Regulamentar o Fundo Municipal de Conservação. Linhas de créditos especiais. O BNDES tem o patrimônio no seu discurso. Entretanto, destina recursos para essencialmente bens religiosos e precisamos ampliar isso. Uma ideia de uma escola pública adotar um patrimônio. Estimular organizações da sociedade civil que possam se converter em entidades do terceiro setor dedicadas ao patrimônio. Temos uma carência de entidades da sociedade civil organizadas como terceiro setor cuidando do patrimônio. E instrumentos urbanísticos. A transferência do direito de construir e de outras entidades.          

Zaqueu Teixeira (Deputado Estadual - PT - Presidente da Comissão de Cultura da Alerj ) - Quero dizer aqui que tudo que foi colocado será trabalhado pela Comissão. As palavras estão registradas. Nós teremos um relatório. E vamos buscar tratar das reuniões regionais. Vamos tratar de fazer o acompanhamento, nem que seja bimensal da evolução dos trabalhos desta audiência pública. Vamos estimular a criação de grupos de trabalho para que a gente possa dentro dos temas específicos avançar de forma efetiva. Temos várias propostas aqui colocadas. Requerimento de informação que faremos. Quero agradecer a Prefeitura do Rio que me encaminhou os seus representantes para que pudéssemos estar fazendo essa discussão. Não teria obrigação legal, mas vieram aqui e participaram do debate. Até porque a maior parte do patrimônio está aqui na cidade do Rio de Janeiro. Agradecer aos representantes do Estado. Agradecer ao deputado Eliomar Coelho que esteve comigo o tempo todo na audiência. Agradecer a todos vocês que aqui estiveram, que participaram e contribuíram. E agradeço de coração essa contribuição. Contribuição da cidadania. Se nós estamos lutando e brigando pelo patrimônio que é público, pelo patrimônio nosso. As coisas tendem a se perder, a se ruir e o interesse privado vai prevalecer. Eu acho que o interesse público é que tem que prevalecer. Então agradeço a mobilização de todos os senhores e todas as senhoras. E declaro encerrada a sessão. Muito obrigado.