sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

Flu campeão carioca de basquete de 1988: "25 anos"

Em pé, da esquerda para a direita: Marcelo Alves Martins (Marcelão), Fabio Rodrigues Pereira (Fabão), José Luiz Cavalcanti Pelaggi (Zé Luiz), Paulo Cesar Vidal da Silva (Paulão), Márcio da Silva Pereira, José Paulo da Silva Filho (Zé Paulo), Jorge Augusto Oliveira Jr. (Jorginho), Tude Sobrinho - Técnico. Agachados da esquerda para a direita: José Alberto Batista de Souza (Beto), Márcio de Paula Malafaia (Lourinho), Fábio Bergman, Carlos Augusto Padilha, Tude Neto - Diretor. Não estão nesta foto: George Davies, Christopher Lee Winanf e Mário Jorge Soares Filho.      




Exatamente no dia de hoje, 20 de dezembro, completam-se 25 anos da conquista do último título carioca de basquete masculino do Fluminense. O Clube concorreu, em 1920, pela primeira vez ao campeonato carioca de basquetebol. E de 1920 até 1988 foram vários títulos conquistados.

Das quatro equipes que lutavam pelo título de 1988 (Botafogo, Flamengo, Fluminense e Vasco), o Flamengo poderia ser definido como o primo rico do esporte. Enquanto aos outros três cabia o papel de primo pobre. No Flamengo estavam três dos melhores jogadores do Brasil – o armador Maury e os alas Cadum e Paulinho Villas-Boas. O Flamengo investia pesado. Os gastos mensais com o basquete rubro-negro chegavam a Cz$ 7 milhões. Nos outros três clubes as despesas eram bem inferiores. O Vasco investia Cz$ 600 mil e o Botafogo Cz$ 400 mil por mês. Patrocinado pelo Consórcio Unyama, o Fluminense gastava em torno de Cz$ 500 mil por mês. O salário dos americanos Christopher Lee e George Davies (US$ 800 para cada um) era pago por um grupo de sócios do Fluminense.

Em 1988, o Flu foi trabalhando em silêncio e foi somando vitórias até chegar ao jogo final. A partida que decidiu o título foi realizada numa terça-feira, à noite, no ginásio do Tijuca Tênis Club.

Ao derrotar o Vasco por 77 a 68, o Fluminense quebrava um jejum de 13 anos sem títulos, desde quando tinha conquistado o pentacampeonato. Os tricolores iniciaram a partida com muita disposição e com uma eficiente marcação. Disputando cada rebote, o Fluminense até o fim do primeiro tempo manteve uma diferença no placar de oito a doze pontos. Sentindo uma contusão o norte-americano Christopher Lee ficou no banco durante todo o primeiro tempo, que terminou com a vitória do Flu pelo placar de 43 a 34.

Na etapa final, o Vasco endureceu o jogo, chegando a empatar. Do banco, Lee comandava a torcida e gritava muito para o time. Mas o Flu sob a vibração de sua torcida arrancou para a vitória do título. Quando faltavam 15 minutos, o técnico Tude Sobrinho usou a sua força máxima colocando em quadra o pivô Christopher Lee. Quando entrou na quadra Lee agitou a torcida e foi muito aplaudido.

Na quadra, Lee teve uma atuação discreta. Mas seu compatriota George Davies foi o melhor do Fluminense. Davies ainda foi o cestinha da partida. Ao final da partida, a torcida invadiu a quadra para festejar com os jogadores. Davies comemorou com muita emoção e declarou ao Jornal do Brasil:

– Sou campeão e vou ficar no Brasil por muito tempo. Amo esse país!



Em pé da esquerda para a direita: Jair Batista ("Seu" Jair - Roupeiro), Mário Jorge Soares Filho, Marcelo Alves Martins (Marcelão), Fabio Rodrigues Pereira (Fabão), Jorge Augusto Oliveira Jr. (Jorginho), Christopher Lee Winanf, Paulo Cesar Vidal da Silva (Paulão), Márcio da Silva Pereira, Tude Sobrinho - Técnico. Agachados da esquerda para a direita: Tude Neto - Diretor, George Davies, Márcio de Paula Malafaia (Lourinho), Fábio Berman, Carlos Augusto Padilha, José Alberto Batista de Souza (Beto).   





Ao término da partida o ala Márcio ergueu a taça do título cercado pelos torcedores. O ala Zé Luís – um dos ídolos da torcida pela raça com que disputava cada partida – não conteve as lágrimas. Ao tentar impedir que a bola saísse pela lateral, ele se chocou com a grade que separa a quadra das cadeiras e machucou o joelho. Mas o ala jogou até o fim do jogo. Zé Luís declarou ao jornal O Globo após a partida:

– O Fluminense provou ser o melhor time do campeonato, apesar de ter um elenco ainda muito jovem. Vencemos todas as grandes equipes. Acho que ninguém mereceu mais esse campeonato.

Tude Sobrinho era o técnico campeão de 1988. No pentacampeonato, Tude conquistou quatro títulos. Com o fim da partida, sua esposa, Eliana, invadiu a quadra e deu-lhe um longo abraço enquanto os jogadores comemoravam a conquista do título. Ao Jornal do Brasil, Tude Sobrinho declarou emocionado, após a conquista do título:

– Há 13 anos, o Fluminense era pentacampeão, e eu era o técnico. É uma alegria enorme poder levar o clube de novo a um título.

Miguel Ângelo da Luz era o assistente técnico da equipe de basquete do Fluminense em 1988. Posteriormente, Miguel Ângelo da Luz tornou-se o treinador da Seleção Brasileira de basquetebol feminino campeã mundial em 1994, na Austrália. Miguel Ângelo da Luz também foi o treinador da Seleção Brasileira de basquetebol feminino que conquistou a Medalha de Prata nos Jogos Olímpicos de 1996, em Atlanta, nos Estados Unidos.  

Pelo Fluminense jogaram e marcaram no jogo decisivo: Jorginho (12), George Davies (26), Paulão (9), Fabinho (8), Zé Paulo (7), Marcelo (2), Christopher Lee (8), Zé Luiz (5).

O Blog “CIDADÃO FLUMINENSE” fez contato com alguns integrantes do elenco do basquete tricolor de 1988. Mário era o jogador mais jovem do elenco. Para ele o título de 1988 foi muito marcante. Ele era juvenil, mas já treinava e jogava entre os grandes jogadores do time principal. Foi uma bela experiência de vida para Mário fazer parte daquele grupo. Para ele, o contato com os norte-americanos – Christopher e George – foi muito bacana.

O título de 1988 para Mário foi o maior momento de sua carreira. Mário jogou no Fluminense durante sete anos. E considerou o Clube uma grande família! Ele considera importante a conquista do título de 1988 pelo fato de ter feito grandes amigos para toda a vida! Mário continua acompanhado o basquete tricolor pelo contato com Renê Santos (Coordenador), que foi seu técnico no infanto e juvenil.






Boletim Informativo Mensal do Fluminense - Fevereiro de 89




Para Marcelão, o momento mais especial da conquista de 1988 foi o jogo contra o Flamengo nas Laranjeiras, decisivo para o campeonato. O título de 1988 para Marcelão significou a conquista de um trabalho de um ano inteiro. Mesmo sendo vascaíno, Marcelão aprendeu a ter um carinho especial pelo Fluminense, que hoje considera o seu “time do coração”. Marcelão começou a jogar no Fluminense aos 15 anos de idade e saiu depois da conquista do título.

Para Marcelão a grande importância e emoção da conquista de 1988 é que o título significou uma grande superação. Pois o time do Flamengo era um “time de estrelas” e o Fluminense conseguiu vencê-los. Atualmente, Marcelão está casado e morando em outro estado. Portanto, distanciou-se do Fluminense. Com isso não tem acompanhado o basquete do Flu.

Fábio Rodrigues Pereira, o Fabão, destacou que, um momento muito especial desta conquista foram os dois jogos contra o Flamengo. O primeiro, em especial, porque os reforços dos dois times ainda não tinham condições de jogo, e isso, transformou o jogo na Gávea como fundamental para o título. O Flamengo era o franco favorito. Ninguém apostava no Fluminense. O time do Flamengo, que já era muito bom, se reforçou com três jogadores da seleção brasileira. Um timaço que o Flu venceu nas duas partidas.

O título de campeão carioca de basquete de 1988 para Fabão foi à conquista mais importante da sua carreira como atleta. Pois ele começou tarde a jogar basquete, com 18 anos. Com 23 anos Fabão era campeão carioca adulto disputando uma série de campeonatos duríssimos.

Fabão considera que vestir a camisa do Fluminense foi uma honra. Ele começou a sua carreira de jogador de basquete no Fluminense, em 1984. Depois de uma breve saída, em 1991, voltou ao clube de 1994 a 1996, como jogador. E passou a ser técnico das categorias de base do Flu até 2007. Como jogador de basquete, Fabão jogou no Clube em 2003 e 2004, quando encerrou sua carreira. Portanto, como jogador do Fluminense Fabão viveu 13 anos muito bons.

A conquista do título de campeão carioca de basquete de 1988 foi uma emoção incrível para Fabão. Pois conseguiram voltar a protagonizar o campeonato depois de 13 anos sem conquistá-lo. Fabão considerou isso como um fato incrível! Até hoje, quando Fabão fala sobre o título de 1988, tem sentimentos maravilhosos e lembranças incríveis que voltam e fazem com que ele reviva aquele momento.

Fabão tem acompanhado o desenvolvimento do basquete tricolor desde 1988. Ele foi técnico da base até o adulto do clube de 1994 a 2007. Mesmo depois de sua saída acompanha o basquete carioca e em especial o basquete tricolor. E é com enorme pesar que ele diz isso. Pesar, porque durante todo esse tempo Fabão vê uma deterioração da importância do basquete e dos esportes olímpicos dentro do Fluminense. Para se ter uma ideia de suas palavras, o Fluminense até meados da década de 1990, nunca tinha deixado de disputar um campeonato adulto sequer. Porém, desde então, vem pipocando com suas participações no Estadual. Até time emprestado já teve – quando o Minas Tênis representou o Flu no Estadual de 2007

Fabão acredita que o Fluminense deveria voltar a participar todos os anos do campeonato estadual. E ainda voltar ao Brasileiro (NBB). Fabão disse: “O basquete do Fluminense tem história! E ela deve continuar a ser escrita da maneira que o clube merece. Ou seja, do tamanho da grandeza do Fluminense! Não mais como os pequenos clubes de bairro que entram e saem do campeonato carioca de acordo com os interesses de seus presidentes. O basquete tricolor merece respeito!”        





Assista algumas imagens do Fla-Flu do primeiro turno de 1988 realizado no ginásio da Gávea, com a vitória do Flu por 79 a 71:









2 comentários:

  1. Caro Eduardo,

    A matéria está ótima!! Como é importante o resgate de momentos como esse para relembrarmos a bela história que tem o clube. Um grande clube como o Fluminense, não pode deixar de olhar para trás e relembrar sempre seu passado. A memória do clube não pode ser "apagada"! E, não deve ser uma mera lembrança na cabeça de alguns. Por isso, seu registro é de tamanha importância, pois resgata um dos grandes momentos vividos pelo esporte olímpico tricolor. Cabe lembrar que o clube "das três cores que traduzem tradição" não pode deixar de continuar construindo essa tradição!! Não esqueçamos o passado! Claro! Mas, devemos continuar, sempre, construindo o presente e o futuro do clube.


    Abraço,

    Fabão

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  2. Por favor voce teria a pagina numero 2 do boletim.
    gostariamuito de ter acesso as informacoes do Jogadores da epoca

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