Em contato com a professora Márcia
Hantun – responsável pela Sala de Leitura –, resolvi doar para a Escola Municipal Laudímia Trotta, na Tijuca, um exemplar de cada um dos dois
livros de minha autoria: “Carioca de 1971: a verdadeira história da vitória da Selefogo
alvinegra” e “1952 Fluminense Campeão do Mundo”. O único livro sobre
futebol que a escola possuía era um exemplar do rubro-negro Ziraldo. Agora, viramos o jogo: Flu 2 x 1.
Professores, professoras e todos os profissionais da educação são
verdadeiros “guerreiros”. Como diria
Monteiro Lobato: “Um país se faz com
homens e livros”. E muitos dos profissionais da educação
– como milhões de brasileiros – possuem a paixão por um clube de futebol.
Tendo conhecimento que entre os profissionais da educação da Escola Laudímia Trotta existem vários torcedores do Fluminense, resolvi
homenageá-los e ouvi-los. Abaixo, segue uma pequena entrevista realizada com
alguns deles sobre a sua relação com o Fluminense.
Leonardo Guilherme
Leonardo Guilherme Cebrian Montresor, 44 anos, mora no bairro do Engenho Novo, Zona Norte do Rio de Janeiro.
Leonardo é agente de administração
da Escola Laudímia Trotta e está
desde 1998 no município do Rio.
Por qual motivo você é Fluminense?
Resposta: O motivo que me fez mais ser tricolor – até porque todos os
fatores colaboraram para isso – quando andava na rua, a primeira vez que eu
bati o olho em todas as camisas, dos cinco grandes do Rio, incluindo o América,
a camisa que mais me chamou a atenção foi do Fluminense. Quando criança o meu
vizinho perguntou – eu aprendi a ler cedo: “Você quer uma revista para ler?
Você gosta de ler?” “Gosto”. “Toma pra você”. Foi a Revista do Fluminense inclusive. Fora isso, ainda tinha
o meu pai mesmo. O meu pai que era tricolor. O meu avô era tricolor também.
Embora, nenhum dos dois tenha forçado muito. E na época era o melhor time. Eu
comecei a acompanhar futebol em 75. Era a chamada Máquina Tricolor.
Conte uma partida ou conquista memorável:
Resposta: A sem dúvida foi do... teve duas no caso. Uma foi que eu ouvi
em casa. Quando eu já ia desligar o rádio, quando o locutor grava: “Quarenta e
cinco e quinze...” Eu já ia meter o dedo pra desligar, ele fala: “Bola para
Assis, penetrou, vai marcar, apontou, atirou é gol!” Aquela eu fiquei em
silêncio. E outra foi à final de 85 com o meu pai. Eu fui com mais de 38 graus
de febre assistir aquele jogo. A cobrança de falta do Paulinho foi uma coisa...
Eu acompanhei a bola entrando. E depois ainda teve aquele lance... Que eu
olhava para o placar eletrônico e marcava 45 minutos. Daqui a pouco eu vejo um
silêncio e quando olho tinha um cara caído no chão, dentro da área. A jogada
seguiu pra frente. E detalhe: no que seguiu tinha sido até gol. Seria até o
terceiro gol.
O ídolo tricolor que você mais gosta?
Resposta: Eu tive vários ídolos sem dúvida. Mas o principal deles foi o
Assis. Aquele ali amigo, eu não tinha como ter medo de ir em Fla-Flu naquele
jogo. Ele acabava com a raça ‘deles’. Sem dúvida.
Para você o que significa ser Fluminense?
Resposta: Uma das coisas mais maravilhosas do mundo. A gente sabe que
nada é fácil na vida pra gente. Mas eu vou mandar até uma mensagem pra torcida
agora: “Eu acho que novamente a disputa da vaga agora está entre nós e o Coritiba.
Porque o Vasco já foi pra vala. Vocês podem considerar levando-se em conta que
ele vai enfrentar uma equipe que disputa uma vaga pra Libertadores. Eles e o
Goiás. Estão pau a pau. Diferença de dois pontos. Afrouxar este jogo, ele
(Atlético-PR) não vai”.
Marcos André
Marcos André Reis de Amorim, 48 anos, morador da
Tijuca, Zona Norte do Rio de Janeiro. Marcos é professor de História no
Município, Sociologia no Estado e Filosofia no Ensino a Distância.
Por qual motivo você é Fluminense?
Resposta: Meu avô chegou na idade certa com a bandeira, uniforme e eu
virei tricolor por causa dele. Meu pai era Vasco. Não gostou nem um pouco, mas
respeita a minha escolha.
Conte uma partida ou conquista memorável?
Resposta: Bom, a última conquista foi o Campeonato Brasileiro do ano
passado. Mas eu não achei com muita graça, não. O momento que eu comemorei
bastante foi a Copa do Brasil de 2007. Foi um momento que eu vibrei bastante.
Me lembro de ter ido pra rua encher a cara.
O ídolo tricolor que você mais gosta?
Resposta: O ídolo da minha adolescência foi o Edinho. Foi a três Copas
do Mundo. Um dos grandes zagueiros da história do futebol. Era o meu ídolo
quando eu ia mais ao Maracanã. Que eu ia a todos os jogos, dia de semana, de
noite, Fluminense e Bonsucesso. Todos os jogos eu ia do Fluminense. E nessa
época o meu maior ídolo era o Edinho.
Para você o que significa ser Fluminense?
Resposta: Eu tenho um orgulho enorme de ser Fluminense. Eu me identifico
com o espírito do Clube. A gente não faz questão de ter uma torcida gigantesca.
E acho que nem é bom ser grande demais também. Eu gosto de ser até elite. Eu
acho bonito isso. Acho que combina comigo. E eu sei que tenho excelentes
companhias tricolores também que pensam como eu. Me identifico com a filosofia
do Clube. E as cores também. Eu acho muito bonita as cores. E a História do
Clube também é muito bonita.
Paulo Sérgio
Paulo Sérgio Alves tem 51 anos e é
morador do bairro do Cachambi, Zona Norte do Rio de Janeiro. Paulo é um dos
responsáveis pela limpeza da escola.
Por qual motivo você é Fluminense?
Resposta: Amor acima de tudo! Fluminense é paixão! Amor. É tudo isso.
Conte uma partida ou conquista memorável.
Resposta: O gol do Renato Gaúcho de barriga em cima do Flamengo.
O ídolo tricolor que você mais gosta?
Resposta: É Assis.
Para você o que significa ser Fluminense?
Resposta: Tudo! (risos)
Armando Siqueira
Armando Siqueira Almeida, que tem 49 anos e
mora no bairro da Vila da Penha, Zona Norte do Rio de Janeiro. Armando é o
porteiro na escola.
Por qual motivo você é Fluminense?
Resposta: Orgulho de ser Tricolor. Minha família toda é tricolor. Sou tricolor de berço.
Conte uma partida ou uma conquista memorável.
Resposta: O gol de Romerito contra o Vasco.
O ídolo tricolor que você mais gosta?
Resposta: Romerito.
Para você o que significa ser Fluminense?
Resposta: É uma paixão! Uma doença. É uma coisa maravilhosa ser
tricolor.
Magda Labecca
Magda Labecca Halfeld Vilarde tem 45 anos e é
moradora da Tijuca. Magda é professora de Geografia.
Por qual motivo você é Fluminense?
Resposta: Por influência do meu marido.
Conte uma partida ou conquista memorável.
Resposta: O gol de barriga do Renato! (risos)
O ídolo tricolor que você mais gosta?
Resposta: Conca!!! E o do coração, como é que ele se chamava...
Washington. Washington e o Conca.
Para você o que significa ser Fluminense?
Resposta: Elite. Orgulho. E ser carioca.
Marcia Maria
Marcia Maria Rezende de Azevedo, 51 anos, moradora
da Tijuca. Marcia é professora da Matemática.
Por qual motivo você é Fluminense?
Resposta: Meu pai é Fluminense. Então de nascença.
Conte uma conquista ou vitória memorável.
Resposta: 1995.
O ídolo que você mais gosta?
Resposta: Renato Gaúcho.
Para você o que significa ser Fluminense?
Resposta: Saber que é pó-de-arroz...
Leonardo Trotta
Leonardo Monteiro Trotta, 40 anos, morador de
Vila Isabel, Zona Norte do Rio de Janeiro. Leonardo é professor de Artes.
Por qual motivo você é Fluminense?
Resposta: Bom, é uma história um pouco longa. Meu pai é Fluminense. E um
dos meus tios é Fluminense. Na verdade, o meu avô veio da Itália, em 50 ou 51.
São cinco irmãos. Dois já tinham nascido na Itália. O meu pai e o segundo irmão
da família. Meu avô quando chegou aqui escolheu o Flamengo. E esse tio que vivo
na época também. Meu pai criancinha tinha escolhido o Vasco. E a família foi
crescendo. Meu pai frequentando o Maracanã desde aquela época. O Maracanã de
50. E se apaixonou depois pelo Fluminense. Foi inteligente, percebeu que podia
ser feliz. E aí, meu pai e o irmão mais novo – influenciado pelo meu pai – se
tornaram tricolores. E o resto da família toda é Flamengo. E a gente tem a
família hoje, metade da família italiana é Flamengo, metade é Fluminense. Eu
acho que até, as pessoas tem o Flamengo como inimigo mortal, mas eu acho que é
mais coerente do que se fossem vascaínos ou botafoguenses. A raiz no fundo,
né... Se perguntar pra mim, não é o meu inimigo principal. Mas então, sim, foi
por influência de pai. Eu sou tricolor, a minha irmã, meu irmão ‘muito’
tricolor. Todo muito tricolor. Minhas filhas são tricolores hoje. E espero que
continuem.
Conte uma partida ou conquista memorável.
Resposta: Vou contar a partida que me chancelou como tricolor. Porque
criança, você tem sempre uma. Foi a partida de 83, gol do Assis, aos 45. Meu
pai não foi a esse jogo. Estava numa fase assim meio descrente. Esse tio meu –
irmão mais novo – me levou. Fomos nós dois. A gente ficou no último degrau, não
tinha mais lugar. Eu era moleque, tinha 9 anos, pequeno. E o jogo rolando, a gente
precisando ganhar. O jogo rolando, a gente precisando ganhar. Meu tio aos 35:“Léo, vamos embora, não vai acontecer mais nada”. E eu: “Não. Vamos ficar que vai. Vamos ficar que vai!” E saiu aquele
gol. Esse gol é o gol, que me fez mesmo falar: “É isso!” É o momento mais importante da minha vida como tricolor.
O ídolo tricolor que você mais gosta?
Resposta: Não tenho um. O momento mais importante foi esse que eu te
falei. Mas se eu tivesse que escolher um dos jogadores que eu vi no Fluminense,
ia escolher Romerito.
Para você o que significa ser Fluminense?
Resposta: Rapaz assim... É uma pergunta... Eu acho que é a pergunta mais
difícil que você fez. É uma das coisas que dão sentido a minha vida. Eu com as
minhas filhas. A minha família. A profissão que a gente escolhe. Porque é uma
profissão que eu gosto de fazer. E acho que ser Fluminense é... De certa
maneira – vamos esquecer este momento – é o que dá sentido a minha vida, no meu
cotidiano.
Marcos Lima
Marcos Rodrigues Ornelas de Lima, 31 anos, morador da
Tijuca. Marcos é professor da Geografia da rede privada e pública do Rio de
Janeiro de ensino médio e fundamental.
Por qual motivo você é Fluminense?
Resposta: Influências. Primeiro, por influências familiares. Meu pai é
um tricolor ferrenho. Inclusive, catequizou vários primos, conhecidos, para se
apaixonarem também pelo Fluminense. Naquele processo de levar pra ver jogo,
levar na sede do Clube. Então, a princípio foi isso. E ao longo da vida foi em
função da identificação com o Clube.
Conte uma partida ou conquista memorável;
Resposta: Pô, uma conquista memorável, eu estava na escola ainda, guri.
Em 1995, o título do Campeonato Estadual. Com o lendário gol do Renato Gaúcho
de barriga. Saindo na segunda-feira, no dia seguinte, inclusive o comercial do
jornal de uma churrascaria aonde que ele conseguiu aquela ‘barriguinha’. E até
porque, foi contra os ‘homi’. O maior rival do time. Então, é a primeira
conquista assim, que eu tenho do Fluminense na minha cabeça. Aquela coisa
de: “É isso! É o time! E é pra sacanear os
outros. Sentir prazer em ver o seu time vitorioso”. Foi em 95.
O ídolo tricolor que você mais gosta?
Resposta: Pô, o ídolo é difícil, né... Que o ídolo, tem os ídolos que eu
não acompanhei. Dos ídolos que eu não acompanhei tem o Castilho, que tem uma
história sensacional. Dos ídolos que eu acompanhei, tem algumas figuras. Tem os
mais recentes. Thiago Silva, até porque, acho que de ter acompanhado mais
intensamente o Fluminense. Foi justamente na campanha da Libertadores. E a
liderança que ele exercia no time. Tem... quem mais tem... tem um figura que,
não é um ídolo nem um função do futebol, até porque era pequeno o futebol dele.
Mas que era um figura que morava em Campo Grande. E na época eu era de Campo
Grande, que era o Rogerinho. Que era um cara assim: “O universo do jogador de
futebol que era próximo, que estava junto”. Que também ajudou a conseguir
pequenos tricolores pro time. Acho que são esses.
Para você o que significa ser Fluminense?
Resposta: Pô, pergunta difícil, hein... É ser um apaixonado pelas três
cores. Pela história do Clube. Reconhecendo os capítulos negros na história do
Clube. A história do pó-de-arroz. Mais, acho que o futebol não tem muito essa
explicação racional. Envolve uma dimensão subjetiva que você não sabe explicar
o certo, porque, né. Como uma esposa. “Por que você é
apaixonado pela sua esposa? Porque ela tem afinidade comigo. Porque ela tem uns
traços que eu gosto”. Futebol não dá muito pra gente falar assim: “Eu sou apaixonado pelo Fluminense porque ele tem três cores”. Mas tem tantas outras
três cores, que acho que é mais uma coisa do inexplicável, do imponderável do
Nelson Rodrigues.
Surama
Surama Neves Moreira, 38 anos, moradora
do bairro do Cachambi. Surama é Coordenadora da Escola Municipal Laudímia
Trotta há 10 anos.
Por qual motivo você é Fluminense?
Resposta: Eu acho que é por causa dos meus pais. Meu pai que era
Fluminense. E aí a gente cresceu, eu e a minha irmã, como Fluminense.
Conte uma partida ou conquista memorável.
Resposta: 1995. Quando ele foi campeão. E todo mundo colocava camisa do
Fluminense lá em casa.
O ídolo tricolor que você gosta?
Resposta: Olha é complicado... Rivelino.
Para você o que significa ser Fluminense?
Resposta: Em respeito ao meu pai. Amar o meu pai. E respeitar o meu pai.
Acho que talvez por isso eu me mantenha Fluminense.
Márcia Hantun
Márcia Hantun Ferreira da Rocha Gazal, 53 anos, moradora
da Tijuca. Márcia é a professora responsável da Sala de Leitura e está na
Escola Laudímia Trotta há 27 anos.
Por qual motivo você é Fluminense?
Resposta: Por opção. Eu pertencia a outro time, que a família sempre dá.
Você herda. Mas depois você começa a conviver com uma pessoa que é Fluminense.
Começa a ir aos jogos do Fluminense e acaba simpatizando com a torcida. E aí
vai se identificando. É por identificação mesmo.
Conte uma vitória ou conquista memorável.
Resposta: Olha não foi nem a vitória. Foi a Copa Libertadores que o
Fluminense não chegou a fechar, mas que eu posso falar que a vitória foi nossa.
Ali foi muito comemorado apesar do resultado final não ter sido ao nosso favor.
O ídolo que você mais gosta?
Resposta: Era o Conca que deve estar voltando agora.
Para você o que significa ser Fluminense?
Resposta: Pra mim ser Fluminense significa fazer a diferença.
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