segunda-feira, 29 de junho de 2015

O lançamento do livro "Os Guinle"

                         Clóvis Bulcão e Eduardo Coelho


Com muito prazer prestigiei o lançamento do livro "Os Guinle" do historiador Clóvis Bulcão. Foi na segunda-feira, dia 22 de junho, na Livraria da Travessa, no Leblon. A longa fila indicava a noite concorrida. Logo ao encontrar-me com Bulcão, confessei-lhe que temos grandes afinidades: a História e os Guinle. Parabenizei-o pela excelente obra. E lhe informei que estou em processo de pesquisa, pois pretendo escrever uma biografia de ARNALDO GUINLE, o Patrono do Esporte Brasileiro, como dizia o jornalista Mário Filho.


          Clóvis Bulcão registra sua dedicatória em "Os Guinle" 


Em minhas andanças de pesquisa, era comum passar por alguma instituição de nossa cidade e saber que Clóvis Bulcão já tinha passado por ali. Isso me assegurava que estávamos no caminho certo. Clóvis Bulcão é historiador formado pela PUC-Rio. Nascido em Botafogo, divide seu tempo entre o magistério e a literatura. É professor do tradicional Instituto Superior de Educação do Rio de Janeiro. É autor de um romance histórico e quatro livros de não ficção, incluindo Padre Antonio Vieira: um esboço biográfico (2008). 

Há poucos anos, tomei conhecimento de que Clóvis Bulcão encontrou dificuldades para realizar seu trabalho de pesquisa no Fluminense. O jornalista Roberto Sander, na ocasião, saiu em sua defesa. Uma senhora contratada para prestar serviços ao Clube na época, tumultuou o ambiente. Sem ser sócia e tricolor, fez defesas de colegas de trabalho e de quem lhe contratava. Ou seja, envolveu-se na política do Fluminense sem ser sócia do Clube e tricolor. O que é inadmissível! E chegou a ameaçar o jornalista Roberto Sander de processá-lo na Justiça. Prática arrogante bastante comum durante a gestão que se iniciou em 2010, no Fluminense. Para tentar colaborar na solução do impasse, entrei em campo e passei a bola ao comando do então Vice-Presidente de Marketing, Idel Halfen. Com habilidade e maturidade para conciliar o imbróglio, Idel reuniu os envolvidos na tensa discussão e amenizou os ânimos de todos.


                         Clóvis Bulcão e Eduardo Coelho


Nos agradecimentos do livro, Clóvis Bulcão, possivelmente em tom de desabafo, corretamente, relata os tricolores que colaboraram com seu importantíssimo trabalho para que pudesse nos relatar sobre o Drº ARNALDO GUINLE, o Patrono do Fluminense. Clóvis Bulcão descreve: "O jornalista Roberto Sander foi grande parceiro, apontando o caminho das pedras na atuação de Arnaldo Guinle no Fluminense, onde contei, somente, com a colaboração de Gil Carneiro de Mendonça". De maneira bem humorada, Bulcão relatou-me que "ajudou a salvar uma das irmãs de Peter Siemsen, colaborando para que esta se tornasse rubro-negra". Deixando os impasses e o bom humor de lado, o importante, como pude dizer ao autor, que agora temos mais uma obra literária fundamental para entendermos o nosso país.

sexta-feira, 12 de junho de 2015

Viva o eterno Pó de Arroz!

                         Guilhermino - O "Careca do Talco"


Os torcedores tricolores nos últimos dias viveram momentos de angústia e apreensão. Estava para ser decidida na Justiça a liberação do pó de arroz nos estádios ou não. Confesso que fiquei preocupado. Gostaria muito de ter comparecido ao julgamento na última quarta-feira, dia 10. Com compromissos profissionais no horário marcado, não deu.

Em 23 de março de 2010, cheguei a entrar com um ofício na Secretaria Municipal de Cultura do Rio de Janeiro, solicitando que o pó de arroz se tornasse "PATRIMÔNIO CULTURAL CARIOCA". Mas não rolou. Creio que, na época, com a mudança do secretariado a ação caiu no esquecimento. Talvez tenha faltado também uma articulação mais incisiva.

No documento, enfatizava que: "Os torcedores do Fluminense assumiram a partir de certo momento a alcunha, fazendo do suposto estigma o próprio antídoto e uma das suas marcas máximas de identidade. Adotando o xingamento, reverteu-se o caráter pretensamente negativo da expressão, imprimindo-lhe uma conotação de orgulho e identidade coletiva. O 'PÓ DE ARROZ' é de suma importância nas celebrações e festas da torcida do FLUMINENSE FOOTBALL CLUB. São manifestações cênicas e lúdicas de inigualável beleza, que atravessam décadas e perpetuam-se através de várias gerações".  

A justa defesa do pó de arroz foi feita pelos advogados Gustavo Albuquerque e Gabriel Machado que ajuizaram uma ação popular pela volta do talco, que é o nosso querido pó de arroz. E gostaria de parabenizá-los muito pela brilhante iniciativa e pelo resultado positivo no julgamento.

Com esta vitória os tricolores continuarão utilizando livremente o pó de arroz nos estádios. É de ações independentes, abnegadas e apaixonadas, como esta, que um grande clube se perpetua através do tempo. Gustavo é o cronista do blog do Torcedor do Fluminense no site Globoesporte.com. Costumo ler seus textos e aprecio a maior parte deles.

Falar em pó de arroz nos remete há tempos imemoriáveis. Todos nós tricolores possuímos alguma lembrança relacionada ao pó de arroz. Me recordo que em meados anos 70, a avó de meu primo Álvaro gostava de ir aos jogos do Flu para ver o show do "Careca do Talco". Eram tempos de um Maracanã de casa cheia. Tempos de um futebol arte e popular. Tempos de um Maracanã libertário e gigantesco, onde os torcedores de futebol eram os verdadeiros "donos do espetáculo". Nós adorávamos nos lambuzar de talco no meio da multidão tricolor com nossos ensurdecedores gritos de "NENSE, NENSE, NENSE!!!"     

Guilhermino Destez Santos, funcionário público estadual e corretor de imóveis era o Careca, o "Careca do Talco", um personagem lendário da torcida tricolor. Quem acompanhou o Flu entre os anos 60 e 80, teve o prazer de ver o Careca. Guilhermino se apaixonou pelo Fluminense aos seis anos, quando foi levado por seu tio Luís, de Olaria até Laranjeiras, para ver o Flu jogar. Com o tempo a paixão solidificou-se. As viagens tornaram-se uma rotina. Uma prova de fidelidade. O Fluminense podia contar sempre com a presença do Careca.

O Careca do Talco era folclórico e fazia parte do futebol. Ele costumava usar uma bandeira do Fluminense nas costas como se fosse uma capa. Era o nosso verdadeiro "Super Herói". E cá pra nós, ninguém tinha um "Super Herói" como nós tricolores.

O Careca usava uma camisa branca com um enorme escudo do Fluminense na frente. Nas mãos tinha sempre uma enorme sacola, onde carregava quilos de pó de arroz para atirar em quem aparecesse. Ser 'batizado' pelo Careca era uma grande honra e alegria para todos os nós tricolores. O Careca do Talco era carismático, divertido e incendiava a torcida tricolor. Quando o Careca entrava no gramado ou na arquibancada a torcida tricolor freneticamente ia à loucura. Ele levava alegria aos estádios. Até os nossos adversários o admiravam.

O Careca nos ensinava a torcer de forma apaixonada e apaixonante. Corria de um lado para o outro e parecia reger a torcida. A última vez que o Careca foi visto no Maracanã foi no jogo com o Toluca, do México, nas comemorações do centenário do Fluminense, em 2002. Guilhermino faleceu na madrugada de 2 de dezembro de 2002, aos 68 anos. Já o Careca continua vivo! O Careca do Talco não morrerá jamais! Viva o eterno pó de arroz!