quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Chico Buarque é contra a privatização do Maracanã

Chico Buarque 'vestiu a camisa' do movimento "O Maraca é nosso"


O músico, dramaturgo e escritor Chico Buarque de Hollanda sempre declarou suas opiniões firmes sobre muitas questões relacionadas ao Brasil. E não seria diferente sobre o Estádio Mário Filho, o nosso querido MARACANÃ.
Chico Buarque como todos sabem é apaixonado por futebol. Chico sempre gostou de bater as suas (famosas) peladas com músicos e amigos. Chico fundou o augusto e varonil Politeama, seu time verde e anil. Para orgulho de (quase) todo tricolor, Chico Buarque torce pelo Fluminense.
Chico Buarque ‘vestiu a camisa’ do movimento “O MARACA É NOSSO” e mandou a sua ideia: “Eu acho que a gente deve lutar para que este espaço permaneça sendo um espaço popular, um espaço público. O Maraca é nosso! O Maraca não está a venda!”


1º DE DEZEMBRO
SÁBADO      
A partir das 9h30, PRAÇA SAENS PEÑA, TIJUCA
GRANDE ATO UNIFICADO
CONTRA A PRIVATIZAÇÃO E AS DEMOLIÇÕES DO COMPLEXO DO MARACANÃ


Veja o vídeo e a declaração de Chico Buarque de Hollanda:


terça-feira, 27 de novembro de 2012

WALDO, O ARTILHEIRO - Lançamento do livro



A  J.DiGiorgio Editora
tem o prazer de convidá-lo (a) para o
lançamento do livro-DVD com a biografia do
maior goleador da história do Fluminense:

WALDO, O ARTILHEIRO
de autoria do jornalista Valterson Botelho.
Presença de Waldo, que virá da Espanha
especialmente para o evento.

Dia 1º de dezembro de 2012, Sábado,
de 10h às 13h
no Hall da Sede Social do Fluminense Football Club
Rua Álvaro Chaves, 41 – Laranjeiras, RJ   

Preço especial de lançamento do livro-DVD: R$ 45,00
Nas livrarias: R$ 60,00 ou pelo site:

Toda a arrecadação da venda será destinada ao Waldo.
O autor cedeu os direitos autorais e a Editora
presenteou esta primeira edição.

sexta-feira, 23 de novembro de 2012

Torcida do Fluminense se mobiliza e faz abaixo-assinado a favor de Ronaldinho

Se depender de boa parte da torcida do Fluminense, o destino de Ronaldinho Gaúcho será as
Laranjeiras.

Através da internet, os torcedores criaram uma campanha a favor da contratação do jogador.
A página, ronaldinhonoflu, funciona como uma espécie de abaixo-assinado.
A ideia é ter milhares de assinaturas e mostrar a satisfação ao presidente da Unimed, Celso Barros.
Dizeres como “Ronaldinho aqui” e “O craque sempre é bem-vindo”, podem ser vistos.
Fotos e várias reportagens elogiando Ronaldinho já foram postados.


O craque é sempre bem-vindo no Flu!
Quer o Ronaldinho Gaúcho no Flu? Assine aqui!
 

terça-feira, 20 de novembro de 2012

Uma oração tricolor para Ari Ercílio

Artime, Gérson e Ari Ercílio. Eram os três novos astros do Flu em 72 




Era uma segunda-feira. A data era o mesmo dia 20 de novembro. O ano era 1972. Há exatos 40 anos.  No domingo dia 19, o Fluminense tinha jogado com o Botafogo e perdido a partida por 2 x 1. O gol do Flu foi marcado por Silveira. Ari Ercilio, zagueiro-central tricolor ficou no banco de reservas. A segunda-feira, dia 20, como de hábito, era dia de folga para os jogadores. 
O jogador do Fluminense Ari Ercílio foi pescar em companhia de sua mulher, Helena Peres Barbosa, na Gruta da Imprensa. Apanharam o carro do craque, um DKW e resolveram dar uma volta por São Conrado onde pensavam jantar.
Ari Ercílio tinha paixão por pesca. Sempre que podia ia pescar. Ora com amigos, ora com a mulher. Seus locais preferidos prediletos eram: Barra, São Conrado e Recreio dos Bandeirantes. Informado de que na Gruta da Imprensa “dava” peixes enormes ficou tentado a pescar no lugar. Por volta do meio-dia saiu de casa, acompanhado de sua esposa Helena. Dirigiu-se até a casa de Artime, seu grande amigo e companheiro do Fluminense. Ari foi convidar Artime para a pescaria. Mas o argentino recusou dizendo que estava indisposto.     
Ao chegar à Gruta da Imprensa, o craque tricolor resolveu estacionar o carro e tentar uma rápida pescaria. Levava o caniço e procurava uma posição favorável numa rocha em virtude das chuvas, estava bastante escorregadia. Seriam, aproximadamente, 17h30m, quando Ari Ercílio possivelmente para conseguir melhor equilíbrio, resolveu mudar de posição. 
Mas foi infeliz quando tentava atingir as pedras. Escorregou e caiu no mar. Ainda tentou nadar em direção as pedras, por duas vezes tentando agarrá-las. A fúria do mar arrastava o craque. As fortes ondas o empurraram contra uma rocha. Depois de bater com a cabeça na pedra, Ari Ercílio sumiu ante o desespero de sua mulher e do guardador de automóveis, João Gomes. Helena, desesperada, a tudo assistia impotente, gritando por socorro.




Em sua estreia, Ari Ercílio observa uma disputa de bola entre Jairzinho e Oliveira 



Apenas João Gomes da Silva, 63 anos, estava ao lado da mulher de Ari Ercílio. Ele tentou salvá-lo com gritos que indicavam ao jogador, nos poucos momentos que tentou segurar nas pedras, para que nadasse para fora. Segundo João Gomes, o zagueiro tricolor ficou por meia hora lutando contra as águas, na tentativa de voltar. Triste, o humilde guardador de carros declarou ao Jornal dos Sports sobre o instante em que Ari Ercílio tentou segurar nas pedras:
 – Não levou muito tempo, depois do escorregão, para que ele afundasse de vez. Depois de deslizar, quando já tinha alcançado o ponto de armação dos molinetes, foi direto para as águas. Eu e a mulher gritamos para os motoristas, mas ninguém parou. Vi quando por duas vezes ele tentou pegar na pedra, desesperado. Na terceira tentativa bateu com a cabeça e não apareceu mais.
Só após uma hora do ocorrido, que alguém se lembrou de pedir a presença dos bombeiros do Quartel do Humaitá. Horas depois, chegou Paulo Amaral, ex-técnico do Fluminense, que por não saber direito dos acontecimentos ainda tentou descer no local apesar da escuridão e da chuva. Mas Paulo Amaral foi contido pelos presentes. Paulo Amaral é considerado o pioneiro da preparação física no futebol do Brasil. Paulo Amaral era o técnico da equipe tricolor quando Ari Ercílio chegou em Álvaro Chaves. Bombeiros do Humaitá e duas lanchas do Corpo Marítimo de Salvamento vasculharam toda a área da Gruta da Imprensa, à procura do corpo.
Para o local do acidente se dirigiram vários dirigentes e funcionários do Fluminense, entre eles, Ailton Machado, Vice-Presidente de Futebol; Zezé Moreira, Diretor Técnico de Futebol; Emilson Peçanha, coordenador; o médico Durval Valente e o jogador Artime que chorava copiosamente, inconsolável com a perda do companheiro.  Todos procuravam confortar a esposa do jogador, acompanhando-a mais tarde, à residência do casal, à Rua Barão da Torre, nº 82, onde permaneceram à espera de notícias. A esposa de Ari Ercílio, Helena, ficou o tempo todo em companhia de Maria Cristina, esposa de Artime, as duas eram grandes amigas.
Já era noite fechada e os bombeiros desistiram de continuar as buscas, reiniciando os trabalhos pela manhã do dia seguinte, tendo em vista que o local era perigoso. O trânsito no local tinha ficado congestionado, obrigando a intervenção de uma rádio patrulha, para normalizar o fluxo de tráfego.
As buscas foram reiniciadas pelos bombeiros do Humaitá e pela turma do Salvamar na manhã de terça-feira. Helena estava presente, como o Vice-Presidente de Futebol do Fluminense Ailton Machado, Zezé Moreira, o médico Durval Valente, o Drº José Rizzo, o diretor Hugo Molinaro, o professor José Lins, e os jogadores tricolores Cafuringa, Didi, Toninho, Silveira, Jair, Félix, Mickey e Jorge Vitório. 





O gol de Jeremias aos 43 minutos do 2º tempo, na estreia de Ari Ercílio. Flu 1 x 0 Botafogo





Quando a notícia chegou à sede do Fluminense todos ficaram muito abatidos. Na expressão de uns, nas lágrimas de outros, a tristeza no Flu era geral. Na terça-feira, dia 21, em que os jogadores se reapresentaram após a folga da segunda-feira, o treino, em sua maior parte, foi realizado no mais completo silêncio. Todos concordavam num ponto: Ari Ercílio era um jogador de brios, homem de caráter e amigo de todas as horas. Muitos até se prontificaram a procurar o corpo.
Ari Ercílio tinha 31 anos. O atleta tricolor nasceu em 18 de agosto de 1941, em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul. Foi descoberto para o futebol nos juvenis do Internacional em 1958. Nas categorias de base foi sempre um colecionador de títulos, tornando-se campeão gaúcho juvenil de 1959. Em 1960, o Internacional encontrava-se em crise financeira e vários juvenis foram promovidos. Dentre eles, estavam Ari Ercílio, Cláudio e Flávio Minuano, que mais tarde jogaria no Corinthians, Seleção Brasileira e Fluminense.
Promovido ao time de profissionais sagrou-se campeão gaúcho de 1961, jogando ao lado de Brito (campeão da Copa do Mundo de 1970), emprestado à época pelo Vasco ao Internacional. Depois foi cedido ao Corinthians, em 1964. Em 1965, retornando ao futebol gaúcho e assinando contrato com o Novo Hamburgo (na época chamado de Floriano). Dali foi para o Grêmio. Apesar de ter começado no Internacional, foi no Grêmio que Ari Ercílio conseguiu seus melhores momentos no futebol.  Contratado pelo Grêmio em março de 1967, foi campeão gaúcho neste ano e em 1968. Em 1968, o Grêmio conquistava o heptacampeonato gaúcho. Em 1966, Ari Ercílio defendeu o nome do Brasil, representado por uma seleção gaúcha, contra o Chile, conquistando a Taça O'Higgins.
A esposa de Ari Ercílio, Helena, ainda na terça-feira, dia 21, fez as duas filhas embarcarem para Porto Alegre. Suas filhas, Andréia, de 10 anos e Adriana, de 7 anos, viajaram com a avó para o Rio Grande do Sul. As duas filhas eram muito agarradas com o pai. Quando a tragédia foi anunciada na televisão, a filha menor do zagueiro tricolor estava na casa de um vizinho e ouviu a notícia sobre o acidente. No mesmo instante correu para casa comunicando à avó que o pai “tinha dor de dente”, não entendendo direito a notícia.
Enquanto isso, o Vice-Presidente de Futebol do Fluminense, Ailton Machado, estava arrasado. Ele tinha passado a noite sem dormir no local do acidente. Apesar de muito triste e cansado, Ailton Machado declarou que o Fluminense prestaria toda a assistência a família de Ari Ercílio. Seu contrato terminaria a 31 de maio de 1974 e seria cumprido pelo Clube até o fim com sua mulher recebendo os Cr$ 10 mil mensais.





Sérgio Aiub, líder da Torcida Organizada do Fluminense entregando troféus a Gérson e Artime, como homenagem dos torcedores tricolores aos dois novos astros do Flu. Os dois chegaram no mesmo dia que Ari Ercílio, mas o zagueiro foi o primeiro a jogar pelo Flu




Já o médico do Fluminense, José Rizzo, estava inconsolável. Mostrou uma carta que recebeu do médico do Grêmio, logo que o Fluminense contratou por empréstimo Ari Ercílio com os maiores elogios ao jogador. Quando releu a carta, chorou. 
Quando terminou o empréstimo, Ari Ercílio esteve para voltar para o Rio Grande do Sul, sua terra natal. Mas o jogador foi comprado e assinou por dois anos. Ari Ercílio estreou contra o Botafogo, com uma vitória por 1 x 0, com gol de Jeremias, aos 43 minutos do segundo tempo. Sua última partida foi contra a Portuguesa, no Maracanã, pelo Campeonato Brasileiro, quando ele entrou no segundo tempo e o jogo terminou empatado em 2 x 2. No domingo, dia 19 de novembro, no jogo com o Botafogo, Ari Ercílio ficou no banco de reservas, mas o técnico Pinheiro pensava em colocá-lo pelo menos em um tempo devido a boa forma que atravessava. No banco com Ari estavam: Vitório, Adilton, Adilson, Zé Roberto e Mickey.
Ari Ercílio nunca desanimou com sua situação. Nunca reclamou ou fez campanha contra outro jogador. Continuou treinando com dedicação, a espera da oportunidade que, segundo o treinador Pinheiro não ia demorar. Bom companheiro, nunca criou caso com o Clube, nem com qualquer outro jogador.
Na véspera do jogo com o Botafogo, do dia 19, Ari Ercílio esteve com o massagista João de Deus do Fluminense, fazendo aplicação de ultra-som e fez algumas confidências. Ari disse que estava com saudades de sua terra onde tinha sua vida regularizada. Revelou ainda que seus negócios estavam sendo administrados por seu irmão “que era muito legal”.
O jogador deixava para sua família um seguro de vida de Cr$ 40 mil, feito na Companhia Boa Vista. Ari Ercílio em doze anos como profissional conseguiu ganhar um bom dinheiro com o futebol (para os padrões da época). Possuía uma frota de táxis, uma cãs na praia e três apartamentos, tudo em Porto Alegre. Ari confessou que só veio para o Rio de Janeiro, devido a sua paixão pelo futebol e pelo Fluminense, que considerava um dos maiores clubes do mundo.






19/11/1972 - Silveira tentando o ataque.  Ari Ercílio estava no banco de rservas em sua última participação como profissional de futebol 





Um dos jogadores do Clube, o atacante Artime, assim que chegou ao local do acidente, desabafou:
 – Perdi meu melhor amigo.
O argentino Luis Artime tinha participado da Copa do Mundo de 1966 fazendo três gols pela seleção argentina. Artime era goleador e possuía vários títulos em sua carreira. Dentre eles, o Roberto Gomes Pedrosa (o Brasileirão da época) de 1969 com o Palmeiras, a Taça Libertadores da América e o Campeonato Mundial de Clubes de 1971 com o Nacional do Uruguai.
Artime considerava Ari Ercílio seu melhor amigo no Fluminense. Nos dias em que esteve mal no Clube, o zagueiro tricolor procurava ajudá-lo em tudo. Artime ficou abalado psicologicamente e nem foi treinar na terça-feira, dia seguinte ao acidente. A diretoria do Flu entendeu sua atitude e a considerou normal. Os dois jogadores – Ari Ercílio e Artime – chegaram ao Fluminense no mesmo dia. Os dois chegaram juntos ao Aeroporto do Galeão às 23h30m, na terça-feira, dia 9 de maio de 1972. Uma pequena multidão de torcedores, com bandeiras, faixas e muito pó-de-arroz, estavam no local para receber calorosamente os novos craques tricolores.
Ari Ercílio e Artime, logo após a chegada em maio, foram hospedados no Hotel Plaza. Ari Ercílio, em um de seus primeiros pronunciamentos no Rio, declarou ao Jornal dos Sports:
 – O Fluminense além do prestígio que tem, possui um bom time e pode levantar qualquer título. Se isso acontecer e eu estiver jogando, acho que serei contratado em definitivo, o que desejo muito. Sobretudo porque a torcida que foi esperar os reforços no Galeão, me fez uma recepção inesperada. E isso me influenciou mais ainda. Agora só penso em permanecer no Fluminense.
Ainda na procura pelo corpo do craque tricolor, os dois homens-rãs utilizados durante as buscas mergulharam inúmeras vezes em diversos locais e nada encontraram. O médico Durval Valente, do Fluminense, explicava que no caso de não ser encontrado o corpo, a viúva teria que esperar dois anos para requerer qualquer tipo de benefício, tempo este estabelecido por lei.
Na quarta-feira, dia 22, pela manhã, as buscas contariam com a colaboração de Lino Santos Filho, mais conhecido como “Lino Salva-Vidas”. Todos os pescadores do local foram unânimes em afirmar que se Lino estivesse presente no momento em que o Ari Ercílio escorregou e caiu no mar, teria evitado o ocorrido, devido a sua habilidade e conhecimento daquela região. Lino já tinha resgatado com vida várias pessoas no mesmo local. Lino “Salva-Vidas” o mais destemido mergulhador da região, vasculhou o mar por mais de oito horas, na quarta-feira, mas sem sucesso.






19/11/1972 - Quase gol do Flu. Ari Ercílio observou o lance do banco de reservas



Os jogadores do Fluminense sentiram muito a morte do companheiro de equipe. Alguns se pronunciaram ao jornal O Globo na quarta-feira, dia 22 de novembro de 1972. Marco Antonio falou:
 – Ele tinha o maior carinho com aquele molinete. Foi comprado na Espanha e ele me chamou para ir com ele na loja. Só não entendo como foi pescar naquele lugar.
Abel (técnico do Fluminense campeão brasileiro de 2012) havia combinado de ir pescar com Ari Ercílio naquela quarta-feira:
 – Havia muito tempo ele vinha me convidando, e nós combinamos para amanhã (hoje).
Mickey contou que Ari Ercílio o convidou para pescar no dia em que morreu:
 – Mas eu tinha muita coisa a fazer e não pude ir. O pior disso tudo é que o terceiro filho estava a caminho e ele estava muito contente por isso.
Na quinta-feira, dia 23 de novembro, o Fluminense jogaria com o Internacional de Porto Alegre, no Maracanã, pelo Campeonato Brasileiro. Era o jogo do primeiro (Internacional) e do último clube (Fluminense) de Ari Ercílio. Era sem dúvida, o jogo da dor, da consternação, da lágrima e da saudade. Antes da partida, os 11.113 pagantes homenagearam o jogador com um minuto de silêncio. O Fluminense que estava de luto jogou com: Félix, Toninho, Silveira, Assis e Marco Antonio; Denílson (Abel), Didi e Rubens Galaxe; Jair (Adilson), Adilton e Lula.
Os torcedores que estavam tristes com todos os acontecimentos, ainda saíram frustrados do Maracanã com o placar de 0 x 0. Assistiram a um jogo muito ruim.  O atacante Artime estava nos planos do técnico Pinheiro para jogar contra o Internacional. Mas como não havia treinado e estava muito abatido com a morte de Ari Ercílio, o argentino ficou de fora da partida.
Foi apenas na sexta-feira, dia 24 de novembro, quando o jovem “Lino Salva-Vidas” localizou na praia do Pepino e trouxe para a areia o corpo de Ari Ercílio. Mickey, Oliveira e Artime, presentes no local, não tiveram como conter as lágrimas. Eram dois quilômetros do local onde o zagueiro sofreu a queda. Era por volta das 13h20m. Eram decorridas cem horas do acidente. A bermuda azul Lee e a camisa também azul, junto com os documentos e Cr$ 65,00 na carteira encharcada, confirmavam o encontro do corpo de Ari Ercílio.
Lino “Salva-Vidas” também era conhecido na Rocinha – local em que morava – como “Anjo Bom do Mar”. Lino tinha 20 anos e morava na Rua Dois, 339, na Estrada da Gávea. Lino ao ser perguntado pelo jornal O Dia se tinha sentido muito a morte de Ari Arcílio, respondeu:
 – Claro que senti. Primeiro porque sou Fluminense e o admirava como jogador. Era um zagueiro de ótima qualidade. Segundo porque sinto sempre a morte de uma pessoa seja ela quem for. Eu queria achar o corpo para que ele pudesse ser sepultado cristãmente. Cumpri o que prometi a mim mesmo.







23/11/1972 - Flu 0 x 0 Internacional. Em pé: Toninho, Félix, Silveira, Denílson, Assis e Marco Antonio. Agachados: Jair, Didi, Adilton, Rubens Galaxe e Lula. Observa-se a faixa preta de luto na camisa de Assis, Jair, no mascote tricolor, Adilton, Rubens Galaxe e Lula





Ao verem o corpo de Ari Ercílio, Artime e Mickey estavam inconsoláveis. Oliveira teve que ser anteriormente amparado pelos companheiros. Artime chegou a se desentender com um jornalista que tentava fotografar Helena, a viúva, pela janela da Variant azul do jogador argentino.  As esposas de Artime e Mickey tentavam consolar a viúva. O Drº Durval Valente só permitiu o encontro da viúva com o corpo do marido no Instituto Médico Legal (IML), longe do público e depois que os médicos legistas tratassem do cadáver e atenuassem os efeitos dos quatro dias no mar.
No IML, estiveram presentes os jogadores Denílson, Mickey, Artime e Félix; o Vice-Presidente de Futebol do Fluminense Ailton Machado; o Diretor Hugo Molinaro; Zezé Moreira; o coordenador Emilson Peçanha. O Tesoureiro do Fluminense, João Batista Sodré, também acompanhou todos os lances da liberação do corpo, com ordens do presidente Jorge Frias de Paula para que o Clube pagasse todas as despesas. A autopsia ocorreu imediatamente e o corpo foi liberado em seguida, tudo em 75 minutos. O atestado de óbito saiu assinado pelo Drº Salim Rafael Balaciano, que deu como causa-mortis “asfixia por afogamento”.   
O corpo do jogador tricolor foi velado na Capela F do cemitério São Francisco Xavier, no Caju, com enorme presença dos tricolores. Todos os jogadores do Fluminense ficaram na Capela do cemitério velando o corpo do companheiro de time e dando apoio à viúva.
Um avião da Varig especialmente fretado pela diretoria do Fluminense levou o corpo de Ari Ercílio para Porto Alegre. Além de Artime, oficialmente designado para representar os jogadores, Mickey e Denílson, estiveram presentes no Aeroporto do Galeão, na manhã de sábado, dia 25, quando o corpo de Ari Ercílio seria embarcado para a capital gaúcha. O sepultamento estava previsto para a tarde de sábado. Artime (com sua esposa) seguiu para Porto Alegre em companhia do representante do Fluminense, Zezé Moreira. 
Por volta das 10h40m, desembarcou no Aeroporto Salgado Filho, em Porto Alegre, o corpo do jogador tricolor. Dirigentes do Internacional, do Grêmio e da Federação Gaúcha, esperavam o corpo, além de todos os familiares de Ari Ercílio. Do avião, o caixão já estava coberto com a bandeira do Fluminense, com uma faixa preta de luto. E em seguida foi colocada outra do Grêmio. O caixão foi conduzido para o carro fúnebre por dirigentes do Internacional, do Grêmio e por Zezé Moreira, que representava o Fluminense.
Num extenso cortejo, o corpo foi levado para o cemitério Ecumênico João XXIII, escoltado por batedores da Brigada Militar do Estado do Rio Grande do Sul. No cemitério foi realizada uma missa de corpo presente. A seguir o sepultamento.
Estiveram presentes muitos amigos, principalmente vindos de Belém Novo, bairro de Porto Alegre onde Ari Ercílio nasceu e onde seus pais residiam. Também estiveram presentes muitos diretores do Grêmio e Internacional, bem como diversos jogadores do Internacional, que saíram da concentração especialmente para se despedir e homenagear o jogador gaúcho.
No sábado, durante o treino dos jogadores tricolores no ginásio do Clube, era perceptível a tristeza e o desânimo de todos. E principalmente dos que foram ver o corpo de Ari Ercílio encontrado na praia do Pepino. No jogo recreativo de voleibol faltaram as brincadeiras, gargalhadas e gozações costumeiras.





23/11/1972 - Flu 0 x 0 Internacional. O jogo entre o primeiro e o último clube de Ari Ercílio. Antes da partida foi respeitado um minuto de silêncio




O Fluminense jogava com o Vasco, no domingo, dia 26 de novembro. A partida foi iniciada com cinco minutos de atraso e as torcidas já estavam impacientes. O público de 34.693 pagantes só ficou calado quando o árbitro José Marçal Filho ordenou um minuto de silêncio em memória de Ari Ercílio. Foi aí, então, que um silêncio pesado tomou conta do Maracanã. Em seguida, torcedores do Fluminense lamentavam a morte de Ari Ercílio e diziam que “ele vai fazer falta ao time”. A partida terminou empatada. Fluminense e o Vasco acabaram satisfeitos com o 0 x 0.
A missa de sétimo dia em intenção da alma de Ari Ercílio foi realizada na segunda-feira, dia 27 de novembro, às 11h30m, na Igreja de Nossa Senhora da Glória, no Largo do Machado. Dirigentes, jogadores e torcedores do Fluminense lotaram as dependências da igreja. O grande movimento começou duas horas antes da missa. Esteve presente também o Presidente da FCF (Federação Carioca de Futebol), Octávio Pinto Guimarães.
A grande massa popular se aglomerava na porta da igreja. O Presidente do Fluminense, Jorge Frias de Paula, chegou acompanhado de toda a sua diretoria. Gérson e Denílson estavam entre os primeiros. Zezé Moreira e Pinheiro não conseguiram lugares. O chefe da Torcida Organizada do Fluminense, Sérgio Aiub, encabeçava um grupo de mais de 50 torcedores, todos vestidos com a camisa do Clube.
A cerimônia foi celebrada – a pedido da diretoria e dos torcedores do Clube – pelo padre Antonio Gomes Pereira do Colégio São Vicente de Paulo. O padre Antonio era um grande torcedor do Fluminense. Do púlpito ressaltou a figura honesta de Ari Ercílio e sua conduta como chefe de família.  Alguns jogadores não conseguiram conter as lágrimas. Ao final da missa, Gérson, Denílson, Félix e Marco Antonio foram os mais solicitados pelos torcedores. 
A coluna “Bate Bola” do Jornal dos Sports, que recebia cartas dos leitores, no período próximo da missa de sétimo dia de Ari Ercílio, recebeu várias cartas de carinho e solidariedade relacionadas ao falecimento do jogador do Fluminense. Demonstrando claramente a consternação do torcedor carioca. Vejam algumas destas:
“O desaparecimento do jogador Ari Ercílio do Fluminense, enluta não só os dirigentes e torcedores do clube, como todo o desporto nacional pelo exemplar profissional que era. Nesta oportunidade, como torcedor do Flamengo, transmito aos familiares, dirigentes e torcedores, meus sentimentos  pelo trágico acontecimento” (Mário Martins Pontes, Mesquita, RJ).
“Numa época como esta em que o futebol brasileiro é respeitado e admirado no mundo inteiro, é lamentável a perda de qualquer jogador ou qualquer pessoa ligada ao esporte. Num passado não muito distante, o mundo esportivo teve duas grandes perdas: Romeu, um grande craque do passado, e Mário Júlio, um torcedor e acima de tudo um homem de grande valor para o futebol brasileiro. Agora, não só a torcida carioca como milhões de brasileiros amantes do futebol, sofrem com o desaparecimento prematuro de Ari Ercílio. Por isso, venho apresentar, em nome de toda torcida brasileira, meus pêsames a parentes, amigos e admiradores de Ari Ercílio” (Júlio César Gomes de Andrade, Meriti, RJ).
“Em nome da imensa torcida rubro-negra, envio os pêsames pela perda do grande zagueiro brasileiro que defendia as cores tricolores: Ari Ercílio” (Lucimar Mengão, Jardim Guanabara, GB).
“O futebol carioca está de luto com a perda de Ari Ercílio, um excelente zagueiro. Quero dar os meus pêsames à família tricolor” (Jorge Roberto, Força Flu, Penha, GB).
“A família Unifogo se une à família tricolor nessa hora de pesar pelo desaparecimento do seu grande atleta. Ari Ercílio Barbosa, que tanto brilho e galhardia defendeu a camisa do nosso co-irmão, o Fluminense. Aceitem os nossos votos de pesar” (Fernando, Cláudio e Maurício, diretores).
“Nestas horas, é sempre difícil dizer lamentamos muito e talvez essa seja a única frase a ser dita. De minha parte fica o agradecimento à família, como se fosse a ele (Ari Ercílio). Pelo que fez por nós torcedores e pela alegria que me deu e a todos os outros tricolores, de usar a nossa camisa. Fica a lembrança, o agradecimento a as duas últimas palavras à família: sentimos muito, realmente” (Lilian Joyce, Méier, GB).
Portanto, no intuito de homenagear e reverenciar a memória de ARI ERCÍLIO BARBOSA, o Blog “CIDADÃO FLUMINENSE” compartilha algumas destas informações, sobre a vida e a carreira do saudoso ex-zagueiro tricolor. Pois como diria Nelson Rodrigues: “Há entre Ari Ercílio e o Fluminense um vínculo mais forte que a vida e do que a morte. Amém”. 






ARI ERCÍLIO




Nelson Rodrigues escreveu sobre Ari Ercílio


O imortal escritor e jornalista Nelson Rodrigues, escreveu o seu relato após tomar conhecimento da morte de Ari Ercílio. Os escritos do gênio tricolor foram publicados em sua coluna “À sombra das chuteiras imortais”, do jornal O Globo, no dia 22 de novembro de 1972. Veja abaixo o texto de Nelson Rodrigues sobre Ari Ercílio:



1 – Amigos, só conhecia Ari Ercílio de “Mário Filho”. No passado, o campo pequeno criava uma intimidade entre o torcedor e o espetáculo. Era uma relação muito mais intensa, uma convivência muito mais dramática. O torcedor sentia-se como um jogador a mais, dando botinadas em todas as direções. Mas o ex-Maracanã inaugurou  uma nova distância entre o público e o espetáculo.

2 – E havia entre mim e Ari Ercílio, a separar-nos, essa distância imensa. Nunca lhe apertei a mão, nunca um “oba” nos ligou e ele seria para mim quase um desconhecido. Mas aí é que está: - o sentimento pode contrariar todas as leis da óptica. Eu gostava do gaúcho e, por ser gaúcho, dei-lhe o nome de “Domingos dos Pampas”. Várias vezes, o Marcelo Soares de Moura, em pleno fogo das batalhas, dizia: – Boa do “Domingos dos Pampas”. E o Miguel Lins era outro. Várias vezes, disse-me: – “Bacana essa do Domingos dos Pampas”. E esse “Domingos dos Pampas” criou, entre mim e ele, uma boa, nobilíssima amizade. Apesar da distância do “M ário Filho”, e da miopia que me persegue, tínhamos uma proximidade amiga.

3 – Até que, anteontem, ouço na televisão: – “Morreu Ari Ercílio”. A chamada morte natural não agride com essa violência. Há a doença, a história da doença, vai preparando não só o próprio doente, mas os outros. Há uma progressão compassiva. O pior é quando tudo acontece de repente. A pessoa está viva, tem um vasto futuro, criará seus filhos e, depois, os filhos dos seus filhos. E, de repente, a queda.

4 – Ari estava mais vivo do que nunca. Já voltava. Mas resolveu dar mais dois ou três passos. E veio a queda. Seu corpo desliza, rola, mergulha. Por que pescar ali, onde o pescador está a um milímetro da vertigem, olhando cara a cara o precipício? Outros já morreram naquele local ou nas proximidades. Lembro-me de Jackson Figueredo, que pescava também, caiu e cujo corpo foi aparecer a milhas e milhas de distância.

5 – Vejam vocês: – eu não ia escrever sobre Ari Ercílio. E explico: – não há nada mais antiliterário do que o verdadeiro sentimento. Sim, o verdadeiro sentimento escreve mal, muito mal. Quando uma crônica de saudade sai perfeita, desconfiemos da saudade: Ia dedicar a Ari Ercílio duas linhas, de passagem. E já estou chegando ao fim do meu espaço.

6 – Eis o que eu queria dizer: – a morte é anterior a si mesma. Começa antes, muito antes. Vocês imaginem que Ari Ercílio tinha feito um seguro de vida de não sei quantos milhões. Segundo me informa o Denis Menezes, a senhora do grande zagueiro ouvira do seu marido este vaticínio: – “Eu não emplaco 73”. Era já o processo da morte.

7 – Outra coisa impressionante: – Ari Ercílio estava pescando num lugar sem problemas: Nisto passa alguém e diz-lhe: – “Não adianta, companheiro. Ai não dá nada. Peixe é ali. Olha: – ali”. Era a morte que o chamava. E, segundo Denis Menezes, o grande jogador chamou a esposa para descer. Ela não quis.

8 – Ele queria terminar sua carreira no Fluminense. Terminou a carreira e a vida. Há entre Ari Ercílio e o Fluminense um vínculo mais forte que a vida e do que a morte. Amém.       



quinta-feira, 15 de novembro de 2012

Projeto de plebiscito popular sobre a privatização do Maracanã

A deputada estadual Clarissa Garotinho (torcedora do FLUMINENSE com sua mãe, a ex-Governadora Rosinha), conquistou apoios e apresentou uma proposta que será analisada em Comissão antes de ser votada no Plenário da Alerj (Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro).
Clarissa Garotinho (PR-RJ) nesta terça-feira, dia 13/11, protocolou na Alerj, projeto de resolução para que um plebiscito popular sobre a privatização do Maracanã seja convocado.
A proposta de Clarissa obteve 33 assinaturas favoráveis, quando o apoio de 28 dos 70 deputados já seria suficiente. O projeto será analisado pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) antes de ir ao Plenário da Alerj. A CCJ tem 15 dias úteis para dar um parecer sobre o pedido de plebiscito.
Clarissa Garotinho espera que o parecer sobre o projeto deva estar pronto em 15 dias. Clarissa declarou sobre a questão ao jornal LANCE!: “Entregar essa decisão para o povo do Rio é a forma menos autoritária de se resolver a questão. Particularmente sou contra a concessão e pelo que tenho visto nas ruas, na Alerj e nas redes sociais as pessoas também são contra. O Maracanã é público e tem que continuar sendo”.


segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Uma noite de festa e de paz!

Gostaria de parabenizar quem teve a ‘feliz ideia’ de solicitar que o professor Leandro Carvalho, o 'Campinho', fosse o ‘mestre de cerimônias’ da festa da torcida nas Laranjeiras. Foi uma bela forma de homenagear a torcida tricolor. E o Campinho mandou muito bem!
A noite era de festa e de paz! E foi muito legal (muito legal mesmo) ver o Campinho abraçado com o Diguinho, puxando o coro de... “DIGUINHO! DIGUINHO! DIGUINHO!” Os sorrisos dos dois eram contagiantes. Parabéns Campinho! Parabéns Diguinho!
E muito legal também foi ver o Campinho puxando o coro... “O FRED VAI TE PEGAR!!!” As divergências são circunstanciais. Mas as convergências são maiores. Pois, “O FLUMINENSE SOMOS TODOS NÓS!!!” “O FLUMINENSE ESTÁ ACIMA DE TUDO!!!”

A correta atualização de nossas conquistas

Ao olhar para o muro do Estádio das Laranjeiras e ver a inscrição “TRICAMPEÃO BRASILEIRO 1970-1984-2010”, como muitos tricolores devem ter pensado, eu também pensei: “O muro de nosso estádio já está desatualizado”.
Esperando o “Time de Guerreiros” até o fim (na fila do gargarejo), observei quando o tricolor Heitor D’Alincourt e o Tesoureiro do Fluminense, Fábio Dib, movimentavam-se pelas arquibancadas sociais carregando latas de tinta. Na hora, pensei: “Vem coisa boa por aí”.
E era exatamente o que eu pensava. Heitor e Fábio Dib, acompanhados de uma ‘bela jovem’, dirigiram-se até a tal inscrição para fazerem a correta atualização de nossas conquistas. E pintaram no muro: “TETRA 2012”. Valeu Heitor! Valeu Fábio Dib!
Quebrar certos protocolos ‘não faz mal a ninguém’. Lógico, que posteriormente, o Clube providenciará uma pintura melhor trabalhada. Mas valeu pelo gesto, pela iniciativa. A noite era de festa e de paz!