segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

A consagração e a tradição histórica do "timinho"

Uma das grandes formações do Fluminense, campeão de 1951. Em pé: Píndaro, Edson, Jair, Pé de Valsa, Castilho e Pinheiro. Agachados: Lino, Didi, Carlyle, Orlando e Joel.




Em outras épocas o Fluminense possuiu excelente relação com os meios de comunicação. Em outros tempos não existia radicalismo no futebol. 

Em 12 de junho de 1951 o jornal Última Hora de Samuel Wainer iniciava a sua rica trajetória no jornalismo brasileiro. O esporte, Samuel Wainer entregou para Augustinho Rodrigues, que ele tirou de O Globo, oferecendo-lhe quatro vezes mais do que recebia. Augustinho, com a concordância de Wainer, levou seus irmãos: Paulinho, como repórter - e Nelson, como redator. E em menos de um ano, as seis irmãs Rodrigues ocupariam  o suplemento feminino. Todos os Rodrigues eram Fluminense. Mário Filho dizia que fora Fluminense, mas só até 1928.

Nelson Rodrigues entrou na Última Hora ganhando dez mil cruzeiros. Em seu último salário n'O Globo recebeu três mil cruzeiros. Nelson sabia muito bem que os jornais e os jornalistas só eram "imparciais" de araque. Sobre "imparcialidade" é famosa uma frase de Nelson Rodrigues: "O ser humano é capaz de tudo, até de uma boa ação. Não é, porém, capaz de imparcialidade. Só acredito na isenção do sujeito que declarar que a própria mãe é vigarista". 

No caderno de esportes - dirigido por Augustinho Rodrigues - as cores do Fluminense saíam ainda mais tricolores do que na realidade. Augustinho transformou o futebol numa grande atração do jornal. Em 1951, o Fluminense foi campeão carioca e esse campeonato tornou-se memorável para os tricolores, graças às cores de Última Hora e a mística do "timinho" criada pelo repórter Paulo Rodrigues, irmão de Augustinho, Nelson e caçula da família. 

O Fluminense não era campeão desde 1946. Zezé Moreira treinador do Fluminense era famoso por armar seus times na defesa. E o Flu foi ganhando os jogos de 1 a 0. A imprensa e os adversários faziam gozação, chamando-o de "timinho". O Fluminense foi crescendo no campeonato e Paulinho Rodrigues resolveu incorporar a denominação de "timinho". Foi desta maneira que a Última Hora passou a tratar o Fluminense. No final do campeonato, Paulinho sentiu-se vitorioso e feliz. Ele tinha conquistado uma grande vitória como jornalista ao batizar o Fluminense de "timinho". E feliz como torcedor pelo título conquistado. 

Paulinho era tricolor fanático. E quando se encontrava com seus ídolos tricolores como, Castilho, Didi, Pinheiro e Telê, deixava de ser o grande jornalista e parecia um torcedor adolescente. 

No domingo, dia 20 de janeiro de 1952, dia de São Sebastião, padroeiro da cidade do Rio de Janeiro, jogaram no Maracanã, Fluminense e Bangu decidindo o título de 1951. O Fluminense venceu por 2 a 0 e foi campeão. Telê marcou os dois gols, foi o nome do jogo e um dos heróis do título. O Fluminense conquistava o seu primeiro título na Era Maracanã. 

O Fluminense naquele dia 20 de janeiro viveu um dos momentos mais marcantes e festivos de toda a sua história. Iniciou o Campeonato Carioca de 1951, praticamente, como um simples participante, mas pouco a pouco foi mostrando seu valor e se firmando na competição. Era a consagração absoluta do "timinho" do Fluminense. O "timinho" definitivamente virou "timaço". 

Naquela época, todos os jornais eram impressos em duas cores. Mas as máquinas da Última Hora eram modernas e permitiram que, no dia seguinte da conquista do título do Fluminense, pela primeira vez na história da imprensa esportiva uma foto colorida de um time de futebol saísse na primeira página de um jornal no Brasil. 

A foto do "timinho" campeão foi um sucesso absoluto. Com a conquista do título do Campeonato Carioca de 1951, o "timinho", consolidou-se como uma das grandes honras da história do Fluminense. A partir de 1951, tornou-se uma tradição do Fluminense perseguir e conquistar títulos com "timinhos". 



3 comentários:

  1. Prezado Eduardo,
    belíssimo resgate histórico.
    Viva o "Timinho"! Somente a grandiosidade tricolor é capaz de acumular títulos de extrema dificuldade com "Timinhos": e que "Timinho" não seja confundido com deficiência técnica e tática, mas, ao contrário, com eficiência ímpar, derivada de um nivelamento competente de todos os atletas. Com o "Timinho", o jogo coletivo se sobressai, sem anular as surpresas da individualidade de um Didi ou de um Telê.
    Saudações Tricolores, e abaixo o "Novo" Fluminense cheio de mofo, que vigora atualmente nas Laranjeiras.
    Felipe Brito.

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  2. É sempre bom recordarmos os grandes times que o FFC já teve e este é um deles. E foi neste time se não estou enganado que o Telê recebeu o apelido de "Fio de Esperança".
    Porque o Telê não saiu na foto..??

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  3. Prezado Paulo Júnior,

    Sua participação é sempre muito importante por aqui...

    O Telê não saiu na foto simplesmente, pois como foi dito na legenda, esta é "uma das grandes formações do time" campeão de 1951. E não a única formação. Em todos os campeonatos, em todas as épocas, não existe uma única formação. Sempre têm alguém machucado, suspenso, essas coisas. Por exemplo, nesta foto está o grande Pé de Valsa, que jogou apenas os primeiros jogos do campeonato de 1951 e depois saiu do Flu.

    Imaginei que alguém pudesse fazer tal comentário observando que o Telê é um dos poucos jogadores citados no texto, um ídolo histórico do Flu e não aparece na foto. Mas apenas era a foto disponível para ilustrar o texto e recordarmos este grande time do Fluminense. Esta foto também esta no livro "1952 Fluminense Campeão do Mundo". Escolhi esta foto para entrar no livro para prestar uma homenagem ao Joel - ponta-esquerda do Flu em 1951 -, que está vivo e trabalha em Xerém.

    Fiz questão de fazer o lançamento do livro no dia do aniversário de 82 anos do Joel para homenageá-lo. Foi no Bar do Tênis no dia 7 de setembro de 2012, uma sexta-feira de "feriadão". Com a piscina fechada por causa das obras, o Clube estava deserto. Ainda fui sacaneado por alguns (talvez eles fossem flamenguistas ou coisa parecida) pelo baixíssimo número de presentes no lançamento do livro. Mas homenagear o Joel "Campeão Carioca de 1951" era mais importante do que qualquer coisa. Vale lembrar que, o Vítor - integrante do time campeão de 1951 - também esteve presente ao lançamento.

    Foi neste lançamento do livro de "1952" que o Valterson Botelho conheceu pessoalmente o Joel e o Vítor. Posteriormente, o Valterson fez a sua tradicional filmagem com os nosso campeões de 1951 para que todos os tricolores possam conhecer um pouco mais da história do Flu. Este prazer de ter homenageado o Joel e o Vítor, eu terei para o resto da vida.


    Um abraço fraterno e saudações tricolores,

    Eduardo Coelho

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