quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

Destruíram a memória, deixaram o endereço

Às favas com a história, a arquitetura, as características que faziam do mais famoso templo esportivo da Terra um emblema do Rio. O que contou na demolição – a palavra exata é essa – do Maracanã foi... o endereço. Os tecnocratas que comandam a máquina de fazer dinheiro chamada Copa do Mundo enxergaram no estádio sessentão o terreno mais que perfeito para construir uma arena contemporânea – e varrer do mapa o campo lendário. No time deles, escalaram-se, pena, os homens públicos que comandam a terra carioca.

Basta observar Mundiais recentes para constatar a diferença na autopreservação das cidades. Na Copa de 1998, na França, o Parc des Princes, inaugurado em 1897 na região oeste de Paris (dentro da cidade) foi preservado – e, para o megaevento construiu-se o Stade de France, em Saint Denis, cidadezinha na periferia da capital, a caminho do aeroporto Charles de Gaulle. Lá, foram jogadas a partida de abertura e a final, dolorosamente inesquecível para os brasileiros.

Em Munique, o Estádio Olímpico também não foi demolido nem desfigurado para a Copa de 2006. Para o início da competição, ergueu-se um novo, a Allianz Arena ( já com os naming rights, modernidade que dá o nome do patrocinador do lugar). Os alemães “convenceram” a Fifa de que, à falta de outro jeito, o estádio teria de ficar fora da cidade, na ponta de uma linha de metrô e a quase dois quilômetros de caminhada da estação. Jogo jogado.

Aqui, botaram abaixo o cenário do acontecimento mais importante de nossa história futebolística, a derrota para o Uruguai, em 1950. O novo estádio vai ser lindo, moderno, luxuoso, confortável. Só não será mais o Maracanã que vive nos corações cariocas.


Aydano André Motta

(Texto publicado no jornal O Globo em 01/02/2012)

Um comentário:

  1. Posso dizer que foi o meu maior arrependimento ( por enquanto está sendo) que já tive na vida , que foi querer presenciar uma Copa do Mundo pelo menos uma vez na vida no meu pais , na nossa Cidade e o melhor, no nosso Estádio de grandes Glórias , o nosso Maracanã.
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    Mas depois ver as barbaridades que estão sendo feitas no nosso estádio o meu arrependimento bateu forte e eu não tinha idéia do preço que nós cariocas pagaríamos para ter tal evento em nossa cidade.
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    E o preço foi alto , aliás , é incalculável o preço de quanto valia o Nosso Maracanã do jeito que ele era de partidas épicas, de vitórias memoráveis, de derrotas inesquecíveis e de arquibancadas embandeiradas .
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    E o absurdo imaginável de acontecer o que certa vez o tricolor JOÃO HAVELANGE disse, que o maracanã deveria ser implodido e ali ser construído um novo estádio, aconteceu; ele não realizou a sua idéia maquiavélica destrutiva mas o seu genro, o presidente da CBF realizou sem dó e piedade, não implodiu o nosso maracanã por fora , mas por dentro ele derrubou tudo de bom que o nosso estádio Mário filho tinha.
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    E para piorar o que já está sendo ruim ainda não poderei ver NENHUM jogo pela Copa do Mundo no Maracanã da FIFA , além de perder o nosso estádio ainda só poderei ver o jogo da seleção se esta chegar a final da competição.
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    A magoa que sinto pela perda do nosso Maracanã é tão grande que já torço para o Brasil nem chegar na final dessa Copa do Mundo , pode ser que mais perto do evento mundial eu mude de idéia mas por enquanto o meu sentimento é esse.

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