domingo, 8 de abril de 2012

A luta política é uma luta pedagógica

O que significa dar uma ‘cervejinha’ para o guarda de trânsito da esquina? O que significa 'furar fila' em banco? O que significa uma pessoa utilizar a vaga de deficientes no estacionamento quando ela não é deficiente? O que significam fraudes em licitações públicas? O que significa um deputado propiciar passagens áreas para sua filha, pagas por seu gabinete em Brasília? O que significam desvios de verbas públicas?

O Brasil é o país do “jeitinho”. Afinal, o negócio é levar vantagem em tudo, certo? E em nosso país todos cometem o pequeno ‘delito nosso de cada dia’. Aqui temos a cultura do individualismo e da vantagem a qualquer preço.

O antropólogo Roberto Da Matta afirma em sua tese sobre a utilização do contraponto entre o público e o privado para desvendar a cultura brasileira. A rua é o espaço público da batalha do cotidiano, das dificuldades do trabalho, da individualização e da malandragem. A casa é o espaço do aconchego familiar, dos amigos e parentes. Limpamos ritualmente a casa e sujamos a rua (sem vergonha alguma). A casa é o espaço de calma, de repouso e hospitalidade. A rua pertence ao governo ou ao povo. É um local perigoso. Por isso “vale tudo”?

A noção de cidadania no Brasil sofre um desvio que a impede de assumir integralmente seu significado político. A sociedade brasileira é hierarquizada, desigual e relacional. O que vale é a relação. No Brasil ninguém escapa dos laços de família e dos elos de amizades. Dentro desta lógica é muito comum ouvirmos em nossa sociedade: “É muito importante você ter amizades. Não adianta nada você ficar batendo de frente. Você não vai conseguir nada com isso”.

Se o presidente Peter Siemsen quer agradar alguém com um ‘presentinho’ – seja casaco esportivo, cueca ou passagem aérea – ele tem todo direito. Desde que o presidente faça isso com o seu próprio dinheiro. Mas, não com o pouco dinheiro do Fluminense. Seus amigos e correligionários não viviam (e vivem) dizendo que ele é milionário? Então, ele pode pagar (do seu próprio bolso) quantas passagens aéreas quiser. Mas dos combalidos cofres do Fluminense, não. Ou será que o presidente Peter Siemsen vai continuar colocando em prática essa velha e ultrapassada ‘cartilha pefelista’, abarrotada de agradinhos, presentinhos e factóides? Cuidado presidente! Essa cartilha é de um partido praticamente em extinção.

Alguém me chamar de mau caráter, safado, dentre outras coisas, não vai resolver os problemas de ninguém. Muito pelo contrário! E muito menos resolver os problemas financeiros do Fluminense. Só provará o desequilíbrio emocional de certas pessoas, ao serem flagradas em situações embaraçosas e constrangedoras que não fui eu que criei. Apenas relatei. E provará também que o presidente Peter Siemsen precisa urgentemente rever alguns de seus conceitos e certas atitudes.

Talvez isso seja a lógica de raciocínio do Roberto Da Matta, quando diz que a rua é o espaço da malandragem e da individualização. Dizer que sou frustrado não significa coisa alguma. É apenas uma opinião enfurecida e raivosa. Talvez eu fosse ‘muito frustrado’ se ao tomar conhecimento de alguma “mamata imponente” e não fizesse absolutamente nada.

Sobre propor um boicote a este Blog, recomendo redobrar os esforços. Pois a audiência só tem aumentado! Aqui são escritas – quando necessárias – críticas políticas. Jamais pessoais! Com estômago de aço dá pra absorver tranquilamente os percalços da luta 'sem perder a linha'. O Fluminense não é a minha primeira trincheira de luta e nem será a última.

Será que alguém em sã consciência acredita que agraciar outra pessoa com benesses ou receber ‘presentinhos’ não tem nada de político? Sei que existem muitos ‘analfabetos políticos’ na sociedade brasileira, como definiria exemplarmente Bertolt Brecht. Mas a luta política é uma luta pedagógica.

Pessoas que ocupam importantes espaços de poder no Brasil precisam ser fiscalizadas. O tempo todo! Isso faz parte do exercício pleno e total de cidadania. Isso faz parte do regime democrático. E o Fluminense não fica fora desta realidade. O Blog “CIDADÃO FLUMINENSE” estará sempre atento e pronto para colaborar com o nosso Fluminense. Quem não quiser se acostumar com isso, sinto muito. É melhor abandonar a política tricolor. Afinal, a luta política é uma luta pedagógica.

2 comentários:

  1. Eduardo,
    Parabéns, continue com esse belo trabalho de denunciar e informar aos verdadeiros Fidalgos Tricolor, o que ocorre nos bastidores do Novo Fluminense. O dito Novo Fluminense realmente e "Novo" em tudo, senão vejamos: Professor antes reclamão, agora é coordenador de Xerém com belo salario, que nem em multinacional paga. Agora não reclama de mais nada.
    O "Topiqueiro" que vivia perambulando pelo clube, em busca de um cargo de vice presidente, agora é pasmem "Gerente de Projetos Especiais" (?). Também com um belo salário.
    E por ai vai, um dia viajam 18 funcionários por conta da viuva, noutro dia um aproveitador, que vivia pelos quatros cantos falando mal do presidente, em troca de uma viagem agora é só elogios.
    Estamos vivendo um momento de farra com o dinheiro da viuva. Parece até empresa publica esse "Novo Fluminense".
    Muito triste, o ultimo a sair apague a luz. O tempo é o senhor da razão.
    Saudações Tricolores.
    Antonio Carlos.

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  2. O Fluminense tem tudo de ruim que instituição pública com o agravante que não há nenhuma transparência, nenhum TCU para controlar. Nada.
    Da-lhe PJs no Novo Fluminense. Triste. Muito triste.

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