Tricolores e Associados do Fluminense F. C.
Já que a prometida auditoria big four não saiu, resolvi por conta própria, com base nas demonstrações financeiras publicadas no site oficial e em outras fornecidas por conselheiros do clube, fazer uma análise completa do desempenho econômico-financeiro dos 18 primeiros meses da gestão Peter Siemsen, e também uma análise das principais políticas contábeis aplicadas na preparação das demonstrações contábeis nos últimos exercícios.
Atendendo a um pedido do Professor de História e Escritor Eduardo Coelho, fizemos uma síntese dos 4 (quatro) tópicos iniciais que haviam sido enviados anteriormente para a minha lista de contatos, procurando focar apenas nas questões financeiras, para que sejam publicados no seu Blog "Cidadão Fluminense", e posteriormente possamos debater de forma democrática, sobre este tema que é do interesse de todos os tricolores e sócios do Fluminense F.C.
Atendendo a um pedido do Professor de História e Escritor Eduardo Coelho, fizemos uma síntese dos 4 (quatro) tópicos iniciais que haviam sido enviados anteriormente para a minha lista de contatos, procurando focar apenas nas questões financeiras, para que sejam publicados no seu Blog "Cidadão Fluminense", e posteriormente possamos debater de forma democrática, sobre este tema que é do interesse de todos os tricolores e sócios do Fluminense F.C.
O endereço do blog é este: http://cidadaofluminense.blogspot.com/
Os amigos fazem parte de uma lista de centenas de tricolores e associados que conheci nos meus 38 anos de clube, nos tempos de Flusócio e outros tantos que vieram para o clube através do projeto SATT Serviço de Atendimento ao Torcedor Tricolor do qual tive o prazer de participar de forma efetiva, disponibilizando as instalações da Luke, e na troca de e-mail´s e telefonemas, sempre recomendando a sua associação, pois esta era uma das poucas formas que eu vislumbrava para que o clube conseguisse sair da situação de abandono em que se encontrava na época, a outra seria através de uma gestão competente que elaborasse orçamentos dentro da realidade do clube, com previsão mínima de um superávit que aos poucos fosse utilizado para amortizar parte do seu passivo.
Sou Contador, Auditor, Perito Judicial do TJ/RJ e Perito de Varas Cíveis Federais e de Execuções Fiscais, com 32 anos de carreira, e venho estudando as finanças do Fluminense há aproximadamente 9 (nove) anos, tendo elaborado neste período cerca de 80 arquivos (32,8 MB), com matérias e planilhas sobre as finanças do clube.Para quem não recebeu os primeiros tópicos, segue a síntese que será publicada em breve no Blog "Cidadão Fluminense".
Os amigos fazem parte de uma lista de centenas de tricolores e associados que conheci nos meus 38 anos de clube, nos tempos de Flusócio e outros tantos que vieram para o clube através do projeto SATT Serviço de Atendimento ao Torcedor Tricolor do qual tive o prazer de participar de forma efetiva, disponibilizando as instalações da Luke, e na troca de e-mail´s e telefonemas, sempre recomendando a sua associação, pois esta era uma das poucas formas que eu vislumbrava para que o clube conseguisse sair da situação de abandono em que se encontrava na época, a outra seria através de uma gestão competente que elaborasse orçamentos dentro da realidade do clube, com previsão mínima de um superávit que aos poucos fosse utilizado para amortizar parte do seu passivo.
Sou Contador, Auditor, Perito Judicial do TJ/RJ e Perito de Varas Cíveis Federais e de Execuções Fiscais, com 32 anos de carreira, e venho estudando as finanças do Fluminense há aproximadamente 9 (nove) anos, tendo elaborado neste período cerca de 80 arquivos (32,8 MB), com matérias e planilhas sobre as finanças do clube.Para quem não recebeu os primeiros tópicos, segue a síntese que será publicada em breve no Blog "Cidadão Fluminense".
Milton Borges
Parte I e II - Introdução
Imaginem uma família de classe média que outrora fez parte da classe alta, e hoje se encontra bastante endividada, tendo hipotecado seus bens, com dívidas de cartão de crédito, cheque especial, com ações trabalhistas de ex-empregados, e, que nestas condições, resolve pedir ajuda a um amigo especialista em finanças com larga experiência em clubes de futebol, para que a ajude a montar um orçamento familiar.
Esta família fez acordos recentes, para pagamento da dívida trabalhista em 12 parcelas de R$ 1.000, parcelou a dívida do cheque especial em 12 x de R$ 1.000, e a dívida do cartão de crédito em 12 x R$ 1.000.
O marido recebe de salário R$ 5.000 e a esposa R$ 2.000.
A família tem despesas estimadas mensais com condomínio R$ 800; luz, gás e telefone R$ 500, despesas com instrução R$ 1.200, vestuário R$ 600, empregados domésticos R$ 1.200; plano de saúde R$ 1.200, transporte R$ 800, e outras despesas de R$ 800.
De posse destas informações o especialista monta o orçamento conforme planilha abaixo e informa à família que vai ser necessário cortar R$ 100 de custo para não fechar o ano com déficit.
Receitas:
Salário marido: 5000
Salário esposa: 2000
Imaginem uma família de classe média que outrora fez parte da classe alta, e hoje se encontra bastante endividada, tendo hipotecado seus bens, com dívidas de cartão de crédito, cheque especial, com ações trabalhistas de ex-empregados, e, que nestas condições, resolve pedir ajuda a um amigo especialista em finanças com larga experiência em clubes de futebol, para que a ajude a montar um orçamento familiar.
Esta família fez acordos recentes, para pagamento da dívida trabalhista em 12 parcelas de R$ 1.000, parcelou a dívida do cheque especial em 12 x de R$ 1.000, e a dívida do cartão de crédito em 12 x R$ 1.000.
O marido recebe de salário R$ 5.000 e a esposa R$ 2.000.
A família tem despesas estimadas mensais com condomínio R$ 800; luz, gás e telefone R$ 500, despesas com instrução R$ 1.200, vestuário R$ 600, empregados domésticos R$ 1.200; plano de saúde R$ 1.200, transporte R$ 800, e outras despesas de R$ 800.
De posse destas informações o especialista monta o orçamento conforme planilha abaixo e informa à família que vai ser necessário cortar R$ 100 de custo para não fechar o ano com déficit.
Receitas:
Salário marido: 5000
Salário esposa: 2000
Total das Receitas: 7.000
Despesas:
Condomínio: 800
Parte IV - Dívida Trabalhista
Conforme comentamos no tópico anterior, o desafio da nova gestão em seu primeiro ano de mandato seria buscar recursos para honrar os compromissos assumidos pela gestão anterior e para custear as despesas correntes que permaneciam muito elevadas.
O clube não tinha muitas saídas, precisava com urgência gerar novas receitas, cortar custos e renegociar dívidas com credores.
Dentre as alternativas existentes a que foi mais bem sucedida do ponto de vista financeiro, foi a última com a retomada do ato trabalhista, que postergou o pagamento de uma dívida de R$ 82,1 milhões, sendo R$ 70,3 de curto prazo (exigível em 2012) e R$ 11,8 de longo prazo, para quitação através de depósitos mensais equivalentes a 15% da receita mensal, com a garantia mínima de R$ 900 mil mensais, correspondentes a R$ 10,8 milhões anuais.
Como o novo ato trabalhista somente foi assinado em 29/11/11, o clube esteve sujeito durante a maior parte do ano a cumprir os acordos trabalhistas pactuados pela gestão anterior, o que acabou não se concretizando.
De acordo com o fluxo de caixa e com a nota explicativa nº 16 do Balanço publicado, dos R$ 70,3 milhões devidos em 2011, apenas R$ 15,5 milhões foram pagos, tendo sido constituída ao final do exercício uma provisão para contingências no montante de R$ 32,2 milhões, que não consta da DRE (demonstração do resultado do exercício). O valor da provisão para contingências que aparece na DRE é de apenas R$ 9,1 milhões. Vamos ver se a razão desta divergência aparece mais a frente, após a análise das demais contas, pode ter ocorrido uma reversão de provisões.
Apesar de não ter sido esclarecido na publicação, deveria por se tratar de fato relevante que aumenta a dívida do clube em mais de R$ 30 milhões, acredito que esta provisão para contingências tenha relação com o fato de ter sido postergado por nove anos o pagamento do passivo trabalhista, e desta forma alguns acordos podem ter retornado ao seu valor original devido sem desconto.
Portanto, a dívida trabalhista total subiu de R$ 82,1 milhões em 31/12/10 para R$ 98,8 milhões em 31/12/11, conforme demonstrado a seguir (em milhares de reais):
Despesas:
Condomínio: 800
Luz, gás e telefone: 500
Despesas com instrução: 1200
Vestuário: 600
Empregados domésticos: 1.200
Plano de saúde: 1.200
Transporte: 800
Outras despesas: 800
Despesas com instrução: 1200
Vestuário: 600
Empregados domésticos: 1.200
Plano de saúde: 1.200
Transporte: 800
Outras despesas: 800
Total das Despesas: 7.100
Déficit Previsto: 100
A família questiona ao especialista porque este não incluiu nas despesas mensais as parcelas do acordo trabalhista, do cartão de crédito e do cheque especial que montam em R$ 3.000 mensais, e obteve como resposta o seguinte:
"Os senhores me pediram para fazer um orçamento das despesas e receitas e não um fluxo de caixa. Se me pedissem para fazer um fluxo de caixa, o corte nas despesas não seria de apenas R$ 100 mensais e sim de R$ 3.100".
Este exemplo de má gestão dos recursos de uma pequena família que dei como exemplo, acontecia dentro do Fluminense com freqüência na gestão anterior, e infelizmente continua a acontecer na atual gestão.
Eu sei que é um assunto chato, que poucos têm paciência para tentar entender as diferenças entre "orçamento" e "fluxo de caixa", entre "regime de competência" e "regime de caixa", que quase ninguém tem saco para estudar aquelas dezenas de páginas com milhares de números que compõe o orçamento e o balanço, que ninguém tem saco para aturar as explanações do gestor financeiro do clube, mas é disso que se aproveitaram os fracos gestores que passaram pelo nosso clube nos últimos anos, para aprovarem suas contas com déficits sem a necessidade de pedido de suplementação da dotação orçamentária.
Acreditem o orçamento do Flu para 2011 foi elaborado com déficit nas despesas e receitas, tal qual o exemplo da família de classe média, e deixou de fora a dívida que vencia em 2011, que no caso da família era de R$ 3.000 mensais e no caso do Fluminense era de R$ 173,1 milhões.
É direito de todo associado exigir que o clube disponibilize aos sócios, o balancete analítico do clube demonstrando seus principais credores.
Esclarecer como se deram as perdas de ações que culminaram com algumas dívidas absurdas com ex-atletas que em alguns casos individuais estão na casa dos milhões de reais.
Que o clube se comprometa a elaborar o fluxo de caixa de forma trimestral, e divulgar no site oficial junto com o balancete e com o orçamento, para que seja possível fazer um comparativo entre o orçado e o realizado.
O inciso XX do artigo 40 do Estatuto do Fluminense, prevê o seguinte:
Compete ao Conselho Diretor organizar por Departamento, o Orçamento anual, analítico e sintético, com estimativas de Receitas e Despesas.
Precisamos acrescentar neste item, um parágrafo que determine ao Conselho Diretor, não apenas fazer uma estimativa das Receitas e Despesas, mas também fazer uma estimativa das Entradas e Saídas, previstas para o exercício.
O que precisa ficar claro para os conselheiros é que Receita não significa necessariamente entrada de dinheiro em caixa, sendo que no caso do Fluminense específico grande parte destas Receitas previstas no orçamento já entrou em exercícios anteriores através de antecipações realizadas junto às emissoras de TV.
Por outro lado, nem tudo que o clube está obrigado a pagar neste exercício está enquadrado no conceito de Despesas previstas no estatuto, muito pelo contrário são Despesas que foram geradas em exercícios anteriores, que não foram pagas e que hoje fazem parte do nosso passivo de curto prazo.
A família questiona ao especialista porque este não incluiu nas despesas mensais as parcelas do acordo trabalhista, do cartão de crédito e do cheque especial que montam em R$ 3.000 mensais, e obteve como resposta o seguinte:
"Os senhores me pediram para fazer um orçamento das despesas e receitas e não um fluxo de caixa. Se me pedissem para fazer um fluxo de caixa, o corte nas despesas não seria de apenas R$ 100 mensais e sim de R$ 3.100".
Este exemplo de má gestão dos recursos de uma pequena família que dei como exemplo, acontecia dentro do Fluminense com freqüência na gestão anterior, e infelizmente continua a acontecer na atual gestão.
Eu sei que é um assunto chato, que poucos têm paciência para tentar entender as diferenças entre "orçamento" e "fluxo de caixa", entre "regime de competência" e "regime de caixa", que quase ninguém tem saco para estudar aquelas dezenas de páginas com milhares de números que compõe o orçamento e o balanço, que ninguém tem saco para aturar as explanações do gestor financeiro do clube, mas é disso que se aproveitaram os fracos gestores que passaram pelo nosso clube nos últimos anos, para aprovarem suas contas com déficits sem a necessidade de pedido de suplementação da dotação orçamentária.
Acreditem o orçamento do Flu para 2011 foi elaborado com déficit nas despesas e receitas, tal qual o exemplo da família de classe média, e deixou de fora a dívida que vencia em 2011, que no caso da família era de R$ 3.000 mensais e no caso do Fluminense era de R$ 173,1 milhões.
É direito de todo associado exigir que o clube disponibilize aos sócios, o balancete analítico do clube demonstrando seus principais credores.
Esclarecer como se deram as perdas de ações que culminaram com algumas dívidas absurdas com ex-atletas que em alguns casos individuais estão na casa dos milhões de reais.
Que o clube se comprometa a elaborar o fluxo de caixa de forma trimestral, e divulgar no site oficial junto com o balancete e com o orçamento, para que seja possível fazer um comparativo entre o orçado e o realizado.
O inciso XX do artigo 40 do Estatuto do Fluminense, prevê o seguinte:
Compete ao Conselho Diretor organizar por Departamento, o Orçamento anual, analítico e sintético, com estimativas de Receitas e Despesas.
Precisamos acrescentar neste item, um parágrafo que determine ao Conselho Diretor, não apenas fazer uma estimativa das Receitas e Despesas, mas também fazer uma estimativa das Entradas e Saídas, previstas para o exercício.
O que precisa ficar claro para os conselheiros é que Receita não significa necessariamente entrada de dinheiro em caixa, sendo que no caso do Fluminense específico grande parte destas Receitas previstas no orçamento já entrou em exercícios anteriores através de antecipações realizadas junto às emissoras de TV.
Por outro lado, nem tudo que o clube está obrigado a pagar neste exercício está enquadrado no conceito de Despesas previstas no estatuto, muito pelo contrário são Despesas que foram geradas em exercícios anteriores, que não foram pagas e que hoje fazem parte do nosso passivo de curto prazo.
Parte III - Orçamento 2011
A gestão Peter Siemsen recebeu como herança da gestão Horcades uma dívida de R$ 382 milhões, sendo que deste montante R$ 173 milhões estariam vencendo em 2011.
Destes R$ 173 milhões de passivo circulante, o que mais preocupava era a dívida trabalhista no montante de R$ 70,3 milhões.
Esclarecendo mais uma vez aos amigos que neste montante de despesas previstas para 2011, não estavam inclusos os R$ 173 milhões de dívidas (despesas geradas em outros exercícios) que estariam vencendo em 2011, dentre elas a dívida trabalhista de R$ 70,3 milhões. Esses R$ 97,2 milhões correspondiam a novas despesas que seriam geradas no exercício de 2011.
Desta forma se projetássemos na época um fluxo de caixa para 2011, teríamos a seguinte situação (em milhares de reais):
Saldo Inicial de Caixa e Bancos - 2.840
(+) Entradas Previstas
Contas a Receber - 1.623
Receitas orçadas para 2011 - 79.253
Receitas antecipadas - (7.216)
(=) Total das entradas - 73.660
(-) Saídas previstas
Dívidas vencíveis em 2011 - 165.919
Despesas orçadas para 2011 - 97.241
Total das saídas - 263.160
(=) Dívida de curto prazo projetada para 31/12/11 - (186.660)
Ou seja, havia uma previsão de aumento da dívida de curto prazo ao final do exercício de R$ 20,7 milhões (R$ 186,6 - R$ 165,9), já que as entradas de caixa previstas de R$ 73,6 milhões estavam totalmente comprometidas, com as dívidas vencíveis em 2011, basicamente com o passivo trabalhista no montante de R$ 70,3 milhões. Não havia previsão de entrada de novos recursos para o pagamento das demais dívidas que venceriam em 2011, bem como para o pagamento das novas despesas que seriam geradas.
Na prática o Conselho Deliberativo do clube ao aprovar o orçamento de 2011, estava autorizando o presidente do clube a aumentar a nossa dívida, da mesma forma que ocorreu nas gestões anteriores, prática esta que deu origem ao crescimento desordenado desta dívida.
Entendo que precisamos repensar esta forma de elaborar os orçamentos. Precisamos destinar no mínimo 10% das novas receitas para a redução do passivo. Não podemos admitir que sejam enviadas novas propostas de orçamento ao Conselho Deliberativo do clube, onde as despesas sejam superiores as receitas previstas para o exercício.Diante deste quadro caótico, a gestão Peter Siemsen elaborou um orçamento para 2011 com uma estimativa de Receitas de R$ 79,2 milhões e de Despesas de R$ 97,2 milhões, ou seja, com uma previsão de déficit de R$ 17,9 milhões.
A gestão Peter Siemsen recebeu como herança da gestão Horcades uma dívida de R$ 382 milhões, sendo que deste montante R$ 173 milhões estariam vencendo em 2011.
Destes R$ 173 milhões de passivo circulante, o que mais preocupava era a dívida trabalhista no montante de R$ 70,3 milhões.
Esclarecendo mais uma vez aos amigos que neste montante de despesas previstas para 2011, não estavam inclusos os R$ 173 milhões de dívidas (despesas geradas em outros exercícios) que estariam vencendo em 2011, dentre elas a dívida trabalhista de R$ 70,3 milhões. Esses R$ 97,2 milhões correspondiam a novas despesas que seriam geradas no exercício de 2011.
Desta forma se projetássemos na época um fluxo de caixa para 2011, teríamos a seguinte situação (em milhares de reais):
Saldo Inicial de Caixa e Bancos - 2.840
(+) Entradas Previstas
Contas a Receber - 1.623
Receitas orçadas para 2011 - 79.253
Receitas antecipadas - (7.216)
(=) Total das entradas - 73.660
(-) Saídas previstas
Dívidas vencíveis em 2011 - 165.919
Despesas orçadas para 2011 - 97.241
Total das saídas - 263.160
(=) Dívida de curto prazo projetada para 31/12/11 - (186.660)
Ou seja, havia uma previsão de aumento da dívida de curto prazo ao final do exercício de R$ 20,7 milhões (R$ 186,6 - R$ 165,9), já que as entradas de caixa previstas de R$ 73,6 milhões estavam totalmente comprometidas, com as dívidas vencíveis em 2011, basicamente com o passivo trabalhista no montante de R$ 70,3 milhões. Não havia previsão de entrada de novos recursos para o pagamento das demais dívidas que venceriam em 2011, bem como para o pagamento das novas despesas que seriam geradas.
Na prática o Conselho Deliberativo do clube ao aprovar o orçamento de 2011, estava autorizando o presidente do clube a aumentar a nossa dívida, da mesma forma que ocorreu nas gestões anteriores, prática esta que deu origem ao crescimento desordenado desta dívida.
Entendo que precisamos repensar esta forma de elaborar os orçamentos. Precisamos destinar no mínimo 10% das novas receitas para a redução do passivo. Não podemos admitir que sejam enviadas novas propostas de orçamento ao Conselho Deliberativo do clube, onde as despesas sejam superiores as receitas previstas para o exercício.Diante deste quadro caótico, a gestão Peter Siemsen elaborou um orçamento para 2011 com uma estimativa de Receitas de R$ 79,2 milhões e de Despesas de R$ 97,2 milhões, ou seja, com uma previsão de déficit de R$ 17,9 milhões.
Parte IV - Dívida Trabalhista
Conforme comentamos no tópico anterior, o desafio da nova gestão em seu primeiro ano de mandato seria buscar recursos para honrar os compromissos assumidos pela gestão anterior e para custear as despesas correntes que permaneciam muito elevadas.
O clube não tinha muitas saídas, precisava com urgência gerar novas receitas, cortar custos e renegociar dívidas com credores.
Dentre as alternativas existentes a que foi mais bem sucedida do ponto de vista financeiro, foi a última com a retomada do ato trabalhista, que postergou o pagamento de uma dívida de R$ 82,1 milhões, sendo R$ 70,3 de curto prazo (exigível em 2012) e R$ 11,8 de longo prazo, para quitação através de depósitos mensais equivalentes a 15% da receita mensal, com a garantia mínima de R$ 900 mil mensais, correspondentes a R$ 10,8 milhões anuais.
Como o novo ato trabalhista somente foi assinado em 29/11/11, o clube esteve sujeito durante a maior parte do ano a cumprir os acordos trabalhistas pactuados pela gestão anterior, o que acabou não se concretizando.
De acordo com o fluxo de caixa e com a nota explicativa nº 16 do Balanço publicado, dos R$ 70,3 milhões devidos em 2011, apenas R$ 15,5 milhões foram pagos, tendo sido constituída ao final do exercício uma provisão para contingências no montante de R$ 32,2 milhões, que não consta da DRE (demonstração do resultado do exercício). O valor da provisão para contingências que aparece na DRE é de apenas R$ 9,1 milhões. Vamos ver se a razão desta divergência aparece mais a frente, após a análise das demais contas, pode ter ocorrido uma reversão de provisões.
Apesar de não ter sido esclarecido na publicação, deveria por se tratar de fato relevante que aumenta a dívida do clube em mais de R$ 30 milhões, acredito que esta provisão para contingências tenha relação com o fato de ter sido postergado por nove anos o pagamento do passivo trabalhista, e desta forma alguns acordos podem ter retornado ao seu valor original devido sem desconto.
Portanto, a dívida trabalhista total subiu de R$ 82,1 milhões em 31/12/10 para R$ 98,8 milhões em 31/12/11, conforme demonstrado a seguir (em milhares de reais):
Dívida Trabalhista em 31/12/10 - 82.163
(-) Pagamentos efetuados em 2011 - 15.538
(+) Provisão para Contingências 32.266
Dívida Trabalhista em 31/12/11 - 98.891
Dívida Trabalhista em 31/12/11 - 98.891
Caro Milton,
ResponderExcluir"Auditoria Virtual" é bem apropriado para um "Clube Virtual" que pensam que somos. Louvo seu belo trabalho
ST
Por Amor ao Fluminense
Claudio Bruno
Permita-me um off :
ResponderExcluirRecentemente tivemos um vascaíno como coordenador de marketing. Agora temos uma botafoguense como curadora do Flu-Memória , inclusive agindo com arrogância e demonstrando ter um questionável equilíbrio emocional.
Será que não existem tricolores competentes para exercer funções na estrutura do clube ou a atual diretoria não os conhece ?
Rafael Molinaro
Prezado,
ResponderExcluirEstou querendo saber o quanto o fluminense tem de processos e o que está sendo pago para ex-jogadores.
Seria possível ter esses dados???
Att,
Moore