Dentro dos festejos do “CINQUENTENÁRIO DO FLUMINENSE” era aguardado com muita expectativa o “Desfile das Três Gerações” que ocorreria no domingo, dia 20, véspera do grande “DIA 21 DE JULHO DE 1952”. E o “CINQUENTENÁRIO DO FLUMINENSE” mobilizou todo o mundo desportivo e social da capital federal do Brasil.
A mobilização era tanta que balançava os corações dos grandes desportistas, independente de serem tricolores ou não. Isso ficaria plenamente evidenciado na carta do grande botafoguense FLÁVIO RAMOS ao ilustre jornalista Mário Filho.
Flávio Ramos foi um dos fundadores do Botafogo Football Club, que em 1942 fundiu-se com o Club de Regatas Botafogo, transformando-se no Botafogo de Futebol e Regatas. “FLÁVIO RAMOS FOI O AUTOR DO PRIMEIRO GOL DA HISTÓRIA DO BOTAFOGO”. “FLÁVIO RAMOS FOI TAMBÉM O PRIMEIRO PRESIDENTE DO BOTAFOGO”. Flávio Ramos foi campeão carioca de 1910. Flávio da Silva Ramos nasceu em 14/04/1889 e faleceu em 14/09/1967.
Na carta de Flávio Ramos ao jornalista Mário Filho, ele relatava o seu desejo de participar do “Desfile das Três Gerações” organizado pelo Fluminense. O desfile seria um dos pontos culminantes das celebrações do “CINQUENTENÁRIO DO FLUMINENSE”. No desfile, tomariam parte todos os que já defenderam as cores do Fluminense. A carta de Flávio Ramos, era um verdadeiro documento de um grande desportista brasileiro. A carta foi publicada no Jornal dos Sports na sexta-feira, dia 11 de julho de 1952. Eis abaixo a carta de Flávio Ramos na íntegra:
“Meu caro Mário Filho - Um abraço,
Como você sabe, eu sou soldado do esporte. Embora reformado, desejo sempre estar na ativa; e como bom soldado obedeço sempre ao toque de reunir. Ouço, porém, um que estou na dúvida, se devo ou não atender. É aquele em que o Grande Fluminense F. C. (reparou no G grande?) chama para uma parada esportiva todo aquele que já vestiu a camisa tricolor.
Mesmo acidentalmente? – pergunto eu.
Sim, porque embora o número um dos botafoguenses, já tive a honra de vestir a camisa do Fluminense em memorável partida contra o C. A. Paulistano, o melhor conjunto paulista da época. Vesti-a e molhei-a de verdade. Vencemos galhardamente, e as crônicas esportivas falaram do autor dos dois tentos da vitória.
Aluno que fui do Colégio Alfredo Gomes, nunca deixei de dar as minhas passadinhas pelo campo da rua Guanabara.
Foram meus professores Costa Santos e Cox (Edwin), assim como Victor Etchegaray ensinou ao nosso saudoso Otavio Werneck como se defendia lealmente uma entrada dos atacantes adversários.
Com que saudade eu me lembro do convite que me foi feito, minutos antes do jogo, em Niterói, por Costa Santos para substituí-lo na meia direita (naquele tempo era in-side right) no team de brasileiros que iria enfrentar o de ingleses, depois das competições atléticas no campo do Rio Cricket and Athletic Association. Tinha eu acabado de vencer uma corrida de 100 jardas para garotos até 15 anos. Foi uma das maiores emoções da minha carreira esportiva. Vencemos pelo score mínimo e Cox foi o autor do goal, depois de receber um passe meu. Por causa deste passe perdi noites de sono, e Cox, o autor do feito não sentiu a mínima emoção...
Data daí a minha grande simpatia pela gente do Fluminense, e, quando não está do outro lado da cancha o meu Botafogo, eu sou Fluminense.
Quero, assim, um conselho seu, meu caro Mário: deverei eu atender ao toque de reunir do Fluminense para a sua grande parada comemorativa do seu 50º aniversário.
Se não estiver de corpo presente, estarei de coração, pode estar certo o grande número de amigos que tenho em seu grande e seleto quadro social.
Viva o Fluminense!
Outro abraço do Flávio Ramos”
Parabéns, Eduardo, por trazer à tona este documento que mostra a grandeza do Fluminense e, também, a grandeza de Flavio Ramos, representante de uma época em que realmente Fidalguia era um comportamento e não apenas uma palavra vã.
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