quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

"A cosmopolização do Fluminense"

Prezado jornalista Pedro Motta Gueiros,


Na qualidade de leitor assíduo do jornal O Globo, tive o prazer de ler sua boa matéria na segunda-feira, dia 13/02, sobre o Fluminense. Entendo perfeitamente, que o serviço diário de um jornalista, que trabalha em um jornal de grande circulação de uma metrópole seja tarefa das mais árduas. E quase sempre alguns jornalistas acabam generalizando algumas coisas e situações em seus textos.

E na medida em que se generalizam coisas e situações, é possível que algumas destas sejam escritas sem corresponder corretamente aos fatos.

E isso não significa em momento algum, qualquer tipo de má intenção ou coisa parecida. Pode ser simplesmente, desconhecimento de causa. É compreensível!

Entretanto, no intuito de colaborar com a qualidade de seu trabalho, gostaria de ‘mui gentilmente’ fazer algumas observações e pequeninas correções em parte de seu texto sobre o Fluminense.

O jornalista escreveu em seu texto: “... Desde que começou a perder a hegemonia estadual no ano em que chegou à final da Libertadores, o tricolor passou a olhar muito além dos limites da província. Apesar da vocação regional no nome, o Fluminense...”

Imagino que o jornalista saiba que no próximo dia 21 de julho o Fluminense Football Club completará 110 anos. Não são 110 meses, nem são 110 semanas, muito menos são 110 dias. São 110 anos! No entanto, o referido jornalista afirmou que, “após o ano de 2008 o tricolor passou a olhar muito além dos limites da província?” E que, “apesar da vocação regional no nome?”

É provável que o referido jornalista desconheça um pouco da História do Fluminense. Isto fica perceptível quando se lê o texto. Mas não podemos permitir jamais que, alguns equívocos, mesmo que sem a devida intenção, sejam cometidos com a História do Fluminense. Estabelecer um olhar limitado, diante de uma perspectiva da ‘era globalizada’ é algo pequeno, perto da História do Fluminense. É compreensível, mas inaceitável!

Eu poderei escrever um livro para demonstrar que o Fluminense não passou a olhar muito além dos limites da província apenas a partir de 2008. Muito pelo contrário! Se existe um clube no Brasil que nasceu para ‘não ser provinciano’ e sim cosmopolita, um ‘clube modelar’ e que serviu de exemplo para muitos outros, este clube é o FLUMINENSE FOOTBALL CLUB. O problema da afirmação do jornalista, autor do referido texto, é quando tenta transformar opinião em ‘fato’. E principalmente, quando escreve num grande jornal onde ‘alguns leitores’ costumeiramente possuem razoável formação educacional e cultural.

Apenas para demonstrar o equívoco do jornalista, citarei a frase do ex-presidente da FIFA, Sr. Jules Rimet, referindo-se ao Fluminense: “A MAIOR ORGANIZAÇÃO ESPORTIVA DO MUNDO”. Será que algum clube conseguiria tal elogio – que é uma grande honraria – se tivesse um olhar provinciano? Ou será que um elogio, vindo da pessoa que comandou o futebol mundial durante 33 anos (entre 1921 e 1954) não tem valor algum? Ou será que na visão do jornalista com o passar do tempo certas coisas perdem seu valor de maneira como se nunca tivessem existido?

A História existe! E deve ser uma grande aliada do jornalismo. Como um clube que contribuiu de maneira singular para a dinamização dos esportes e da cultura no Brasil pode ser acusado de ter um ‘olhar provinciano’? Como um clube que perseguiu a TAÇA OLÍMPICA desde 1924 e conquistou-a com extrema galhardia em 1949 pode ser acusado de ter um ‘olhar provinciano’? Como um clube que venceu de forma invicta o Campeonato Mundial de Clubes Campeões, a “COPA RIO”, em 1952, pode ser acusado de ter um ‘olhar provinciano’? Como um clube que tem como Patrono o inigualável Drº ARNALDO GUINLE pode ser acusado de ter um ‘olhar provinciano’? Ou será que na visão do jornalista com o passar do tempo certas coisas perdem seu valor de maneira como se nunca tivessem existido?

O jornalista em seu texto, também se refere a uma possível “vocação regional no nome” do Fluminense. Outro equívoco. O Fluminense nasceu como padrão, como modelo. O Fluminense já nasceu grande, cosmopolita e impondo respeito na então, capital do Brasil, o grande canal de conexão do Brasil com o mundo. E não apenas por ter sido o ‘pai do futebol carioca’.

Mas para abrilhantar ainda mais a colaboração com o trabalho do referido jornalista, cito um pequeno trecho de um texto do grande jornalista Mário Filho, o maior jornalista esportivo brasileiro de todos os tempos. O texto intitula-se “Interpretação do Fluminense”: “... A sua formação é que foi diferente da dos outros clubes. Dos outros clubes que vingaram ou desapareceram. Clubes que nasceram mais para representar um bairro. Para ser a expressão de um bairro. O Fluminense não pretendeu ser Laranjeiras, como o Botafogo Botafogo, como o Haddock Lobo Haddock Lobo, como Bangu Bangu. O primeiro nome escolhido para o Fluminense foi o de Rio. Outro clube de que não se tem mais notícia se adiantou. Oscar Cox insistiu no Rio indo para o latim. O que Oscar Cox queria era ligar o nome do Fluminense a cidade, que o clube surgia e pretendia ser mais do que um clube de bairro: pretendia ser o clube da cidade. O Fluminense foi, assim, o clube que teve ao nascer, uma visão do desenvolvimento esportivo da cidade. Desenvolvimento que não permitiria clubes de bairros. Que exigiria dos clubes de bairros um espécie de cosmopolização. A cosmopolização do Fluminense...”

Com estas palavras, espero ter gentilmente colaborado para a qualidade de seu trabalho. E contribuído para que o jornalista tenha uma melhor compreensão sobre o que é o FLUMINENSE FOOTBALL CLUB. E por que não dizer também, os tricolores, natos e hereditários.



Saudações Tricolores,

Eduardo Coelho

Professor de História
MBA em Gestão e Marketing Esportivo

11 comentários:

  1. Muito bom, Eduardo! Sempre prestando belos serviços ao Fluminense. Um abraço,

    Philippe Maia

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  2. Vale ressaltar que não é a primeira vez que o citado jornalista escreve a asneira da "vocação regional no nome" (a primeira foi em 2008).

    Obrigado, professor Eduardo, por mostrar a ele que o clube do coração dele (o Flamengo) é que tem "vocação de bairro no nome".

    Saudações Tricolores,
    PC

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  3. Boa Eduardo!

    Abs e STs
    Carlos Clark

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  4. Não deixe de enviá-lo:

    pedromg@oglobo.com.br

    Lafayette

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  5. Boa "garoto"!

    Parabéns pela elegante defesa institucional do nosso FFC, embora pessoalmente eu ignore rotundamente o que a fraprez publica, é sempre bom saber que tem gente em casa, ...rsrsrsrs..., foi mal, num resisti.

    ST

    Zalu

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  6. Prezado Eduardo
    Parabens por tão bela e inspirada resposta a essa turma da FLAPRESS.
    É preciso que os jovens tricolores entendão que o Fluminense é uma instituição centenária e como tal não pode ser tratada como um time de futebol e esses jovens terão a obrigação de conduzir o nosso clube ao sucesso e transmitir as gerações futuros o que é o FLUMINENSE FOOTBALL CLUB
    ST
    TS

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  7. Merecida aula! Pena que a cultura desse jornalista, viciada pelo excessivo consumo de vermelho e preto, não vá lhe permitir assimilar.
    Parabéns.
    Vicente Netto

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  8. Caro Eduardo:

    Excelente réplica para esse "jornalista", que ignora os dados mais elementares da história do esporte no Brasil. Aproveito para pedir uma informação e um favor: essa crônica do Mário Filho está publicada em algum livro? Seria possível postar o texto completo neste blog?

    Abraços e Saudações Tricolores!

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  9. Obrigado pelo trabalho de colocar em palavras o que nos todos sentimos. A urubupress existe e é mesquinha e invejosa.
    Boa aula, superou aquela dada ao escritor que foi ao programa do Jo Soares e conseguiu descobrir que o Fluminense nasceu dos mulambos.

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  10. Respostas a jornalistas não devem conter ofensas se as queremos lidas pela "corporação", mas o referido jornalistazinho perdeu já há muito tempo o benefício da dúvida pelos erros (sempre) contra o Flu em suas matérias. Ele não erra por acaso, todo mundo que é tricolor na vida por 1 minuto apenas que seja sabe que este imbecil tem a má fé como paradigma editorial quando fala do Fluminense. Foi exatamente deste estúpido a matéria do dia da apresentação do Fred, em 2009, quando, por o jogador não conceder uma coletiva, ele e seu jornal em represália emplacaram um ataque violento contra o clube e lesaram seu torcedor ao noticiar com manchete garrafal no espaço reservado á cobertura do clube que o mesmo seria alvo de ação pelo ministério público por desmatamento em Xerém, fazendo ainda no corpo da matérias menções que eram autênticas provocações contra a instituição e sua torcida, a única consumidora daquele espaço, quando afirmou que o titulo de 2002 ainda não poderia ser levado em consideração e que diante disso, naquela altura, já se poderia considerar o Flavela como o detentor da hegemonia estadual a par com o Fluminense, ainda mais fazendo uma conta absurda, digna de discussão de botequim entre "bagás" do Renato Maurício Prado, de que, descontando os anos "a mais" que o Flu tem de vida em relação ao Flavela, que o clube dos pedófilos também já poderia ser considerado como tendo mais títulos do que o tricolor.
    Ao invés dos boçais de torcidas organizadas perseguirem Fred e outros jogadores, ganhariam mais popularidade em toda a nação tricolor se "juntassem" pseudo-jornalistas como RMP e Pedro Mota Gayros, coisa que eu já tentei fazer sozinho ainda com o Maracanã aberto em dia de Fla-Flu, mas sem sucesso.

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    Respostas
    1. espetacular resposta aos urubulinos agora isso têm que ser divulgado se não for não adianta..... isso têm que chegar a todos meios de comunicações muito bom mesmo o fluminense é rico em história mas a flapress sempre tenta diminuir nossa história por pura inveja eles dizem que o framengU têm um mundial eles dizem que o fluminense têm copa rio e nunca cita como mundial e para fifa é o mesmo valor, eles chama o framengU de hexa mesmo a cbf não reconhecendo e que o verdadeiro campeão é o sport, 70% dos titulos que têm foi arrumadinhos das organizações globo manipulando resultados coliado com a federação carioca.

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