sexta-feira, 25 de junho de 2010

"Não é mole, não. Chegou a hora de gritar é campeão!"

Eu era uma das pessoas mais felizes do mundo, na noite de 18 de dezembro de 1985. Vivendo a minha poderosa e imortal juventude, acabava de assistir o Fluminense ser tricampeão carioca de futebol. Éramos a própria expressão da superioridade e da beleza. O Fluminense era o time da moda.

Durante os festejos, meu Tio Chico Ciccheli, alucinado e exultante de alegria diria: “Tínhamos que ser tricampeões. Agora o Fluminense pode ficar até 10 anos sem ser campeão”. Não me recordo ao certo, se meu Tio Chico disse essa frase na noite da conquista do título. Mas, com certeza foi próximo da conquista do título do tri. Tio Chico ficou tão radiante que mandou rezar uma “missa de ação de graças” pela conquista do tri. Logicamente, que Tio Chico como ‘tricolor fanático’ que é, proferiu a tal frase apenas como mera ‘força de expressão’ após uma árdua conquista. Mas, com o passar do tempo, eu e meu primo Luiz Claudio (também ‘tricolor fanático’ e filho do Tio Chico) sempre que queríamos gozar com Tio Chico, sempre lembrávamos a infeliz profecia.

E o tempo foi passando… E nós fomos cada vez mais amadurecendo com a vida e tendo derrotas esportivas. Entramos nos anos 1990 e já não estávamos tão na moda, como em anos anteriores. Pelo contrário, começamos a viver situações com o nosso querido Fluminense, que em anos anteriores seriam inimagináveis. Contudo, suportamos tudo e permanecemos vivos. Uma música foi várias vezes entoada em alguns momentos deste início de década de 1990. Mas quase sempre ficou suspensa pela tristeza dos fatos, para nós tricolores. A música dizia: “Não é mole, não. Chegou a hora de gritar é campeão!” Quantas e quantas vezes, arrebentei minha garganta cantando esta música neste período, mas a hora não chegava.

Durante esse período, pensava sempre nos meus amigos botafoguenses da minha geração, que cresceram e viveram os anos 1970 e 1980. Eles sofriam muito nas nossas mãos. Não esqueço jamais, aquela contagem e a famosa música que sempre cantamos para pessoas ‘mui amigas’: “Um, Dois, Três, Quatro, Cinco, Seis, Sete, Oito, Nove, Dez, Onze, Doze, Treze… Parabéns, pra você, nesta data querida, muitas felicidades, muitos anos de vida”. Era de matar de rir (os tricolores) e de chorar (os botafoguenses).

E chegava o ano de 1995. E com ele chegou o líder Renato Gaúcho. Me lembro como se fosse hoje de sua estréia no estádio de Conselheiro Galvão, do Madureira. Estavá lá, para prestigiar o Renatão. Começou no banco de reservas e entrou no segundo tempo. O Flu perdeu para o Madureira por 1 a 0. Mas percebíamos que tinhamos um líder. E Renato Gaúcho comandou o Fluminense até a vitória final contra o Flamengo, por 3 a 2.

Durante o campeonato carioca de 1995, várias vezes cantamos a música: “Não é mole, não. Chegou a hora de gritar é campeão!”. Mas, naquele dia 25 de junho, após o terceiro gol do Fluminense, mais do que nunca arrebentamos nossas gargantas e cantamos a música. E após a apito final, a torcida tricolor finalmente soltou o grito entalado na garganta durante ‘nove anos, seis meses e sete dias’ de… “É CAMPEÃO! É CAMPEÃO!”

Saudações Tricolores

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