Mário Lago nasceu na cidade do Rio de Janeiro, em 11 de novembro de 1911. E neste dia 11 de novembro de 2011, celebramos o “CENTENÁRIO DE MÁRIO LAGO”. Mário Lago dispensa apresentações. Advogado, poeta, radialista, compositor e ator, Mário Lago foi um homem do século XX com múltiplos talentos.
Mário Lago também foi um grande “militante comunista”. A militância comunista de Mário Lago fez com que ele fosse preso sete vezes em sua vida. Mário Lago foi preso em 1932, 1941, 1946, 1949, 1952, 1964 e 1969. Mário lago teve cinco filhos. E um de seus filhos, Luiz Carlos, recebeu este nome em homenagem ao líder comunista Luiz Carlos Prestes.
O time de 1918, que seria Tricampeão Carioca em 1919. O time inesquecível de Mário Lago: Chico Neto, Vidal, Laís, Marcos, Oswaldo, Otelo (reserva) e Fortes; ajoelhados: Mano, Zezé, Welfare, Machado e Bacchi. Um timaço!
Mário Lago também era um apaixonado torcedor do Fluminense. E sobre a sua paixão pelo Fluminense, Mário Lago escreveu uma coluna para a revista Placar, “as maiores torcidas do Brasil”, de abril de 1979, dedicada ao Fluminense, seu clube do coração. A coluna chamava-se: “Meu time inesquecível”. E o Blog “CIDADÃO FLUMINENSE” homenageia o “CENTENÁRIO DE MÁRIO LAGO” reproduzindo seu texto da revista Placar.
“Foi a primeira vez que fui a um campo de futebol. Meu tio me convidou e fomos juntos assistir Fluminense e São Cristóvão. Era o ano de 1918. Naquela época o campo das Laranjeiras não era como agora. Era tudo bem diferente, a torcida era muito educada e sabia apreciar o bom futebol. Por isso é que guardei nas lembranças daquele jogo.
Minha ida ao campo naquele dia teve um significado muito especial na minha vida. Eu não sabia nada de futebol, não me interessava, principalmente porque estava ainda para completar 8 anos e, como criança, tinha outros interesses. Mas fiquei impressionado com a magia do Fluminense, que era uma verdadeira academia de jogar futebol e naquele dia venceu o São Cristóvão por 4 a 3.
Quando tive o primeiro contato com a torcida, fiquei deslumbrado. E no campo via jogar um time veloz e elegante. Tudo isso me fez decidir, exatamente naquele dia, que eu seria um tricolor. Mas tricolor no duro, não da boca pra fora.
Gostei tanto daquele espetáculo e comecei a me interessar de tal maneira pelo Fluminense, que nunca mais esqueci os nomes daquela equipe:Marcos, Vidal, Chico Neto, Laís e Oswaldo; Fortes e Mano; Zezé, Welfare, Machado e Bacchi. Timaço!
Com o passar do tempo, fui me tornando um apreciador do futebol. Aquele time tinha uma formação inteiramente diferente das atuais. Os beques, por exemplo, ficavam plantados, um pouco à frente do goleiro. O meio-de-campo não se deslocava tanto e os pontas eram pontas mesmo, iam com tudo pra cima dos laterais.
Aquele meu time inesquecível foi tricampeão de amadores. Marcos era um goleirão, conhecido pela elegância, não só nas defesas, mas também na maneira de se vestir. Usava uma fita roxa no calção, era cheio de detalhes, mas muito homem. Já o Vidal era raçudo, um dos jogadores mais raçudos que vi jogar. O adversário tinha que tirar a cabeça da frente, se não ele chutava; e se pegasse em alguém, matava. O Chico Neto tinha uma categoria e violência. Por ele, um dos dois não passava: o jogador ou a bola. O Laís marcava toda a ala direita. Naquele tempo não tinha esse negócio de cobertura, não, o beque tinha que se virar. E passar pelo Laís era fogo! O Oswaldo dava a mesma segurança. Mas um dos caras que mais marcaram minha lembrança foi o Fortes. Ele era catimbeiro e malandro: uma vez – e isso eu vi – um adversário passou por ele na corrida, ele emparelhou e a torcida escutou um grito – o Fortes tinha enfiado o dedo no olho do cara... Esse Fortes com 17 anos já estava na Seleção.
No meio-de-campo, junto com o Fortes, jogava o Mano, que era irmão do Preguinho, isto é, tinha por quem puxar. No ataque, Welfare era daqueles que dizem ‘joga a bola na frente que eu vou lá’. Vi Welfare derrubar muito goleiro pra entrar com bola e tudo. Também, naquele tempo o atacante podia chargear o goleiro que não era falta. O Welfare era peitudo, uma espécie de Vavá. Já o Zezé era um dos jogadores mais técnicos do time, e juntava seu refinamento a uma grande facilidade para driblar. E o Bacchi tinha a virtude de ser veloz, muito veloz, como convinha a um ponta.
Completando o time, Machado. Se o Welfare era o Vavá, Machado era o Jair Rosa Pinto, pois tinha um chute fortíssimo, impressionante. Aliás, falar em Machado me faz lembrar um fato que aconteceu comigo recentemente. Fomos gravar a novela ‘Nina’ numa fazenda no Vale do Paraíba. Lá, fiquei sabendo que a fazenda era de um filho do Machado. Eu lhe disse que tinha visto seu pai jogar, nós recordamos o Tri e muitas outras coisas. Foi mais um momento de grande emoção que o Fluminense me proporcionou.”
Relembre um pouco da obra de Mário Lago
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