A notícia da morte de Sócrates no último domingo, dia 04/12/11, deixou mais triste o futebol brasileiro. Por ironia do destino ou manifestação divina, Sócrates nos deixou no dia em que o Corinthians seria pentacampeão brasileiro de futebol.
Sócrates ocupou um papel ímpar no futebol brasileiro. Sócrates provou que é possível existir vida inteligente no futebol brasileiro. Sócrates, com sua visão crítica, sua inteligência e cultura, deu uma contribuição singular não só ao futebol brasileiro, mas ao nosso país. É verdade, e que ela seja dita, que os conservadores e reacionários sempre torceram a cara para o Drº Sócrates. Mas também não é pra menos, Sócrates veio nos mostrar que era possível sermos ousados e corajosos dentro das coercitivas estruturas do nosso velho esporte bretão.
Sócrates apesar de possuir um talento raro para o futebol, não fazia o tipo atleta. Os conservadores logo diziam: “Sócrates não é exemplo pra ninguém!” Mas o que eles deviam desconhecer é que Sócrates nunca quis ser exemplo de nada pra ninguém. Sócrates só queria ser ele mesmo. Sócrates só queria ser feliz. Sócrates sempre foi uma pessoa extremamente autêntica. E neste aspecto ninguém o superou. E isso, no Brasil, incomoda muita gente. Sócrates com suas angústias, seus sonhos e sua intensa vontade de contribuir para a mudança do Brasil deu outra cara ao ídolo de futebol. E para desespero dos reacionários, do seu jeito, simples, autêntico e contestador, Sócrates tornou-se um grande exemplo para o nosso país.
O exemplo do movimento denominado DEMOCRACIA CORINTHIANA é sensacional. A DEMOCRACIA CORINTHIANA tinha como lema: “GANHAR OU PERDER, MAS SEMPRE COM DEMOCRACIA”. Uma verdadeira revolução no futebol brasileiro. Um período em que todas as decisões mais importantes no Corinthians, tais como contratações, demissões, escalação, regras da concentração, entre outras, eram decididas no voto. E que de quebra, o movimento deu ao Corinthians um magnífico bicampeonato paulista em 1982 e 1983, com uma irretocável campanha.
Até os que não simpatizavam muito pelo Corinthians (o que é o meu caso) ficavam exultantes com a trajetória da DEMOCRACIA CORINTHIANA. E Sócrates foi o seu grande ideólogo, junto com outros craques fabulosos como Wladimir, Casagrande e Zenon. Mas jamais poderíamos nos esquecer do sociólogo Adílson Monteiro Alves, Diretor de Futebol, que primava por ouvir os jogadores. E uma observação importante é que todos os votos tinham peso igual, dos jogadores, dos funcionários, do presidente.
O brilhante publicitário Washington Olivetto (fervoroso torcedor do Corinthians) foi o criador do termo DEMOCRACIA CORINTHIANA. E o Corinthians se tornaria o primeiro clube do Brasil a utilizar a camisa com dizeres publicitários. O Corinthians estampava em sua camisa frases de cunho político, como “DIRETAS JÁ”, “EU QUERO VOTAR PARA PRESIDENTE”. Durante o período da DEMOCRACIA CORINTHIANA o clube paulista quitou todas as suas dívidas e ainda deixou uma reserva no caixa de US$ 3.000.000,00.
Além de grande ídolo do futebol brasileiro, “SÓCRATES FOI UM CAMPEÃO DA CIDADANIA”. Sócrates nunca se omitiu! Sócrates foi um brasileiro atuante politicamente, preocupado com o seu povo e o seu país. Em uma época quando muitas vezes tenta-se transformar o esporte em um espetáculo banal e alienante como ferramenta do consumo desenfreado, Sócrates utilizou o futebol para conscientizar e promover valores como a solidariedade, e também para assumir uma postura firme em favor da democracia tanto no âmbito esportivo, quanto para o Brasil. “Viva Sócrates Brasileiro – Um Campeão da Cidadania”.
terça-feira, 6 de dezembro de 2011
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É vero Prof.,
ResponderExcluirGRANDE Doutor! Também nunca fui fã do similar "ecológico" da mulambada, mas nessa época, o papo era outro e bem melhor, ia muito além do futebol, era papo de cidadania... Infelizmente, durou pouco, e hoje, temos de aturar aquele mafioso com cara de areia mijada, uma figura escroque de filme de quinta categoria, que só cai para cima... Oxalá, acordará um dia com os homens de preto a sua porta na alvorada!
ST,
Zalu