Mudariam os nomes, mas a vida do Fluminense continuaria seguindo seu destino de glórias. Só quem não conhecesse o Fluminense poderia pensar que uma eleição do Clube seria uma guerra, onde só se buscasse a destruição do adversário.
Conselheiros e Beneméritos no Salão Nobre do Fluminense (Clique na foto para ampliar) |
Nossa história estava repleta de exemplos dignificantes. O que sempre ocorria era uma luta política com respeito mútuo, cada candidato à presidência procurando angariar seus votos sem ofender, menosprezar e atacar seu adversário ocasional.
Acima de tudo, de todas as rivalidades e paixões que poderiam surgir, pairava sempre a bandeira do Fluminense bem no alto, recordando aos contendores momentâneos que o espírito tricolor devia ser o sinal a ser seguido por eles para que nada detivesse o caminho de triunfos do Fluminense.
Conselheiros e Beneméritos ouvindo o Hino Oficial do Fluminense Football Club (Clique na foto para ampliar) |
Os candidatos eram os srs. FRANCISCO LUIZ CAVALCANTI DA CUNHA HORTA e JOSÉ GIL CARNEIRO DE MENDONÇA.
FRANCISCO LUIZ CAVALCANTI DA CUNHA HORTA advogado e Juiz de Direito foi Vice-Presidente de Interesses Legais na administração FRANCISO LAPORT (1969-1972), quando demonstrou sua capacidade, seu alto valor como advogado, seu conhecimento sobre os mais diversos assuntos, espírito de justiça e grande coração. FRANCISCO HORTA praticava tênis no Fluminense nas horas vagas e sempre gostou muito de futebol.
O canditato Francisco Luiz Cavalcanti da Cunha Horta votando (Clique na foto para ampliar) |
JOSÉ GIL CARNEIRO DE MENDONÇA sempre viveu no Fluminense e era tricolor desde criança. Foi um dos grandes atletas do Fluminense, destacando-se no voleibol, seu esporte de preferência, ao qual sempre dedicou toda a sua atenção, orientando a equipe feminina heptacampeã carioca. GIL CARNEIRO DE MENDONÇA ocupou os cargos de Diretor de Voleibol, Diretor Geral de Desportos Amadores e Vice-Presidente de Desportos Amadores. Na sua vida particular, era presidente de uma empresa imobiliária e de construção.
FRANCISCO HORTA era do grupo do ex-presidente FRANCISCO LEITÃO CARDOSO LAPORT, foi convidado e era apoiado pela diretoria de JORGE FRIAS DE PAULA. FRANCISCO HORTA recebeu apoio total do presidente JORGE FRIAS DE PAULA.
A candidatura de GIL CARNEIRO DE MENDONÇA foi diferente. Os “15 cardeais” do Fluminense – líderes e beneméritos da época posterior à fundação do Clube – apresentaram cinco nomes e dentre eles escolheram o de EMILIO IBRAIM, que recusou por estar com dificuldades em sua empresa. O segundo nome era o de GIL CARNEIRO DE MENDONÇA, que pensou em recusar a candidatura por avaliar que seria difícil vencer, uma vez que FRANCISCO HORTA contava com o total apoio do presidente JORGE FRIAS DE PAULA. Quando GIL CARNEIRO DE MENDONÇA quis retirar-se da disputa foi impedido pelos “cardeais” e por isso acabou cedendo e confirmando-se como candidato a presidente.
O candidato José Gil Carneiro de Mendonça votando (Clique na foto para ampliar) |
Mesmo com o apoio do presidente da FIFA, JOÃO HAVELANGE, as possibilidades de GIL CARNEIRO DE MENDONÇA se eleger eram pequenas, mas não impossíveis, como ele próprio fazia questão de dizer.
Apesar de estar apoiando o candidato FRANCISCO HORTA, o presidente JORGE FRIAS DE PAULA achava que tanto um quanto o outro tinham capacidade de chegar à presidência do Fluminense e realizar um bom trabalho. Sobre esta questão JORGE FRIAS DE PAULA declarou:
- Meu candidato é Francisco Horta. Ele está sendo apoiado por mim e pela minha diretoria. Mas se o outro candidato vencer não haverá problema. Ambos são muito competentes e o que vencer terá sempre o meu apoio.
Tanto FRANCISCO HORTA como GIL CARNEIRO DE MENDONÇA se reuniram várias vezes com o presidente JORGE FRIAS DE PAULA para discutir e acertar diversas medidas de comum acordo, especialmente orçamentárias e técnicas, a serem obedecidas na administração que se iniciaria. Estes encontros demonstravam o clima de harmonia em que se desenrolou a campanha eleitoral.
Escrutinadores contando os votos (Clique na foto para ampliar) |
Poucas vezes o Salão Nobre recebeu um número tão grande de Conselheiros. As mais altas e destacadas personalidades que faziam parte do Conselho Deliberativo compareceram às urnas, muitos até doentes, fazendo verdadeiro sacrifício para cumprir seu dever de tricolores convictos. Ministros, Desembargadores, Juízes, enfim toda a elite de Conselheiros, de que tanto o Fluminense se orgulhava, esteve presente, inclusive inúmeras Beneméritas e Beneméritas-Atletas que deram nota especial à solenidade.
O resultado final indicou “A CONSAGRADORA VITÓRIA DE FRANCISCO HORTA”. Compareceram 291 Conselheiros. Votaram 289. FRANCISCO HORTA CONQUISTOU 203 VOTOS E GIL CARNEIRO DE MENDONÇA 82 VOTOS. Houve 3 votos em branco e um voto nulo.
Francisco Horta e Gil Carneiro de Mendonça se cumprimentam de maneira fraternal (Clique na foto para ampliar) |
Na mesma sessão do dia 7 de janeiro foi eleito o Conselho Fiscal, que ficou constituído pelos seguintes membros: José Bittencourt Anjo Coutinho, Silvano Finocchi e José Braz Ventura. E tendo como suplentes: Esmeraldino de Souza Motta, José de Almeida Alentejano e Luiz Geraldo de Macedo.
A sessão que ficara aberta, foi reaberta à noite de 9 de janeiro, para homologação dos nomes que comporiam o Conselho Diretor do novo Presidente.
O Presidente eleito Francisco Horta recebendo os cumprimentos (Clique na foto para ampliar) |
O Conselho Deliberativo aprovou os tricolores indicados, ficando assim organizado o novo Conselho Diretor do Fluminense: Presidente – Francisco Luiz Cavalcanti da Cunha Horta; Vice-Presidente Administrativo – Moacir Alves; Vice-Presidente de Desportos Amadores – Sylvio Kelly dos Santos; Vice-Presidente de Finanças – Milton Barbosa; Vice-Presidente de Futebol Themístocles Sávio; Vice-Presidente de Interesses Legais – José Carlos Vilela Rabello; Vice-Presidente de Patrimônio – Flávio José Marques; Vice-Presidente de Publicidade e Relações Públicas – Marcello Soares de Moura; Vice-Presidente Social, Cultural e Cívico – Fernando Maia; 1° Secretário – Nelson Nascimento Diz; 2° Secretário – Carlos Alberto Torres de Mello; 1° Tesoureiro Isaias Martins Faria; 2° Tesoureiro – Manoel Schwartz.
FRANCISCO HORTA foi lançado como candidato à presidência do Fluminense em junho de 1974. FRANCISCO HORTA tinha sido procurado por AILTON MACHADO (ex-Vice-Presidente de Futebol) e por SILVIO VASCONCELLOS, que foi seu companheiro de diretoria na administração FRANCISCO LAPORT, na Vice-Presidência de Patrimônio. Fizeram uma sondagem se FRANCISCO HORTA aceitaria sair candidato. A sondagem foi feita na Light onde SILVIO VASCONCELLOS trabalhava. FRANCISCO HORTA pensava que a sondagem, fosse de um apoio seu para outro candidato. FRANCISCO HORTA disse na hora: “topo”, muito honrado.
FRANCISCO HORTA achou conveniente que se fizesse uma abordagem aos demais Conselheiros para se saber da viabilidade de sua candidatura. FRANCISCO HORTA não pretendia com isso, uma vitória assegurada, mas sim da receptividade, porque já havia sido lançada a candidatura de GIL CARNEIRO DE MENDONÇA.
Após ser proclamado Presidente do Fluminense, o Dr° Francisco Horta agradece os aplausos, ao lado de Jorge Frias de Paula (Clique na foto para ampliar) |
Foi feita uma abordagem e percebeu-se que o nome de FRANCISCO HORTA tinha conquistado uma simpatia muito grande de parte dos Conselheiros. Então houve um manifesto lançando a candidatura de FRANCISCO HORTA, assinado por 55 Conselheiros e homens de muita expressão dentro do Fluminense. Este manifesto era encabeçado por figuras de destaque como o Ministro do Superior Tribunal Federal, LUIS GALLOTTI, pelo nosso “PREGUINHO” (João Coelho Neto) e pelo presidente JORGE FRIAS DE PAULA.
Está pintando outra farra de ingressos.
ResponderExcluirFicaremos parados vendo esta diretoria repetir os absurdos do passado recente, ou cobraremos preço justo e venda antecipada o mais rapidamente possível?
Voce me faz recordar momentos de felicidade no nosso adorado Fluminense.
ResponderExcluirLendo seus comentários e revendo essas fotos fico emocionado em reviver os anos de ouros do nosso clube.
Isso me faz lembrar o discurso de posse do Horta, onde ele prometia que ao encerrar o seu mandato e passar o "bastão" para o próximo presidente entregaria o Fluminense em primeiro lugar no voto plural na Federação Carioca, já que naquele momento nós éramos o segundo lugar. Horta prometeu e cumpriu.
Obs.:
1)-Aos mais jovens é importante informar que naquela época sempre nas posses dos novos presidentes o presidente eleito recebia de seu antecessor o bastão da mudança de presidencia.
2)- Votos plural éra o somatório de pontos conquistados nas disputas das categorias de futebol profissional,aspirante, juvenis e infanto juvenis além do time mais disciplinado.
Essa pontuação ditava a norma de chamada para as votações no conselho arbitral e normalmente os clubes considerados pequenos seguiam a votação iniciada pelo Fluminense, está aí um dos motivos que levaram durante anos e anos o comentario que o Fluminense sempre dominava os arbitrais da Federação Carioca.
Eduardo, meus parabéns pela excelente matéria
Belas fotos e belo relato, Eduardo. Parabéns!
ResponderExcluirST
Muito interessante o assunto, mas acho que não há como comparar com os dias de hoje. A gestão de Horta nos proporcionou os grandes times de 75/76. Apesar de ser extremamente inteligente e capaz, Horta passou à história do clube muito mais pelas mazelas do que pelas suas qualidades. As dívidas do clube contraídas na sua gestão,o caso da morte do ex-policial Mariel Mariscot (mantido em regime de albergue sob sua responsabilidade), a ida para o futebol do rival Flamengo, dentre outros fatos, abalaram demais sua imagem, principalmente entre os tricolores mais jovens, que não viveram aquela época e que não viram como foi importante a formação das máquinas de 75/76 e outras atitudes suas. Horcades parece ter ido na mesma linha de Horta. Hoje a candidatura de Peter Siemsen, apesar de sua campanha ter sido iniciada por torcedores de futebol, caracteriza-se, cada vez mais como um contraponto a posturas como as de Horta e Horcades, que são vistos pela maioria dos tricolores tradicionalistas como perdulários e inconsequentes. Certamente, tricolores ilustres como João Havelange, Sylvio Kelly dos Santos, Fabio José Egypto da Silva e Angelo Luiz Ferreira Chaves, dentre outros, desejam um FLU mais sóbrio, austero, organizado, orgulhoso de sua dignidade e fidalguia, merecedor inconteste da Taça Olimpica de 1949. Essa é uma das razões pela qual não existe aquele clima harmonioso dos anos 1974/75.
ResponderExcluirSaudações Tricolores.
Helio F Muylaert S Lima
O milagre da multiplicação dos sócios, o sumiço de mensalidades pagas, a segunda via de carteirinha de associados já falecidos...
ResponderExcluirDiante de tantos indícios de problemas na eleição, o mais correto seria exigir documento oficial com foto ao sócio na hora de votar. Contudo, ELE NÃO ACEITOU.
Dá-lhe Horcades! Dá-lhe Odorico Paraguaçú!
Que o Cidadão Fluminense, torcedor do único TRICOLOR (o resto são times de três cores), não se furte e combata neste espaço os absurdos que estão se desenhando na eleição do Fluminense.
Um forte abraço e...
Seremos Campeões!
Prezado Sérgio Mota,
ResponderExcluirÉ isso aí! Sua preocupação também é minha. O problema é também se alguém resolver levar ingresso pra guardar em casa.
Saudações Tricolores,
EDUARDO COELHO
Prezado Chico,
ResponderExcluirÉ isso aí! Temos que combater mesmo. Inclusive temos que combater quem solicita 2ª via de carteira de sócio falecido.
Saudações Tricolores,
EDUARDO COELHO