DEPOIMENTO DE FÁBIO PEREIRA PARA O BLOG "CIDADÃO FLUMINENSE":
- Meu nome é Fábio Rodrigues Pereira, no Clube (Fluminense) e no basquete eu sou conhecido como “Fabão”. Eu estou no Clube desde 1984, primeiramente como atleta. Joguei no Fluminense, basicamente 20 anos consecutivos, como atleta. Saí um pouquinho em algumas temporadas e voltei. Fui o último campeão adulto pelo Fluminense, em 1988, como atleta. Depois disso o Fluminense não conseguiu nenhum campeonato adulto. E depois a partir de 1996 virei treinador de basquetebol do Fluminense. Sou Professor de Geografia e Técnico de basquete. E desde então, acompanho o Clube, acompanho a trajetória do basquete que é a minha vida profissional.
Saí do Clube (Fluminense) em 2008. E saí muito triste porque alguns acontecimentos muito desagradáveis ocorreram em relação ao Clube e a minha carreira. Inicialmente, eu trabalhei no Clube como técnico de mirim, fui subindo, infantil, infanto, juvenil. Dirigi até o time adulto. Nos últimos campeonatos que a gente disputou com o time adulto. E para minha surpresa em 2006, eu tive... Fui obrigado a pagar parte do meu salário a um treinador da categoria infantil. Até hoje ele ainda é treinador, Fernando.
E essa parte do salário eu fui obrigado a dar a ele por ordem do supervisor e do diretor do Clube, o supervisor Marcelo de Sá Bunte e o diretor Roberto Keller, que estavam numa reunião e me obrigaram a pagar parte do meu salário a esse profissional, alegando que se isso não fosse possível eu seria demitido e seria mandado embora do Clube. Me sentindo muito acuado, naquele momento eu não tive como recusar aquela proposta e continuei trabalhando. Naquela própria reunião eu disse que isso ia contra o próprio Clube (Fluminense), que isso na forma trabalhista era ilegal, que o Clube poderia pagar por isso. E que a responsabilidade sempre cai sobre o Clube (Fluminense) e não por quem está administrando o Clube. Isso para eles não serviu de nada.
Passou-se o tempo e eu acabei ganhando o campeonato juvenil com o time que não era favorito naquele ano, em 2006. E que o Fluminense há 18 anos não ganhava também. Isso me manteve no Clube de certa forma. No ano seguinte, em 2007, eu não consegui ganhar o campeonato. E isso me tirou do Clube como uma alegação de que o trabalho não estava bem feito. O que é uma mentira, porque até parece que categoria de base vai determinar a sua saída se você ganhar ou não um campeonato.
Mas, enfim, usaram isso como alegação. E na verdade a alegação é que no final daquele ano eu disse a eles que não pagaria mais aquela diferença. E disse que aquilo era um absurdo e não poderia continuar. E que eles arrumassem uma outra forma de pagar o profissional. Eu tirava R$ 200,00 (DUZENTOS REAIS) do meu salário por mês para pagar o profissional. E que na verdade aquilo seria injusto comigo, com o próprio profissional e com o Clube. E por isso, eu naquele momento desistiria de fazer esse pagamento. O supervisor de novo, em reunião com o diretor e o superintendente do Clube, Renê, decidiram que o que poderia acontecer comigo, é que eu voltaria para a categoria pré-mirim, mirim. E eu disse para eles que aquilo era uma loucura. Porque eu teria que voltar para uma categoria que já tinha saído de lá dez anos antes. E ainda teria que demitir um colega de trabalho que era o Geraldo, que é um excelente profissional, para eu ter que ocupar o lugar dele, para botarem alguém no meu lugar. Diante desta recusa, eles esperaram alguns meses. E em janeiro de 2008, eles me demitiram.
Saí do Clube (Fluminense) em 2008. E saí muito triste porque alguns acontecimentos muito desagradáveis ocorreram em relação ao Clube e a minha carreira. Inicialmente, eu trabalhei no Clube como técnico de mirim, fui subindo, infantil, infanto, juvenil. Dirigi até o time adulto. Nos últimos campeonatos que a gente disputou com o time adulto. E para minha surpresa em 2006, eu tive... Fui obrigado a pagar parte do meu salário a um treinador da categoria infantil. Até hoje ele ainda é treinador, Fernando.
E essa parte do salário eu fui obrigado a dar a ele por ordem do supervisor e do diretor do Clube, o supervisor Marcelo de Sá Bunte e o diretor Roberto Keller, que estavam numa reunião e me obrigaram a pagar parte do meu salário a esse profissional, alegando que se isso não fosse possível eu seria demitido e seria mandado embora do Clube. Me sentindo muito acuado, naquele momento eu não tive como recusar aquela proposta e continuei trabalhando. Naquela própria reunião eu disse que isso ia contra o próprio Clube (Fluminense), que isso na forma trabalhista era ilegal, que o Clube poderia pagar por isso. E que a responsabilidade sempre cai sobre o Clube (Fluminense) e não por quem está administrando o Clube. Isso para eles não serviu de nada.
Passou-se o tempo e eu acabei ganhando o campeonato juvenil com o time que não era favorito naquele ano, em 2006. E que o Fluminense há 18 anos não ganhava também. Isso me manteve no Clube de certa forma. No ano seguinte, em 2007, eu não consegui ganhar o campeonato. E isso me tirou do Clube como uma alegação de que o trabalho não estava bem feito. O que é uma mentira, porque até parece que categoria de base vai determinar a sua saída se você ganhar ou não um campeonato.
Mas, enfim, usaram isso como alegação. E na verdade a alegação é que no final daquele ano eu disse a eles que não pagaria mais aquela diferença. E disse que aquilo era um absurdo e não poderia continuar. E que eles arrumassem uma outra forma de pagar o profissional. Eu tirava R$ 200,00 (DUZENTOS REAIS) do meu salário por mês para pagar o profissional. E que na verdade aquilo seria injusto comigo, com o próprio profissional e com o Clube. E por isso, eu naquele momento desistiria de fazer esse pagamento. O supervisor de novo, em reunião com o diretor e o superintendente do Clube, Renê, decidiram que o que poderia acontecer comigo, é que eu voltaria para a categoria pré-mirim, mirim. E eu disse para eles que aquilo era uma loucura. Porque eu teria que voltar para uma categoria que já tinha saído de lá dez anos antes. E ainda teria que demitir um colega de trabalho que era o Geraldo, que é um excelente profissional, para eu ter que ocupar o lugar dele, para botarem alguém no meu lugar. Diante desta recusa, eles esperaram alguns meses. E em janeiro de 2008, eles me demitiram.
Em resumo, foram esses acontecimentos. Além disso, o supervisor do Clube, por dois anos consecutivos tirou 10 dias das férias, sem o departamento jurídico do Clube saber. E eu dizendo pra ele que isso era ilegal e que não podia acontecer. No ano de 2006 e 2007, e isso aconteceu todo ano. Eu chegava em janeiro: “Você tem que se apresentar antes”. “Mas as férias não terminaram”. “Não importa, tem que vir antes, vai cumprir só 20 dias de férias”. E isso foi se acumulando. Como eu como profissional não posso entrar com uma ação contra alguém que é meu chefe, tive que entrar com uma ação contra o Clube (Fluminense). Então, eu entrei com uma ação contra o Clube. E o Clube (Fluminense) está pagando hoje, com a ação já resolvida, terminada. O Fluminense terá que me pagar de volta aquilo que eu paguei, com juros, correção. E a inicial da ação é de R$ 20.000,00 (VINTE MIL REAIS). A inicial da ação. Ainda não está contabilizada a diferença de tempo que vão entrar juros e correção monetária. Então, é este o resumos dos fatos.
Felizmente esta era pavorosa está chegando ao fim.
ResponderExcluirRICARDO RAMOS
Fabão foi um grande professor na minha vida. Sempre trabalhou com dignidade e, acima de qualquer mísero título estadual de basquete, sempre manteve seus ideais de honestidade, simpatia, ética, humildade e respeito. Além disso, se não me engano, também ganhou alguns torneios-inicio, que são torneios muito difíceis.
ResponderExcluirComo ex atleta do Fluminense quero dizer que ví funcionários trabalharem meses sem receber um real. Que após nove anos jogando no clube, tenho 2 camisas de jogo do Fluminense, e duas de treino. Foram meus "prêmios" por ter sido atleta do clube e ter dedicado tanto tempo ao clube. Em um ano de Flamengo ganhei mais que o dobro. Mesmo assim voltei para jogar com o Fabão no juvenil.
Fabão, saiba que todos nós que crescemos com seus ensinamentos ficamos indignados com a forma como você foi tratado. Lembro que na época que você foi coagido a pagar o salário de um outro profissional, você confiou em mim para guardar tal segredo, e para mim, você encarou de maneira digna como poucos o fariam, mesmo tendo sido humilhado de tal forma. As pessoas que fizeram isso com você sabiam que você tinha filhos pequenos, e o tinham como amigos na época.
Saiba que eu, Tiago, estarei sempre ao seu lado pro que der e vier. Que aquela época maravilhosa das nossas vidas foi criada por nós mesmos. Eu, você, Fernando, Xandi, Bernardo, Marcelinho, Thiaguinho, Douglas, Eduardo, Macarrão, Henrique, Andrezinho, Hugão, ou seja, todo o “Sirilanca Club”.
Grande abraço e fique com Deus.
Tiago Leão (Tiagão)
Infelizmente esta é uma das tantas histórias dos Profissionais que cuidam das Categorias de Base no Brasil. Aliás, muito parecido como o Brasil cuida das suas crianças: descaso, descomprometimento e irresponsabilidade.
ResponderExcluirA transparência nas relações profissionais não funcionam jamais a favor da parte "mais fraca".
As dificuldades que os grandes clubes sofrem são decorrentes da má administração das suas estrelas do futebol, que sempre engolem as subvenções que também deveriam servir aos demais.
Lamento profundamente que Fabão - um dos responsáveis pelo desenvolvimento esportivo do meu filho, que tornou-se um atleta de elite durante 4 anos - jogando pela seleção carioca, seja ainda tratado como um qualquer. Falar apenas dos atletas que Fabão formou é pouco, porque ele também contribuiu, e muito, para formação do caráter de tantas crianças e adolescentes que estiveram sob a orientação dele. Mas aí estaremos falando de um assunto que não dá Ibope e tampouco é plataforma para candidatura de ninguém.
Fabão: você sempre estará nas nossas lembranças pelo o que fez pelos nossos filhos, e nos nossos corações pelo carinho e confiança que você soube conquistar de todos nós.
Cristina Leão