segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

As ações do 'príncipe' Peter e a instauração da plutocracia tricolor

A Chapa “NOVO FLUMINENSE” obteve uma grande vitória na última eleição. Esta grande vitória do “NOVO FLUMINENSE” não permitiu que integrantes da Chapa “TRANSFORMA FLU” façam parte do Conselho Deliberativo do Fluminense. Portanto, o Blog “CIDADÃO FLUMINENSE” ouviu um dos ex-Conselheiros e que estava entre os integrantes da Chapa “TRANSFORMA FLU”. O ex-Conselheiro ANTONIO CÉSAR foi um dos Conselheiros mais participativos e com grande destaque na última Legislatura do Conselho deliberativo do Fluminense. Antonio César da Silva Amaral, 55 anos, trabalha como assessor parlamentar e é morador de Laranjeiras há 30 anos.

Blog “CIDADÃO FLUMINENSE”: Você foi Conselheiro em quantas Legislaturas?

ANTONIO CÉSAR: Queria agradecer a você, que como democrata sempre respeitou as minorias, as ‘forças vivas’ do Clube. Quando você dá essa oportunidade de dar voz aqueles que realmente têm alguma coisa, amor ao Clube. E que tem algum tipo de representatividade no Clube, acho que é uma coisa correta, é democrático. Então, quero saudar esta questão. Eu fui Conselheiro só nesta Legislatura. E realmente deixei de ser Conselheiro na época da Vanguarda. Participei da fundação da Vanguarda junto com os dois candidatos a presidente, o Peter e o Julio, que também participaram da fundação da Vanguarda, junto com o Marcos Furtado, o Ademar, Professor Proença. Mas na época, por ocasião da eleição tive que trabalhar em São Paulo. Portanto, não entrei naquele Conselho. Somente por isso, se não já estaria naquele Conselho.

Blog “CIDADÃO FLUMINENSE”: E qual foi a sua participação nos grupos políticos do Fluminense?

ANTONIO CÉSAR: Quando eu voltei de São Paulo, me engajei no grupo “Ideal Tricolor”, porque me identificava com aqueles ideais. Era um grupo puro. E fomos o único grupo a fazer oposição ao presidente Fischel. Na época nós nos reuníamos, sofremos algumas baixas. Mas continuamos vivos. Vivos e permanentes, lutando contra uma administração que nós considerávamos nefasta.

Blog “CIDADÃO FLUMINENSE”: Você disse que o “Ideal Tricolor” fez oposição ao presidente Fischel. E na eleição do presidente Horcades? Qual foi o posicionamento do grupo?

ANTONIO CÉSAR: A única tentativa de formação de Chapa na reeleição do presidente Fischel, nós tentamos um entendimento com a “Tricolor de Coração”. E na ocasião nós chegamos a um acordo de que nós do “Ideal” entregaríamos cem nomes. E a “Tricolor de Coração” também entregaria cem nomes. No entanto, a “Tricolor de Coração” através da pessoa do sr° Paulo Mozart não cumpriu esse acordo. E aderiu ao presidente Fischel. Deixando a gente sem tempo hábil para consolidarmos uma Chapa de duzentos nomes. Foi por isso que não consolidamos uma Chapa para enfrentar o presidente Fischel.

Blog “CIDADÃO FLUMINENSE”: E aí no segundo mandato do presidente Fischel, na eleição que colocou o Horcades como presidente do Fluminense, qual foi a posição do grupo “Ideal Tricolor”?

ANTONIO CÉSAR: O “Ideal Tricolor” na época existia uma identificação até política de duas pessoas que haviam sido cassadas pela ditadura militar. O Professor Proença e o candidato Augusto Ramos. O “Ideal” entrou com pouco entusiasmo. Mas participou, foi leal, até quando houve os escândalos em cima da pessoa do Augusto Ramos. Nós nos mantivemos firmes e fomos até final de sua candidatura. Demos a nossa contribuição, não participamos de nenhuma Chapa. O Horcades, infelizmente, foi eleito com apenas trinta e poucos por cento dos votos devido à divisão interna. Houve quatro Chapas na ocasião. Isso levou a vitória da situação.

Blog “CIDADÃO FLUMINENSE”: E aí o “Ideal” no primeiro mandato do presidente Horcades se posicionou como oposição?

ANTONIO CÉSAR: Sim! Até porque nós achávamos que era continuidade e não deixou de ser, da política que vinha sendo adotada pelo presidente Fischel.

Blog “CIDADÃO FLUMINENSE”: E na reeleição do presidente Horcades, qual foi o posicionamento do “Ideal Tricolor”?

ANTONIO CÉSAR: Na reeleição do presidente Horcades, o “Ideal” inclusive sofreu algumas baixas. Houve ação do sr° Carlos Henrique Correa, que retirou até alguns quadros nossos, que foram apoiar o presidente Horcades. Mas o “Ideal” tinha o seu núcleo forte, combativo, permaneceu intacto. E continuamos lutando.

COM RELAÇÃO AO PRESIDENTE FISCHEL... Ele começou a montar um tipo de modelo de gestão dentro do Fluminense, que o “Ideal” se colocou frontalmente contrário. O que quê é esse modelo? Esse modelo é o seguinte: Ele começou a dar poderes excepcionais ao patrocinador e deixar praticamente o Esporte Olímpico à deriva. Sem nenhuma ação presidencial em cima. O Vice-Presidente de Esportes Olímpicos fazia a coisa como se fosse uma coisa privada dele. Esse modelo começou se configurar na época Fischel e teve seu apogeu na Era Horcades. E o “Ideal” se colocou contra isso. O “Ideal” se colocou frontalmente contra este tipo de modelo. Nós queríamos transparência nas coisas. E não conseguimos.

COMO É QUE NÓS CHEGAMOS AO PETER... Conhecíamos o Peter por ocasião da fundação da “Vanguarda Tricolor”. Portanto, não tínhamos a menor intimidade com ele. Eu particularmente devo dizer a você o seguinte. O que eu achava do Peter... Eu achava que ele era um jovem inexperiente, mas com bons propósitos. Não tinha experiência, mas pelo menos era honesto, era íntegro. Pelo menos eu tinha essa visão de integridade, de honestidade. E resolvemos apoiá-lo. Fomos um dos primeiros grupos a apoiar, porque era uma esperança de mudança nesse modelo. Nós fomos conversar com o Peter. O “Ideal Tricolor” resolveu apoiar o Peter. Teve vários convites e chegou até a se reunir com o presidente Horcades. Portanto, qual foi à exigência do “Ideal”? Nós queríamos uma mudança no ‘status quo’. Nós queríamos uma mudança no Estatuto do Clube para que houvesse mais transformação. Como o presidente Horcades praticamente ficou omisso com relação as nossas reivindicações, nós achamos que não deveríamos apoiá-lo. E uma alternativa nova que era a questão do Peter Siemsen. Bem, o Peter, a primeira pergunta que nós fizemos a ele foi o seguinte: “Peter, nós, historicamente sempre fomos contra o presidente Fischel. Não somos contra o voto do presidente Fischel a sua pessoa. Agora compromisso é outra coisa”. Ele (Peter) falou que não tinha compromisso. Ele nos garantiu que não tinha compromisso. O único compromisso que tinha tirado com o presidente Fischel era de fazer as pazes com a esposa dele. E que isso ele tinha resolvido. Então, nós ficamos tranquilos e à cavalheiro para apoiá-lo. Portanto, durante o processo eleitoral a história não se mostrou assim. O presidente Fischel foi o número um, numa afronta ao “Ideal”, número um da Chapa do Peter. Houve uma briga muito grande na véspera. Foi difícil de contornar, porém contornável. Nós tivemos que engolir. E fomos adiante com nosso compromisso que nós tínhamos estabelecido com Peter Siemsen. Bem, o Peter foi derrotado. Por que o Peter foi derrotado? O Peter foi derrotado por que na época as forças que compõem o ‘status quo’ do Fluminense se mantiveram intactas para apoiar o presidente Horcades. Com a aderência, inclusive do grupo atual “Democracia” (Tricolor). Porque outro grupo que historicamente se opõe a “Democracia”, que é o grupo do Marcos Furtado, tinha rompido com o Horcades e estava apoiando o Peter. Esses grupos... É estranho, porque na verdade eles pensam da mesma maneira no Clube. Eles querem ter ‘status’ dentro do Clube, são mais as suas necessidades fisiológicas. Eu acho que existe uma disputa, que é mais uma disputa de ‘status’ dentro do Clube, do que propriamente uma disputa ideológica. Então, eles se alternam. Onde um fica o outro fica. Mas a diferença entre eles em nível ideológico é muito pequena. Então, o Peter não teve o apoio da “Democracia” na época. Esse apoio da “Democracia” foi integralmente ao Horcades. E mesmo assim, nós tínhamos muitas dificuldades. Eu fui à pessoa que falei: “Peter, a eleição é direta. A eleição direta pressupõe um contato direto do sócio com o presidente do Clube, sem intermediação de ninguém. Então você tem que falar ao sócio. Os sócios têm que reivindicar diretamente ao candidato o anseio deles, o que está faltando ao Clube, para o Futebol, para o Social, para o Esporte Olímpico”. E ele resistia muito em relação a isso. A primeira vez que ele falou, que foi dentro do Parquinho, foi um pedido da Flusócio a minha pessoa, eu praticamente tive que arrastá-lo para conversar com os sócios. E ele ficou até muito contrariado, chateado comigo, porque eu fiz isso. Mas, depois com o tempo ele foi vendo realmente que aquilo era uma coisa bacana, que aquilo trazia voto pra ele. Tanto que ele, no final da campanha, ele praticamente começou a vir ao Clube diariamente, a campanha dele cresceu, mas não havia tempo pra virarmos o jogo. E ele teve 631 votos, contra 901 do Dr° Horcades. Então, realmente foi uma campanha vitoriosa, politicamente vitoriosa, que credenciou ele a ser presidente do Clube agora. A vencer a eleição. Se não fosse aquela eleição anterior, jamais. Até os hábitos dele, o fato dos hábitos dele terem mudado, nessa campanha, por exemplo, ele aprendeu a lição direitinho. Nessa campanha ele ia diretamente falar com qualquer sócio, mesmo que o sócio fosse contrário a ele. Se fosse de outra Chapa, não importa, ele vinha abraçava. E dificultava até a minha ação, era até engraçado. Porque às vezes eu estava conversando com o sócio pedindo voto para o meu candidato que não era ele, e ele passava de carro, parava, saltava, conversava comigo, conversava com o sócio que estava falando comigo. E me deixava numa posição até difícil: “Poxa, então é esse o seu adversário? Tão simpático”. Então, ele realmente aprendeu algumas coisas, ele entendeu que o processo dentro do Fluminense, era um processo que realmente tinha que falar diretamente com o sócio. Não bastava só articulação política. É claro que articulação política é super necessária. Porém, há também esta questão. E isso foi uma das grandes falhas agora na campanha do Julio (Bueno). O que o Peter falhou na outra eleição, foi a campanha do Julio. Embora a campanha do Julio tivesse outras falhas. Embora também o candidato Julio como pessoa humana é bem superior ao Peter. Como pessoa humana, eu acho que o Julio é uma pessoa muito ética, muito correta. E com relação ao Peter, não vou dizer que ele é anti-ético mas não se compara. Não se compara. Como pessoa não dá pra comparar. Lidei com ambos. Tive na campanha do Peter, senti que ele é uma pessoa extremamente adepta de ‘casta’. Ele gosta muito de ‘casta’. Realmente, aquela pessoa mais abastada, ele tem uma tratamento bem diferenciado, de quem não é. Já o Julio não tem este comportamento. O Julio é uma pessoa que venceu na vida por si próprio. E um garoto pobre da Glória, foi subindo, estudando, e hoje é uma pessoa que tem destaque nacional. Foi presidente de empresas estatais importantes, Secretário de Estado, por si próprio, pelo seu próprio valor e estudando.

POR QUE JULIO, PORQUE NÃO PETER? Primeiro é o seguinte, eu tive um rompimento com o meu grupo “Ideal”. Eu fiquei muito encantado com o discurso do candidato Antonio Carlos (Flores de Moraes). Antonio Carlos foi pro Conselho (Deliberativo) e fez a ruptura geral ao ‘status quo’. A ruptura geral. O que quê é a ruptura geral? Eu me encantei, achei que aquilo era o meu ideal. Aderi à campanha do Antonio Carlos. Infelizmente, o Antonio Carlos desistiu. Fiquei na mão. Fiquei na mão e não sabia o que fazer. Eu pensei em princípio: “Vou me afastar do processo, não quero participar de mais nada”. Bem, o que quê acontece? Alguns amigos me procuraram e me aproximaram do Julio. Eu num primeiro momento fiquei um pouco ressabiado, mas depois fui vendo que... Analisei o quadro friamente. É isso que é importante. É isso que talvez meus ex-companheiros não tenham olhado até o momento. O que é o modelo da atual gestão? O modelo da atual gestão é o seguinte: No futebol ninguém se mete. É da patrocinadora. E o Esporte Olímpico é uma coisa privada do sr° Ricardo Martins. Então, o Julio de certa forma, ele fez um confronto a isso. Ele fez um confronto à atual política que a patrocinadora faz dentro do Clube. Não que ele fosse contra a patrocinadora. Mas ele queria que o presidente voltasse a exercer autoridade de presidente do Clube. E não que fosse uma pessoa subjugada ao patrocinador do Clube. Ele só queria isso era muito simples. Ele não queria jogar a Unimed pra fora, não. Pelo contrário, ele queria a Unimed. Mas apenas não queria o presidente subjugado a Unimed. E a mesma coisa no Esporte Olímpico. Ele não queria que o Esporte Olímpico fosse uma coisa privada do sr° Ricardo Martins. Ele queria abrir aquela ‘caixa preta’ do Esporte Olímpico. Quando eu analisei estes fatos, eu falei: “Ele vai mudar. Pode ser até pra pior. Mas vai mudar, vai. Vamos tentar ver se é pra melhor”. A dificuldade do Julio se deve ao seguinte, algumas pessoas do Clube, que ele confiava que tinha mais amizade, até natural, fecharam muito a campanha dele, infelizmente. É muito chato citar nomes. Prefiro nem citar. Mas as pessoas fecharam e todo mundo sabe quem são essas pessoas. A campanha ficou muito fechada e ele se escondia muito atrás dessas pessoas. Ele tinha as mesmas deficiências que o Peter tinha com relação ao relacionamento com o sócio. Eu praticamente a primeira vez que fui à piscina, tive que empurrar ele pra dentro da piscina. Depois, como o Peter, ele viu que não era nada demais, que conversar com o sócio era uma coisa que realmente era muito bom pro Clube. Pois o sócio chegava ali e falava o que estava faltando, se sentia honrado de ter um candidato a presidente falando com ele. Mas, também viu um pouco tarde demais. Até por causa do aparelhamento que fizeram em cima dele. Esse aparelhamento foi horrível! Eu tentei de todas as formas romper este aparelhamento. Como eu não era uma das pessoas da cúpula da campanha dele, eu tive... No finalzinho, é que eu passei a ser ouvido. Mas já era muito tarde. Já era muito tarde mesmo.

A MINHA PARTICIPAÇÃO NO CONSELHO. A participação nossa no Conselho, acho que foi uma participação talvez única na história do Fluminense. Nós fomos eleitos 15, dentro desses 15 só tinham 4 do “Ideal”, 4 da Flusócio e o restante pulverizados por pessoas indicadas pelo Peter, Marcos Furtado e presidente Fischel. Então, na verdade só podíamos contar com o “Ideal” e um pouco com a Flusócio que vinha a reboque da gente, quando tinha situação. E a Flusócio era um pouco dividida. Tinham alguns que preferiam a omissão total. E tinham alguns que nos acompanhavam. O Claudio Maes, por exemplo, foi um Conselheiro exemplar, tecnicamente nunca deixou de denunciar as mazelas, com relação principalmente às contas do Fluminense. Fez trabalhos maravilhosos pelo qual o próprio “Ideal” baseado nestes trabalhos fez pronunciamentos muito bons na tribuna. Mas o que aconteceu foi o seguinte. No início, existia aquele rolo compressor, mais de 100 contra nós. Eu resolvi internamente, levar uma luta que parecia ser de um kamikase. Mas não era. Era uma coisa que estava bem planejada na minha cabeça. Passei a exercer o confronto. Primeiro que é o seguinte, eu acho que a melhor contribuição que você pode dar ao Fluminense, se é eleito pela oposição, é exercer o papel de oposição, de fiscalização. Porque o presidente é cheio de asseclas. O presidente só tem gente ao lado dele pessoas que tem interesses fisiológicos. O presidente só tem “sim senhor” atrás dele. Ele precisa de pessoas de oposição pra denunciar o que está errado. Senão às vezes ele nem sabe. E esse papel não era entendido aqui no Fluminense. Esse papel histórico que nós desempenhamos... E eu internamente dentro do “Ideal”, o Professor Proença não acreditava que nós poderíamos avançar. O Ademar no começo também ficou na dúvida. O Ivanzinho que desde o início marchou comigo nesta postura de enfrentamento. E de denunciar frontalmente as coisas erradas do Clube. Era de denúncias frontais as coisas erradas. O Ademar foi se ajustando, o professor passou a acreditar e a Flusócio veio a reboque. Às vezes sim, às vezes não. Mas dentro da “Democracia” muitas pessoas estavam se sentindo incomodadas com aquelas coisas erradas. Não a cúpula da “Democracia”. Mas muitas pessoas que o Hamilton (Iague) tinha trazido pro Conselho, quando viram as irregularidades que estavam acontecendo no Clube, passaram a questionar a própria cúpula da “Democracia”. E falar: “Olha, aqueles rapazes que estão falando, estão falando coisas certas”. Eu sentia esta solidariedade... Quando eu passeava pelo Clube, as pessoas particularmente vinham falar: “Olha, eu estou lá. Mas você continua denunciando, acho que o que você está falando é certo. Você tem que continuar”. Então, eu era estimulado o tempo todo a fazer estas denúncias. Isso culminou com quê? Apesar de nós sermos quatro, todos os debates que ocorriam dentro do Conselho giravam em torno das nossas denúncias. Então, nós virávamos figuras centrais. Não importa se tinha lá 150. O “Ideal” estava sempre como figura central. Porque o “Ideal” denunciava pontualmente as coisas. Então, com confronto. Então, eles eram obrigados a responder. Tinha até fila. No começo tinha até fila pra vir me esculhambar. Quando eu falava lá vinham dez. Eu falava lá e vinham dez pra me esculhambar, me execrar e tudo. Mas isso não me intimidava. Até porque quem tem uma história de política como eu tenho isso aí é cachorro pequeno. Você, Eduardo, que é um militante social antigo, conhece bem essas coisas. Então, isso aí foi um avanço democrático sensacional. Eu me lembro que numa discussão do orçamento, que o presidente tinha que mandar o orçamento com antecedência pra nós, ele não mandou. Nem ‘questão de ordem’ ele deixou que eu levantasse. Contrariou todo o Estatuto. Na segunda vez, no ano seguinte, o “Ideal” entrou na Justiça, por inspiração até do companheiro Ademar. Uma ação preparada pelo companheiro Ademar. Nós ganhamos! Nós ganhamos na Justiça! Eles eram tão prepotentes que achavam que nunca ia acontecer isso. E nós ganhamos! Então, o presidente foi obrigado a cancelar a reunião, fazer outra reunião, mandar num prazo regimental pra nós o orçamento, pra nós analisarmos. Pra você ver o que significa uma ação concreta e efetiva de participação de oposição na fiscalização. É isso! Isso que as pessoas têm que entender. Era ruim? Não! Isso levou a novas práticas dentro do Clube. O escândalo dos ingressos, quem também levou aquela briga foi o “Ideal”. Talvez pra nunca mais acontecer o mesmo no Fluminense. Porque foram quatro pessoas que foram lá e peitaram: “O que quê é isso? Tá errado. Tá errado. Tá errado”. Com relação às contas, nós fomos lá e falamos: “Estão rasgando o Estatuto. Nós só somos Conselheiros porque o Estatuto fala que existe uma eleição para Conselheiros”. O presidente Horcades só é presidente do Fluminense porque o Estatuto fala. E agora você não pode vir e rasgar o Estatuto. Aí, era chacotagem, faziam gracinhas. Era o artigo 20, era aquilo... Mas nós continuávamos avançando. Nós fizemos um papel e mantivemos a oposição viva a essas práticas. Aí, o que me entristece é o seguinte, é ver a grande manipulação. A grande manipulação é o seguinte, você pega uma pessoa inexperiente, você junto com ele, o transforma num bom candidato, num candidato que entende o processo político do Fluminense. E ele resolve se aliar as forças políticas do ‘status quo’. Esse ‘status quo’ do qual falei com você. Porque essa campanha foi a maior manipulação que eu vi na minha vida. As pessoas ficaram cegas. O que quê foi essa campanha meu Deus? O Peter chegou pra mim e falou: “Antonio César eu sou muito grato a você. Você abriu sua casa pra me receber com vários jovens na primeira campanha. Tenho gratidão por você. Eu quero ser seu amigo. No entanto, eu estou com o Esporte Olímpico”. Quer dizer, com muita delicadeza, ele falou pra mim, que não me queria na campanha dele. Foi extremamente educado. Quando o Ademar e os outros companheiros: “Ah, você tem que vir pra cá”. Eu falei: “Olha, eu não vou porque o próprio candidato vai atrapalhar os planos dele. Porque a articulação que ele participa hoje, não passa por um companheiro Antonio César”. Ele precisava do apoio do Esporte Olímpico, ele não queria dar murro em ponta de faca, como ele mesmo disse. Ele queria, ele acha que a eleição passava por uma composição desse nível. Como também passava pela composição com Celso Barros. Por essa política do qual a autoridade do presidente é praticamente nenhuma. Hoje, está nos jornais fico triste. Estavam falando que a patrocinadora vai se reunir com fulano, com sicrano. E talvez o presidente eleito Peter seja chamado. Depois quando o Peter fala: “Que eu vou falar do elenco, vou falar com o patrocínio”. Não tem que falar com o patrocinador. O que tem que se falar com o patrocinador é apenas a questão de quanto que o Fluminense tem que arrecadar. O que acontece é o seguinte, a máquina alienante que a Unimed fez inclusive a jovens torcedores do Fluminense. É triste ver as pessoas botarem o Celso Barros como se fosse um grande mecenas. Nunca foi! Todo mundo se esquece que o Horcades em determinado momento, é bom registrar isso. O Horcades em determinado momento tentou fugir deste ‘status quo’, deste estado de coisas. Ele fez uma composição com a Traffic. Essa composição inclusive, que possibilitou a gente ser campeão nacional. Eu inclusive fiquei chateado na época. Porque a Traffic fez uma composição pra poder ter o Conca aqui no Fluminense. Teve que dar 50% do passe do Allan, do Maicon, pra ter o Conca. Eu achei aquilo um absurdo. Mas valeu a pena! Foi uma coisa que inicialmente, tenho que fazer aqui uma ‘mea-culpa’. Não sei se errando, mas acabou acertando. Porque se não tivéssemos o Conca, nós jamais seríamos o campeão nacional. Isso é o que? Foi uma ação da Traffic. O Celso Barros não teve nada a ver com aquilo. O Horcades tentou fazer uma ação com a Traffic. Mas, como não vieram resultados imediatos, ele teve que, de novo se entregar ao Celso Barros. O Celso veio com tudo, nos impôs uma humilhação, ao presidente do Clube, que acaba humilhando a todos nós. Botou o Renato Gaúcho de volta. O técnico não tinha dado resultado. Com resultados horrorosos. Nós estávamos caminhando a passos largos pra Segundona. Aí que vem a coisa mais interessante que existe, você que conhece o processo político, que são as ‘forças vivas’. Aí que entra o Blog “CIDADÃO FLUMINENSE”, que entra o “Ideal Tricolor”, que entra o Mário Vitor, o “Pavilhão Tricolor”, que entram os jovens que se formaram aqui em Laranjeiras e se tornaram Fluminense frequentando esse Clube. Essas ‘forças vivas’ começaram a reagir de forma instintiva contra o Celso Barros. Não era nem frontalmente contra. Mas de forma instintiva. Pra ver se tirava o Renato Gaúcho e nos salvávamos. Então, nós fizemos manifestações espontâneas, tanto no Conselho, como em nível de Clube. Você participou de um evento, que você cobriu jornalisticamente, de jovens aqui de Laranjeiras que estavam apoiando a gente lá no Conselho, pelo impeachment do presidente Horcades.

Se não fosse aquele movimento jamais teríamos saído da Segunda Divisão. Jamais o Cuca teria vindo e o Renato Gaúcho teria afundado o time na Segunda Divisão. Então, aí entra o Blog “CIDADÃO FLUMINENSE”, entram esses jovens, entra o “Ideal Tricolor”, aqueles outros companheiros que somaram junto a gente como o ex-presidente Sylvio Kelly, no impeachment. E o impeachment salvou. E você se lembra Eduardo, que a fotografia que saiu no jornal era um apoio daqueles jovens a nossa ação no Conselho. Nós estávamos nos mexendo. Nós tínhamos que fazer alguma coisa. O negócio estava indo por brejo. Nós tínhamos que fazer alguma coisa. E nós fizemos. Nós demos em amor ao Fluminense a nossa contribuição. O que quê aconteceu Eduardo? Aquele movimento na minha opinião foi que tirou o time da Segunda Divisão. Se Eduardo Coelho não escrevesse, se o “Ideal” tivesse ficado quieto, se o Sylvio Kelly tivesse ficado quieto e outros companheiros tivessem ficado quietos, o Fluminense estaria na Segundona. E jamais seria campeão nacional.

As ‘forças vivas’ do Clube continuam a existir. Estão desarticuladas, mas continuam a existir. O Peter e o ‘status quo’ acham que desarticularam com essa vitória deles. Mas estão bastante enganados. O Peter infelizmente, eu gostaria de queimar a língua, eu desejo o melhor pra ele até porque eu sou Fluminense. Eu tenho que desejar boa sorte, porque quero ter alegrias com o Fluminense. Mas o que quê o Peter vai fazer o Esporte Olímpico? Ele vai de alguma forma confrontar alguma coisa? Olha eu vou te dar uma experiência, agora na campanha do Julio, eu fui surpreendido com um telefonema do José de Souza, vice-presidente do Clube, falando que tinha havido uma intervenção no Esporte Olímpico. E que o Julio me queria como diretor de basquete. Eu falei: “Mas, como agora, no meio do processo eleitoral. Vai me desviar, eu tenho muito sócio pra conversar. E lá no basquete não tem tanto voto assim. E acho que já é um campo minado. Mas acabei aceitando. Aceitando por uma seguinte questão. Sempre me incomodou ver essa hegemonia do Flamengo no basquete. E o Fluminense aí omisso. Então o compromisso do Julio comigo foi que se formasse um time adulto profissional. Foi exclusivamente por isso que eu aceitei. Não vejo essa perspectiva que o Peter vai fazer esse time profissional. Se ele fizer ótimo. E se fizer também, espero que não seja uma clientela do seu Renê. Porque a promiscuidade nessa eleição foi muito grande. O próprio seu Renê no dia da eleição por duas ocasiões eu vi ele andando com o Peter, apresentando pessoas ao Peter. Ele é um funcionário do Clube.

A manipulação é tão grande, a truculência da campanha do Peter. Ele botou umas pessoas truculentas dentro do Clube que era impressionante. Eu particularmente, se não fosse o segurança do Clube, eu seria agredido por mais de 20 membros da Flusócio. Por nada! Por nada! Apenas porque estavam com medo da minha ação. E com medo de perder a eleição. Porque muitos ali... É a questão do clientelismo. O Peter também me parece, tomara que não, que vão começar a perder para o clientelismo. Vai começar o mesmo processo da Vanguarda, que começa a empregar pessoas dentro do Fluminense. A dita profissionalização que eles tanto falam nada mais nada menos, do que empregar as pessoas deles. Porque o Clube já é altamente profissionalizado. O Clube tem vários funcionários profissionais, que são bons profissionais. Só não são adequadamente utilizados nem sei se a questão de cargos e salários são adequados. Mas o Clube é altamente profissionalizado. O dirigente amador se for um bom gerente, ele não tem preocupação. Ele tem profissionais à altura para assessorá-lo. Agora o que acontece é que há um processo que aconteceu na Vanguarda. E começam a entrar essas pessoas, começam a ser profissionalizadas. Me parece que dentro da Flusócio já tem pessoas que querem emprego dentro do Fluminense. Já querem ser empregadas pelo Fluminense. Isso se chama clientelismo barato e rasteiro. Me parece que o Peter vai ceder. Vai ter que dar emprego para algumas pessoas da Flusócio. Tomara que não. Mas que eu sei que têm muitos com essa pretensão. Agora a campanha no Fluminense, quem é sócio, não se faz campanha pensando em profissionalização. Pelo menos eu penso que não seja o seu espírito e nem é o meu. Você por exemplo, faz jornalismo nunca pensando em ganhar recurso. Eu sei até pelo contrário. Eu vi o depoimento de uma pessoa que tentou cooptá-lo. De alguma maneira ele tentou te remunerar. E você de uma forma peremptória, se negou a fazer isso. Isso realmente é um depoimento que eu queria dar. Porque isso eu não soube através da sua pessoa. Eu soube da pessoa que tentou fazer isso contigo. E imbuída das melhores intenções por sinal. Agora esse espírito que eu não estou vendo nas pessoas. As pessoas vão perdendo esse romantismo e começam a pensar nessa profissionalização, que é um clientelismo barato e rasteiro. O Fluminense não é meio de vida para as pessoas.

ELEIÇÃO DO FLUMINENSE: Eu gostaria muito de queimar a língua com relação ao Peter. Mas ele não em parece ser uma pessoa muito correta no relacionamento pessoal. Embora, isso tem pouco a ver, porque eu também não faço nenhuma questão de ser amigo dele. Eu gostaria apenas que ele fosse um bom presidente. Eu me lembro que quando houve um episódio de eu ser diretor por esses 30 dias, ele veio me abraçar na frente de várias pessoas: “Antonio César, que maravilha, agora eu sei que não vai haver retaliação pessoal. Que você é um homem justo. Você sofreu uma injustiça. E eu falei: “Com certeza, que eu nunca vou praticar injustiça”. Mas você vê, eu fui pra lá e os pais todos estavam – menos os não sócios – com camisa do Peter. O que me deixou profundamente chateado. Não porque estavam com a camisa do Peter. Eu gostaria de ver todo mundo com a camisa do Fluminense. Quando o meu filho jogou aqui foi campeão, nós pela primeira vez organizamos os pais numa verdadeira torcida do Fluminense. Na decisão contra o Botafogo, quando fomos campeões, todos os pais estavam uniformizados com a camisa do Fluminense Football Club. Agora eu cheguei lá e só tinha Peter. Atleta com a camisa do Peter, entrando dentro da quadra com a camisa do Peter. Eu jamais entrei dentro do Ginásio se quer com a camisa do meu candidato. Tenho que dar exemplo. Cheguei lá, perguntei: “Eu queria uma relação dos atletas”. Não me foi concedido. Falei: “Tem menores aqui de outros estados. Eu gostaria de saber se eles tem autorização dos pais”. Junto com o Vice-presidente foi solicitado. E não me foi dado. Tentei com a assessora jurídica extra judicialmente. O que ela inclusive concordou e foi muito útil por sinal, muito atenciosa, me deu até razão. Mas, o Vice-Presidente achou que pelo diálogo ele conseguiria. Coisa que não consegui até o momento. Falei que queria ter uma reunião com o corpo técnico, o coordenador chegou pra mim e falou que o corpo técnico não tinha tempo pra se reunir comigo. Fiz um comunicado aos pais falando que diria numa reunião que eu queria despolitizar o ambiente. E falar da minha intenção apenas que se eu permanecesse à frente do cargo, o meu compromisso era apenas pra gente formar um time adulto, pra criar perspectivas para aqueles atletas. Principalmente para os mais humildes. No entanto, me foi negado. O coordenador falou pra mim que nenhum pai queria falar comigo. E, quer dizer, um ambiente totalmente contaminado pela propaganda e pela campanha do Peter. E era o contrário, eles falavam que nós manipulávamos. Que nós estávamos com uma ação coercitiva. No entanto, eu via aquelas pessoas humildes, pais humildes, com a camisa do Peter. Aqueles pais que nem torciam pelo Fluminense, que se não colocassem a camisa do Peter ‘o filho dançava’. Eu não ia fazer uma maldade, não ia chegar e retaliar. Fazer uma maldade pra prejudicar uma mãe ou um pai daquele ou um atleta daquele. Preferi ficar quieto, porque eu achei aquilo uma maldade incrível. E a maldade continua. E se o Peter quiser tomar alguma providência, simplesmente não vai conseguir nada. Porque ele é um presidente que não tem poderes sobre o Esporte Olímpico. O funcionário lá manda mais do que ele. O funcionário vai fazer o que bem entender. Porque se o Peter quiser fazer o cara vai ao Ricardinho. E o Ricardinho vai falar: “Segura aí. Não é tua área. O compromisso de campanha não é esse”. Porque tem um preço. Tudo tem um preço. Se o sr° Ricardo apoiou o Peter, é porque ele não quer o Peter se metendo lá. Se o sr° Celso Barros está apoiando o Peter, é porque ele está apoiou ele lá. Agora, a questão contraditória, que eu também não sei o que leva, a pessoa que fez Xerém, que foi o presidente Sylvio Kelly, a apoiar... Uma pessoa inclusive que depois de um determinado momento da nossa política de oposição engrossou as nossas fileiras de uma forma muito incisiva por sinal. E com muito brilhantismo também. Dr° Sylvio Kelly é o seguinte, ele acredita em Xerém. Eu também acredito em Xerém. E se não fosse Xerém não seríamos campeões nacionais. Não é só o time que o Celso Barros trouxe. Xerém também deu a sua contribuição. Assim como a própria Traffic também deu a sua contribuição. Agora o modelo do sr° Celso Barros não é um modelo de prestigiar as categorias de base. Ele nunca investiu um tostão em Xerém. Xerém podia ser o nosso Centro de Treinamento, tem área pra isso. É um investimento que não é muito caro, pequeno. Ele é que nem a NBA. Na NBA nenhum time tem categoria de base, já pegam jogadores formados, vindos muitos do esporte universitário. Isso é um antagonismo aqui dentro do Clube. Eu acho que se ele estivesse investido um pouquinho de dinheiro em Xerém, nós seríamos campeões antecipadamente por quatro ou cinco rodadas. Era só pagar um pouquinho mais – parece que a diferença que fez o nosso artilheiro Allan sair do Fluminense foi R$ 20 mil. Se ele paga R$ 250 mil ao Belletti, paga outros jogadores aí. Deixar de contribuir pra manter o garoto Allan aqui? Com certeza o garoto Allan com seus gols teria nos colocado, antecipadamente, campeão nacional. Eu não tenho nenhuma dúvida disso, pela qualidade do jogador que ele é, jogador de Xerém. E também só perdemos o campeonato carioca porque o Maicon foi embora. Porque o Maicon era o grande municiador do Fred pra fazer seus gols. E se o sr° Celso Barros tivesse feito uma ação pra segurar o Maicon, nós seríamos campeões cariocas. E o Flamengo não teria a hegemonia de campeonatos estaduais sobre nós. Então, o Celso Barros tem um modelo que, não sei se é melhor pra empresa dele, não vou discutir, também é evidentemente que ele tem que puxar pro lado da empresa dele. Agora, como tricolor eu questiono muito o sr° Celso Barros. Eu acho que ele olha muito mais a sua empresa do que o Fluminense. Eu fiquei tão chocado quando vi uns garotos falando da Unimed, que falei: “Meninos, vem cá, a Unimed passa o Fluminense fica. Vocês não têm que ser Unimed. Vocês têm que ser tricolores. Vocês têm que ser Fluminense. Essa cultura que estão passando pra vocês, de patrocinador que faz tudo, isso é o errado. Se a Unimed paga altos salários para os jogadores, é porque o Fluminense da altos lucros pra ela. Porque se não desse lucro, não pagaria nada. Porque mesmo que o sr° Celso Barros quisesse, os outros lá, membros da cooperativa, não deixariam. E ele não é louco de confrontar os outros membros e depois perder a condição de presidente lá.

A ÚLTIMA REUNIÃO DO CONSELHO. Com relação a esta última reunião (do Conselho Deliberativo) que aparentemente, me parece, que o “Ideal” faria oposição ao presidente Peter. Eu ainda estou cético com relação a isso. Primeiro, que eu acho que o “Ideal” não entendeu esse processo que falei: “O Peter é o candidato da continuidade. O Peter é o candidato que vai manter esse modelo. Celso Barros e Ricardinho mandando no Clube. Só restando ao presidente à administração e o social. E só mudaram a roupagem. Pegaram um presidente gordo, feio, parlapatão, por um rapaz jovem, bonito, elegante, de família abastada. Trocaram o figurino. É questão tipológica, somente. Que realmente dá um charme maior ao Fluminense. Ter um candidato mais bonito, mais charmoso, como é o caso do Peter. Mas, eles não entenderam. Parece que até agora eles estão num sonho da renovação do Fluminense. Nada. O Peter é a continuidade, representa o conservadorismo. É a manutenção disso que vem acontecendo e que se configurou na gestão Horcades. O pronunciamento do Rogério Do Val foi um pronunciamento firme. Eu li no Blog “CIDADÃO FLUMINENSE”. Foi muito firme. O Rogério é um cara extremamente corajoso, tem uma coragem cívica muito grande. Mas, no entanto é o seguinte, eu vi aquilo mais como um desabafo. Um desabafo a uma traição ocorrida pelo fato ali presente. Pelo fato de não terem apoiado o Ademar (Arrais) pra ser o presidente do Conselho. E não por ter questionado a gestão do Peter. Por não ter questionado as coisas erradas que vão continuar acontecendo no Clube. Eles vão ver agora, pois vai ter tentativas de cooptação. O Peter, com certeza, ou ele vai procurar jogar. Eu acho que com isso, de propósito, como ele não gosta muito do “Ideal”. Ele gosta de algumas figuras do “Ideal”, mas da maioria das pessoas do “Ideal” ele não gosta. Talvez pra ele, seja conveniente jogar o “Ideal” pra oposição. Ele com isso, ele mesmo forçou o “Ideal” a ir pra oposição. Agora será que o “Ideal” quer ir pra oposição? Será que quer ir pra oposição? Porque o Peter com esse ato dele, ao trair o Ademar... O Ademar foi uma pessoa fundamental na sua campanha. O Ademar foi um leão na sua campanha. O Ademar mal dormia na sua campanha. O Ademar participou de todas as grandes articulações da sua campanha. O Ademar foi uma das pessoas que jogou na unificação da sua campanha. No entanto, foi jogado como se fosse um bagaço de laranja. Quer dizer: foi a laranja que foi chupada, chupada, depois virou um bagaço e foi jogada na lata de lixo. É assim que a gente simplifica essa reunião. A pretensão do Ademar que o Peter sempre conheceu. Sempre. Nunca desestimulou o Ademar. Nunca. Em nenhum momento desestimulou. Foi decisiva a ação dele. Porque se não fosse a ação dele o Peter teria o apoio da “Democracia” e de outros setores, pra ser presidente. Só não foi porque o presidente do Clube não quis. Aliás, este é um papel que o presidente do Clube têm que desempenhar, administrar as tensões internas do Conselho, que o ‘status quo’ deixa pra ele. O ‘status quo’ quando eu falo é Celso Barros e Ricardinho. Deixam pra ele ficar administrando estas questões aí. Bota a Flusócio lá na ponta, na vanguarda, fazendo a sua política. A Flusócio é a mensageira. Onde a Flusócio vai estar é onde o Peter vai indicar. E o pessoal vai acompanhando a Flusócio. Os outros grupos vão acompanhando lá, porque ali é que está o símbolo do poder. Porque o Peter vai tentar cooptar alguns elementos do “Ideal”. Oferecendo até cargos. Que até o momento o “Ideal” não foi contemplado com cargo nenhum. Pelo que eu saiba nem na vice-presidência. Nenhuma das vice-presidências contém membro do “Ideal”. Será que ele vai tentar fazer uma cooptação pra tentar amortecer o “Ideal”? Será que o “Ideal” em cima dessa cooptação de poder vai começar a condescender, a ser condescendente? Não sei. Eu acho que, como os companheiros não despertaram. Essa questão do Rogério, e de outros, até do próprio Ademar, foi mais um arroubo. Foi mais uma coisa de momento do que propriamente questionar o modelo de gestão que o Peter está montando. Você pode notar, leia atentamente: Em nenhum momento, está se questionando a fundo o modelo de gestão que o Peter está desenhando. Houve apenas um desabafo em relação à traição. Eu acho que isso não é política. Essas questões pessoais, eu acho que não deve se colocar em conta. Eu por exemplo, não gosto muito de pessoa do Peter. O Julio (Bueno) é uma pessoa, muito mais decente é humana. O Peter... Mas pra mim isso pouco importa. Porque eu não quero um presidente do Fluminense amigo meu. Eu quero um presidente do Fluminense que leve o Fluminense as glórias. Eu quero ter amigos aqui. Como eu tenho como você, o próprio Ademar e inúmeros outros companheiros que frequentam a sede do Fluminense. É aqui que é o meu convívio social. E não é nem o convívio social dele. Então, não tem o porquê de querer ser amigo, querer bajular, ser puxa-saco. Agora é lamentável. É lamentável pelo seguinte, uma oposição... Tem que ter oposição dentro do Conselho. Porque ela faz o papel da fiscalização. Isso vai tornar mais difícil. Mas não vai suprimir. Se o ‘status quo’ mais o sr° Peter Siemsen, pensa que calou a boca da oposição, ele está muito enganado. As ‘forças vivas’ ainda estão muito presentes. O próprio Julio teve 831 votos. Muitos dali, vão engrossar na oposição. Outros não. Outros estarão prontos pra ser chamados pra qualquer momento... Inclusive alguns são beneméritos, se o Peter acenar, são força de reserva pra aderirem ao Peter. Como já aconteceu com o Horcades. Eles brigaram com o Horcades, e depois quando a “Democracia” rompeu com o Horcades, eles foram imediatamente. Não é que sejam más pessoas, não. É porque é uma questão de status. Eles gostam de ter um status dentro do Clube. E realmente é um vício. O que quê você pode fazer? Foram criados dentro desta cultura. A geração deles não tem jeito, é pau torto mesmo. Só as gerações mais novas é que vão mudar isso aí. Lamento muito! Agora, o Julio se ele quiser, ainda é uma grande liderança. Ele mostrou vitalidade eleitoral. Ele teve bem mais votos do que teve o Peter na primeira eleição (na primeira eleição, em 2007, o candidato Peter Siemsen teve 631 votos). E não se esqueça, se o Peter se credenciou a ser presidente, foi por causa da primeira candidatura dele. Ele (Julio) precisa apenas de corrigir algumas deficiências, que ele mesmo depois fez uma mea-culpa, uma auto-crítica, de suprimi-las. Pra ele ser um grande candidato, inclusive com chance de vitória. Muito difícil, se talvez for numa reeleição do Peter. Mas, numa outra, bem provável que ele ganhe. Porque enfrentar um candidato em reeleição é muito difícil. Nós vamos ter muitas dificuldades. Praticamente é impossível conter a reeleição do Peter. Eu particularmente não sonho. Eu estou travando uma luta pra seis anos. Vou travar uma luta de fiscalização em cima do Peter por seis anos. Porque o instituto da reeleição com a máquina que o Peter vai ter nas mãos... Já utilizou muito bem ela, quando ele compôs com esses grupos. E o Julio que levava a culpa, coitado. Então é uma briga pra seis anos. Agora, como eu não sou arrivista. Como tem muitos outros companheiros que não são arrivistas. Como você... Que não vou falar que você é oposição, nem vou falar que você é situação. Você é apenas fiel aos fatos, que vão ocorrer no Clube. Se vão ocorrer fatos que desmereçam a administração Peter você vai noticiar. E se também ocorrerem fatos que, vão dar merecimento a esta administração, você também vai noticiar o fato. Então, nós de oposição, nós vamos contar contigo, justamente pela fidelidade aos fatos que vão acontecer no Clube. Não porque seja um adepto. Você nunca me abriu em quem ia votar. Você tinha muitas críticas, mas você também fez elogios. Então, eu vejo você, vou definir... É uma ‘força-viva’. Outros segmentos que estão aí são ‘forças vivas’. Essas ‘forças vivas’, o Peter e seu ‘status quo’, não conseguiram suprimi-la. O que quê eu quero? O que quê acho que muitos querem? Restaurar a autoridade presidencial dentro do Clube. Que eu acho que o Peter não vai restaurar. Ele vai se muito... Eu penso o seguinte. Vai ter muita perseguição. Eu estou pronto, inclusive pra sofrer punições. Porque o Peter pra agradar o sr° Celso Barros, não vai medir conseqüências. Se ele receber algum pedido do sr° Celso Barros, com certeza, ele vai tentar até expulsar elementos dessa ‘força-viva” de oposição no Clube. Porque ele vai atender. Eu acho que o Celso Barros estabeleceu uma “plutocracia” no Fluminense. O Celso Barros é um plutocrata! O Fluminense se movimenta hoje de acordo com os interesses e os recursos do sr° Celso Barros. Não existem critérios técnicos. O Celso Barros sempre contratou mal. Sou contra o modelo plutocrata do sr° Celso Barros. Não me coloco contra a pessoa do sr° Celso Barros. Mas sim contra o modelo plutocrata que ele instaurou no Fluminense. E o Peter vai tentar atender também o sr° Ricardo. Se for incomodado e tentar extinguir. Mas, ele não conseguir, porque o modelo dele é um fracasso. O modelo dele é contra a natureza do Fluminense. A natureza de ser tricolor. O Fluminense precisa restaurar autoridade. Estou sendo repetitivo, mas o Fluminense precisa ter um presidente que atenda aos sócios e torcedores do Fluminense. E que não atenda aos grupos do Fluminense. O Peter é uma pessoa entregue aos grupos. Ele não vai titubear. Ele vai ser muito forte, muito valente, quando tiver que punir um fraco. E vai ser extremamente pusilânime com essas forças conservadoras que controlam o Clube. Isso é natural da pessoa que tem uma natureza covarde. Ser valente com os oprimidos E isso tudo que eu estou falando ele pode tomar conhecimento. Ele não vai tomar nenhuma providência. Se eu queimasse a língua até que seria uma coisa muito legal. Ele não vai contra as forças conservadoras. Ele só vai contra as ‘forças vivas’. Nós vamos travar uma longa luta! Muita gente desinformada. Essa campanha foi a campanha da desinformação. Então, não pense ele, não pense esse seu Celso Barros, não pense o sr° Ricardo, que irão calar a minha voz. Quando eu denunciei os maus tratos as crianças no Esporte Olímpico, o sr° Ricardo veio com um aparato com cem pedras na mão me atacando. Mas, não respondeu a minha indagação. Atacou até a minha família. Na resposta, eu falei: “Se você pensa que vai me calar, com essa ação, você não vai me calar, não. A luta está começando agora”. E está se configurando. Quando ele viu que o Horcades era uma peça que tinha se exaurido, eles precisavam de uma roupagem nova, eles se bandearam logo. Se bandearam logo e procuraram o Peter. Qual deve ter sido a exigência: “Olha, aquele lá não dá”. Tanto que o Peter delicadamente, veio falar pra mim: “Oi, muito obrigado, por você ter aberto a sua casa. Mas eu estou lá com o pessoal do Esporte Olímpico”.

FLUSÓCIO: A Flusócio ela é um sistema feudal com relação ao Peter. Parece um príncipe e as pessoas ali naquela vassalagem, aquela coisa incrível. Mas, tem muita gente boa dentro da Flusócio. Eu até citei o nome aí do Claudio Maes. E tem pessoas lá independentes que tem o seu próprio trabalho e que foram incorporados pra essa campanha. E muitos jovens que desconhecem a questão interna. Viram aquela questão da Flusócio, acharam que era uma boa e entraram. Mas, agora com a realidade nua e crua, vai despertar muita gente dentro da Flusócio. Vou te dar um exemplo. Eu entrei na fila, fiquei 11 horas na fila pra comprar um ingresso, estavam dois jovens que tinham sido filiados pela campanha que eles tinham visto lá no Maracanã, de adesão a Flusócio. E eles tinham votado no Peter. E eu falei: “Por que vocês votaram no Peter?” “Nós pensamos em votar no Julio”. Você vê como eles não controlam. Os jovens iam votar apesar de estar filiado na Flusócio, iam votar no Julio, porque achavam o Julio mais preparado. No entanto, aquela ação que foi decisiva pra vitória do Peter, aquilo foi um absurdo, o patrocinador definiu os números. Ele bateu na mesa: “Se entrar eu retiro o patrocínio”. Depois tentou desmentir, mas ficou aquilo. Aqueles jovens ficaram com medo. Como eles conhecem pouco sobre a realidade do Fluminense, não sabem do potencial do Fluminense, eles ficaram com medo, recuaram e acabaram votando no Peter. Então, numa conversa com eles, ficamos muitas horas na fila, começaram a ter um despertar da alienação deles. E isso vai acontecer agora! Muitas mentes vão ser esclarecidas. A Flusócio, não pense ela que esse número imenso de pessoas que ela conseguiu filiar, ela submeter à alienação. Não vai conseguir. Isso eu te garanto que não vai conseguir, vai ter muitas baixas. E eu lamento, porque tem muita gente boa lá dentro. Mas têm uma cúpula que eu acho extremamente serviçal as ações do ‘príncipe’ Peter.

7 comentários:

  1. Camarada Coelho, haja paciência! Este ex-conselheiro é campeão em falar asneiras e criticar os outros. Você merece um prêmio Esso de paciência jornalítica.
    Ele deve morar num circo de espelhos, repetindo:
    " Eu sou lindo, eu sou lindo!"

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  2. Numa boa, esse cara falou, falou e falou. E falou. E não disse lá grandes coisas. Deu a sua visão dos fatos. Somente.

    Como diria o 'Dude', no filme 'Big Lebowski': "This is like... your opinion, man."

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  3. Discordo do comentário acima. Acho que o Antonio (que pouco conheço) falou, falou e disse muita coisa sim. Reamente foi a visão dos fatos dele, mas nem por isso deixou de dizer grandes coisas. Seus comentários são muito interessantes, vamos aguardar para ver. Na questão do Esporte Olimpico e Unimed tenho a nítida impressão de que vai acontecer tudo que ele disse, inclusive já está acontecendo com a situação - antes repudiada e agora quase aceita - do Alcides Antunes.
    Quanto a figura do Julio tb assino embaixo que trata-se de uma pessoa da melhor qualidade, simples, ética e democratica. Nao conheço o Peter de forma mais próxima, então não tenho como tecer comentários. Vou avaliar ao longo de sua gestão. Mas a começar - como dito acima - pela "entrega" do EO e do futebol...não será muito bom o início. Vamos aguardar e dar tempo ao tempo.

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  4. Não é só opinião, como o nobre colega tenta desmerecer a entrevista.

    É uma visão lúcida e coerente dentro da realidade dos fatos, uma visão que expõe a contradição e entre discurso e prática da chapa vencedora do pleito.

    Da forma como vão se configurando, o futebol e os esportes olímpicos seriam a mera continuidade da gestão Horcades, com o agravante dos Esportes Olímpicos estarem reforçando o seu status de "feudo" dentro do clube. E a Unimed reforça sua posição também. Vai chegar o momento em que assinaremos Fluminense-Unimed, como nos times de vôlei.

    Uma pena que neste momento em que precisamos gerir esta dívida, toda a montanha de dinheiro que a Unimed rende ao clube não possa ser usada de acordo com o entendimento do Presidente. E fico cada vez mais pessimista em relação a isso. Nosso futebol foi terceirizado, fato.

    E agora, com o anúncio da permanência do Alcides, a gente vê mesmo que tínhamos razão durante a campanha e que o discurso de que o patrocinador só fazia as coisas porque o Horcades era fraco, caiu por terra.
    O Presidente já começou acatando a imposição do Celso Barros.

    Ficou claro agora aos eleitores do Peter que não frequentam o clube porque o Peter não é Flusócio? Peter é Peter.

    Além disso formaram um conselho deliberativo de cunho conservador - que inicia o mandato rachando - quando o que se prega é a modernização, o "novo". Vamos acompanhar esse desenrolar com atenção. Mais uma vez o discurso e a prática não coadunam.

    E fomos achincalhados na campanha por falar essas verdades.
    Estão aí, para qualquer um ver. Não dá mais pra escamotear.

    Espero mesmo que a gestão tenha sucesso no que realmente se propõe a modernizar no clube, que é o marketing e a gestão da dívida.
    Junto com o CT e uma forma decente de se vender ingresso já terão dado alguns passos muito grandes em direção à viabilidade do clube.

    STs
    Carlos Clark

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  5. Um longo chororô eleitoral do ex-conselheiro Antônio Cesar.

    Ele só esqueceu de colocar as inúmeras vezes que ele chamou o Peter de "bonitão" nas reuniões da Dannemann na campanha de 2007. Era até constrangedor. Será que ele queria ser diretor de basquete naquela época? Será?

    Como este blog passou a ser a voz do Ideal Tricolor, aproveito para dizer a maneira como eles são conhecidos no clube: um grupo que tem braços e pernas fortes, mas cujo cérebro não funciona.



    Att.,
    Walter Cavalcante

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  6. Vai censurar minha mensagem informando que trata-se de uma entrevista de um membro da chapa do Júlio Bueno (Antônio César) comentada por dois membros da chapa do Julio Bueno (João Alberto e Carlos Clark) porque?

    Super "democrático" esse espaço hein. Depois você ainda tem a cara de pau de acusar a Flusócio de censurar comentários em seu blog.

    Marcelo TYF

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  7. Marcelo TYF,

    Aqui não tem censura! Como você mesmo reconhece este espaço é "super democrático", apesar de suas expressões não serem um exemplo de civilidade e boa educação.

    Não acuso o blog da Flusócio de "CENSURA", pois não escrevo lá faz mais de um ano e meio. Por isso ele não tem como me censurar. Mas, são muitos outros tricolores que dizem isso.

    Mas fique calmo! Essa sua irritação toda no 'primeiro dia útil do ano' pode fazer mal pro coração. Relaxe! Vai dar uma caminhada na praia vestindo uma camisa do Fluminense.

    EDUARDO COELHO

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