quinta-feira, 25 de junho de 2009

"Los hinchas del Fluminense"! (Ou será uma confissão de amor?)

O dia 25 de junho para a maioria dos tricolores é lembrado pela conquista do campeonato carioca de 1995, com o famoso "Gol de Barriga" de nosso ídolo Renato Gaúcho. Naquele dia o Fluminense voltava a ser campeão carioca depois de "nove longos anos". Uma eternidade para a exigente torcida tricolor, sempre acostumada com as conquistas de títulos. E neste dia, 25 de junho de 2009, completam-se catorze anos desta conquista. Muitos tricolores estão lembrando da data.

Evidentemente, que é muito mais fácil e agradável, lembramos de vitórias, conquistas, e tudo mais que proporciona nossa vida, ser mais prazerosa e feliz. Entretanto, dizem que devemos nos lembrar mais das derrotas, para amadurecermos com elas e jamais repeti-las. E, também neste dia 25 de junho, exatamente há um ano, o Fluminense perdia o primeiro jogo da Final da Libertadores-2008, para a LDU, por 4 a 2, no Estádio Casa Blanca, em Quito, no Equador.

Enfrentamos uma cansativa viagem de avião que passou por São Paulo, Lima, até chegarmos em Quito, a capital do Equador. Nosso grupo viajava pela "Ultramar Viagens", uma empresa que nos deu toda atenção necessária. E melhor ainda, quando ainda no aeroporto Tom Jobim, conhecemos seus proprietários, Jorge Alberto Pinto e seus outros dois irmãos, todos "tricolores apaixonados" como nós. Pensávamos: "- Isso é que é empresa boa! Trabalham em família, viajam com os clientes e o melhor de tudo, são todos tricolores"!

Ainda no aeroporto de São Paulo, observei dois companheiros de viagem conversando sobre os efeitos da altitude. E, um recomendava ao outro que, levasse remédios para uma eventual "dor de cabeça" por causa da atitude. Nem quis saber de ouvir o resto, e tratei logo de me abastecer de remédios ainda no aeroporto de São Paulo. Logo ao chegar em Quito, percebemos que a história era real. Após cinco minutos de euforia, pulando muito e gritando "NENSE", todo o nosso grupo já sentia o "cartão de visitas" da adversária altitude. Começávamos a sentir o que nos esperava.


Nosso grupo ficou num hotel na mesma avenida em que se localizava, o hotel em que estava a delegação do Fluminense. Eram poucas quadras de diferença, cerca de quatro ou cinco, no centro de Quito. Isso era bom, pois com o problema da altitude, não precisariamos fazer deslocamentos de longa distância para estarmos todos juntos. No dia do jogo, quarta-feira, 25 de junho, fomos todos logo cedo, para a porta do hotel do Fluminense. Fomos carregando minha enorme "bandeira oficial do Brasil" de 4m x 3m, aberta pelo meio da rua, atrapalhando o trânsito de Quito. Mas, fomos muito bem recebidos pelos equatorianos. Tivemos vários momentos, muito emocionantes, na porta do hotel do Fluminense, quando cantávamos todo "o nosso amor ao tricolor".

Os dois momentos que o nosso grupo teve algum problema no Estádio Casa Blanca (antes do jogo começar, porque depois...), foi quando um "dinamarquês" tricolor teve sua bandeira do Fluminense roubada e quando surgiu uma bandeira do Flamengo no meio da torcida da LDU, bem perto de onde estávamos. Senti, na hora em que surgiu a bandeira do Flamengo, que o amigo Mariano Morel não tinha gostado nem um pouco da provocação. Num determinado momento, Morel correu em disparada na direção do "equatoriano provocador". Vários outros companheiros nossos correram para ajudá-lo e eu estava entre eles. Mas, logo fui agarrado por um policial com "cara de poucos amigos" e fui obrigado a recuar (seria o cúmulo do absurdo, viajar do Rio de Janeiro até Quito e terminar preso sem poder assistir ao jogo).

Refeitos da confusão, começaria a partida e logo aos 2 minutos, Claudio Bieler faria o primeiro gol da LDU. Tomamos um susto, evidentemente. Mas, numa cobrança de falta Darío Conca empatava o jogo fazendo um golaço. Após intensa vibração no gol de Conca, sentíamos claramente os efeitos da altitude. Tentávamos cantar para incentivar o time e não tinhamos muita força. Mas, o pior ainda viria. Aos 28 minutos, Joffre Guerrón faria o segundo gol da LDU, iniciando-se o que nós chamaríamos de "O apagão tricolor". Aos 34 minutos, Jairo Campos faria o terceiro. E aos 45 minutos, Patricio Urrutia faria o quarto gol da LDU.

Estávamos todos perplexos com o que acontecia, alguns revoltados vociferando e alguns poucos chorando. Realmente, era de doer, sair do Rio de Janeiro até Quito, para durante o intervalo estarmos "levando uma cipoada" de 4 a 1. Para muitos tricolores ali, " a vaca tinha ido para o brejo". E ali, perdíamos o título tão sonhado da "Taça Libertadores da América".

Mas, como estava acompanhado de meu livro de Nelson Rodrigues, "O Profeta Tricolor", da Editora Companhia das Letras, comecei a proferir discursos para amenizar a dor dos que choravam. Dizia coisas como: "- Calma, gente! Nosso time é bom e vamos diminuir a diferença! Vamos 'levar o jogo' para o Rio"! Após esta atitude, o repórter Marcelo Pizzi, da TV Globo, que nos acompanhava, me pediu que lesse algumas frase antológicas do livro de Nelson Rodrigues para a matéria especial que fazia para o programa "Esporte Espetacular". Dentre tantas, repito uma: "Sou tricolor, sempre fui tricolor. Eu diria que já era Fluminense em vidas passadas, antes, muito antes da presente encarnação".

Com o gol de Thiago Neves, aos 7 minutos do segundo tempo, começávamos a acreditar que a sorte mudaria para o nosso lado. Mas, o domínio tricolor no segundo tempo não foi suficiente para reduzirmos ainda mais a diferença. Mas, com uma "milagrosa defesa" do goleiro Fernando Henrique, no finalzinho da partida, acreditávamos que aquela seria a "defesa do título". Tinhamos que nos apegar em qualquer coisa. Afinal, só nós tricolores, possuimos entre os nossos quadros alguém tão especial como o "Sobrenatural de Almeida".

No dia seguinte ao jogo, enquanto todos os outros companheiros se preparavam para fazer um "tour" por Quito, o repórter Marcelo Pizzi, me acordava no quarto do hotel, e pelo telefone dizia: "- Gostaria que você fizesse uma matéria comigo, hoje, no Estádio Casa Blanca. Acho que você simboliza bem os mil tricolores que estão aqui em Quito". Talvez, por que estivesse mais parecendo com um padre durante o jogo. Tinha um "livro sagrado" e uma imagem de São Jorge nas mãos, uma fita tricolor na cabeça e uma bandeira tricolor nas costas.

Então, fomos lá, em direção ao estádio. Mas, antes de irmos ao estádio fomos ao CT da LDU para pegarmos permissão. E ficamos espantados com a "estrutura" de nosso adversário. Só de campos de treinamento, tinham 16. Pudemos conversar com o treinador da LDU, muito simpático e atencioso o argentino Edgardo Bauza e o goleiro José Francisco Cevallos. Eu e Marcelo fomos recebidos pelo Coordenador do Centro de Treinamento da LDU, que nos mostrou gentil e pacientemente todas as modernas instalações de sua equipe.

No Estádio Casa Blanca, Marcelo me pediu para que andasse pelo gramado olhando para as arquibancadas com um olhar "contemplativo". E depois me pediu que, colocasse a "bandeira tricolor" amarrada ao gol em que Fernando Henrique fez a "milagrosa defesa" no final da partida, e que me ajoelhasse e lesse um pouco do livro "O Profeta Tricolor" de Nelson Rodrigues. O objetivo de Marcelo (e meu também) era fazer uma matéria dramática e que envolvesse emocionalmente, todos os tricolores, para a próxima batalha que seria travada no Rio de Janeiro. Antes de partirmos de volta ao Rio, buscávamos noticías de nossa cidade maravilhosa na internet. E todos nós, saimos de Quito, com um só pensamento: "EU ACREDITO"!!!

Saudações Tricolores
que less

4 comentários:

  1. Só de ler e lembrar essa história, a gente se arrepia!! Pena que as lembranças, principalmente o final, não foram das melhores...

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  2. Caraca essa viagem apesar do imprevisto do jogo é de se lembrar o resto da vida !!! Tá de parabens

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  3. \grande PEIXE RONCADORRRR, parabéns!!!

    Sheikh Mohammed Palermo Mucarza II

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  4. Viajar é muito bom e ver o Fluminense na final com meus irmãos e amigos tricolores é indiscritível , apesar da derrota e inúmeras viagens que eu ja fiz , essa viagem a Quito só tenho lembranças boas.
    ST JORGE PINTO

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