domingo, 20 de dezembro de 2009

FLU CAMPEÃO DO BRASIL - 1970

Eram poucos meses depois que o Brasil havia se tornado “Tricampeão do Mundo”. E o futebol brasileiro fervilhava de emoção. E exatamente no dia 20 de dezembro de 1970, eu era apenas uma criança que estava na casa dos avós. Como muitos outros integrantes de nossa família, meus avós eram nascidos na região da Calábria, na Itália.

A casa ficava no bairro de Santa Teresa. O bairro de Santa Teresa, ao longo do século XX sempre foi um grande reduto de italianos no Rio de Janeiro. E a imensa colônia italiana no Rio de Janeiro, “adotou o Fluminense” como o seu clube do coração. Este fato se explica muito, pela semelhança das cores do Fluminense com a bandeira da Itália. Mas também pela elegância do Fluminense.

E naquele dia 20 de dezembro de 1970, o bairro de Santa Teresa estava abarrotado de bandeiras tricolores. Naquele dia 20 de dezembro de 1970, Santa Teresa, o Rio de Janeiro e o Brasil
viveriam uma intensa festa tricolor. Naquele dia 20 dezembro de 1970, o Brasil se vestiria de tricolor e faria uma grandiosa festa em três cores, traduzindo toda a tradição do seu futebol.

Naquele dia 20 de dezembro de 1970, o Fluminense disputaria a partida contra o Atlético Mineiro e se tornaria o campeão do Brasil. A Taça de Prata, chamada de Torneio Roberto Gomes Pedrosa, em 1970, era o embrião do campeonato brasileiro. Grandes equipes disputaram o campeonato: Botafogo, Bahia, São Paulo, Santos, Palmeiras, América, Grêmio, Atlético-MG, Fluminense, Cruzeiro, Corinthians, Flamengo, Internacional, Santa Cruz, Atlético Paranaense, Ponte Preta e Vasco. Classificaram-se pelo grupo A: Palmeiras e Atlético-MG. E classificaram-se pelo grupo B: Cruzeiro e FLUMINENSE.

Nunca na história do Maracanã a torcida do Fluminense promoveu semelhante festa. A torcida do Atlético Mineiro estava espremida do lado esquerdo da tribuna de honra, e nem conseguia se manifestar diante do mar de bandeiras tricolores que a cercava. Naquele dia 20 de dezembro de 1970, tarde de muita chuva, quente e abafada, o Fluminense sairia do Maracanã com a faixa de campeão, dando ao Rio de Janeiro o primeiro título na Taça de Prata – torneio que mais tarde seria transformado em Campeonato Nacional.

Em São Paulo, jogavam, neste mesmo horário, Palmeiras e Cruzeiro. Se o Palmeiras vencesse, o Fluminense não poderia perder. Por isso, a torcida tricolor estava atenta aos alto-falantes do Maracanã. Aguardando notícias do jogo em São Paulo e torcendo pelo Cruzeiro. Ainda assim, a torcida tricolor homenageia seu time como campeão antes mesmo da partida.

O Fluminense tinha dois grandes ausentes nesta festa: o artilheiro FLÁVIO e o cérebro do time, o Diabo Loiro SAMARONE. SAMARONE seria substituído por CLÁUDIO e MICKEY entrava no lugar de FLÁVIO. E é MICKEY, fazendo com os dedos o “V” da vitória, ou o símbolo “PAZ E AMOR”, quem simbolizaria a Taça de Prata do ano de 1970.

A menos de um minuto de jogo, CLÁUDIO esticava para o centroavante MICKEY, que chutava rasteiro, cortando grama. Renato defendia e largava, soltava de novo e segurava a bola com firmeza. A torcida tricolor vibrava.

Logo nos primeiros instantes o tricolor mostrava que estava disposto a ganhar o jogo. O empate lhe bastava, mas não era isso que os jogadores tentavam buscar. O time jogava com garra. Não havia estrelas na equipe, só união. Quando perdia o domínio da bola, o time fechava o miolo do campo. De posse da bola, procurava o gol do Atlético, utilizando de preferência, seus dois pontas, CAFURINGA e LULA, que jogavam bem abertos e partiam em alta velocidade contra o campo adversário.

Em São Paulo, o Cruzeiro não ia colaborar e o Palmeiras ganhava por um a zero. A torcida do Fluminense fazia um pouco de silêncio no Maracanã. Mas o tricolor continuava a acuar o “Galo” mineiro. Os ataques da equipe tricolor eram constantemente apoiados pelos laterais Oliveira e Marco Antonio. E em São Paulo, dois a zero para o Palmeiras prometia uma goleada.

No Rio, a torcida tricolor sentia falta de seu goleador: FLÁVIO ALMEIDA FONSECA, “O MINUANO”. FLÁVIO estava de fora da final, pois teria de operar as amígdalas e que ocupou sua posição foi MICKEY.

A coisa estava difícil mesmo. Eram trinta minutos do primeiro tempo e DIDI caído pela ponta e sem ninguém para receber. Os atleticanos Humberto e Vantuir dominam todo o setor da área. E de repente, DIDI ajeita e chuta forte em direção da área. Só ele mesmo para perceber a penetração de MICKEY. E MICKEY faz a torcida esquecer FLÁVIO: mete a cabeça na bola, com força, para cima, no ângulo esquerdo do gol de Renato. GOOOOOOOOOOL!!!!! GOOOOOOOOOOL do FLUMINENSE!!!!!

Uma explosão branca e ensurdecedora. O talco tradicional cobre a visão da torcida enlouquecida. Muitos tricolores não conseguiam ver MICKEY correndo para a galera e fazendo o “V” da vitória, braços estendidos como se quisesse abraçar o mundo.

No início do segundo tempo, todo o Maracanã podia perceber que MARCO ANTONIO sentia dores na coxa. E era pelo seu lado que o Atlético continuava a atacar, com um ímpeto crescente. Os Atleticanos pensavam: “Perdido por um, perdido por mil”. O time tinha de ir para frente e foi o que fez.

O Atlético apertava o Fluminense. Em São Paulo, o Palmeiras marcava o terceiro e não restava dúvida de que o Fluminense não teria ajuda dos outros. Teria de vencer por si mesmo.

O ponta-direita do “Galo”, Vaguinho insistia contra o gol de FÉLIZ, e aproveitou um buraco deixado por MARCO ANTONIO. ASSIS saiu na cobertura e foi vencido pelo ponta-direita mineiro. Só restava FÉLIX, e Vaguinho teve calma bastante para colocar a bola, rasteira, rente à trave direita do Fluminense.

Um silêncio mortal cobria o Maracanã. As 112.403 pessoas que pagaram ingressos estavam um pouco assustadas com o empate. Até a torcida do “Galo” não ousou comemorar muito o empate. E a agonia voltava a tomar conta dos tricolores. O Cruzeiro diminuía: 3 a 1. Mas ali, não havia esperanças.

A esperança era que o técnico PAULO AMARAL sabia o que estava fazendo, quando mandou entrar TONINHO no lugar de MARCO ANTONIO. A entrada da TONINHO em campo mudava tudo. O Fluminense ganhava vida e o Atlético perdia seu ímpeto. TONINHO empurrava o time.

Bola na área do Atlético. DENÍLSON venceu Vantuir pelo alto. A bola ultrapassava o goleiro Renato e ia entrando. Humberto salvou em cima da linha. A torcida tricolor amaldiçoa Humberto. De qualquer forma, o lance mostrava que o Fluminense tinha melhorado na partida. DENÍLSON, o “REI ZULU”, dentro do seu peito de rei africano bate um coração genuinamente tricolor. Jogador de raça, ídolo da galera e dos seus companheiros de time. Era um profissional com alma de amador.

E é DENÍLSON quem comanda a garra tricolor enquanto os minutos passam. Quarenta minutos do segundo tempo. O povo se agita, começa a gritar:
“É CAMPEÃO! É CAMPEÃO! É CAMPEÃO!”

Quando José Faville Neto apitava o final do jogo, com o placar de 1 a 1 entre Fluminense e Atlético Mineiro, já não importava a goleada do Palmeiras frente o Cruzeiro por 4 a 2. A Taça de Prata fora conquistada no Maracanã. E o Fluminense era o campeão do Brasil! Parte da torcida do Fluminense invadiu o campo, os jogadores são despojados de suas camisas. Cafuringa tentou roubar a bola do juiz.

Juntava-se à comemoração dos titulares a alegria dos reservas: PAULO LUMUMBA, JORGE VITÓRIO, JAIRO, JAIR, WILTON, SILVEIRA, ALBERICO.

E surgia em campo, o maior ausente da partida: SAMARONE, o DIABO LOIRO, o DR° “SAMARA” ou “O SAMARA DA SAENS PEÑA”. SAMARONE era um engenheiro que jogava bola como ninguém. Sua inteligência foi responsável pela construção da maioria dos gols do Fluminense. Hábil com a bola nos pés foi o termômetro do time ao longo de toda a Taça de Prata. Catimbeiro como poucos, não jogou a final por ter sido expulso na partida anterior, contra o Cruzeiro, no Mineirão.

O Fluminense e sua imensa torcida estavam eufóricos pela conquista do campeonato. A festa se estenderia por todo o Rio de Janeiro e por todos os cantos do Brasil. O Brasil estava definitivamente vestido de verde, vermelho e branco. O Brasil era tricolor! E o tricolor era o Brasil campeão!

CAMPANHA DO FLU – FASE DE CLASSIFICAÇÃO

FLUMINENSE 1 x 0 Corinthians
Gol: Flávio
FLUMINENSE 2 X 1 Cruzeiro
Gols: Lula (2)
FLUMINENSE 2 X 1 Grêmio
Gols: Lula e Marco Antonio
FLUMINENSE 3 X 0 América
Gols: Flávio (2) e Samarone
Bahia 1 x 0 FLUMINENSE
Santa Cruz 0 x 1 FLUMINENSE
Gol: Flávio
FLUMINENSE 1 X 1 São Paulo
Gol: Marco Antonio
Internacional 2 x 0 FLUMINENSE
FLUMINENSE 3 X 1 Vasco
Gols: Flávio, Silveira e Marco Antonio
FLUMINENSE 6 X 1 Ponte Preta
Gols: Flávio (3), Lula, Didi e Teodoro (contra)
Palmeiras 0 x 3 FLUMINENSE
Gols: Flávio (3)
FLUMINENSE 1 X 1 Botafogo
Gol: Mickey
Santos 1 x 0 FLUMINENSE
FLUMINENSE 1 X 1 Flamengo
Gol: Cafuringa
Atlético - MG 3 x 1 FLUMINENSE
Gol: Samarone
Atlético -PR 1 x 1 FLUMINENSE
Gol: Mickey


QUADRANGULAR FINAL

FLUMINENSE 1 X 0 Palmeiras
Gol: Mickey
Cruzeiro 0 x 1 FLUMINENSE
Gol: Mickey
FLUMINENSE 1 X 1 Atlético - MG
Gol: Mickey

FLUMINENSE FOOTBALL CLUB CAMPEÃO DO BRASIL DE 1970

OBRIGADO, FÉLIX!
OBRIGADO, OLIVEIRA!

OBRIGADO, GALHARDO!
OBRIGADO, ASSIS!
OBRIGADO, MARCO ANTONIO!
OBRIGADO, DENÍLSON!
OBRIGADO, DIDI!
OBRIGADO, CAFURINGA!
OBRIGADO, FLÁVIO!
OBRIGADO, MICKEY!
OBRIGADO, SAMARONE!
OBRIGADO, LULA!
OBRIGADO, PAULO AMARAL!
OBRIGADO, PRESIDENTE FRANCISCO LAPORT!

Obrigado a todos eles, e todos os outros que contribuíram na conquista da Taça de Prata de 1970. São nossos eternos “COMPANHEIROS DE LUTA E DE GLÓRIA”.


FLU CMPEÃO DO BRASIL

http://www.lancenet.com.br/infograficos/copa-jules-rimet/


FLUMINENSE CAMPEÃO BRASILEIRO 1970

http://www.youtube.com/watch?v=mvXWslp-iDk


BRASILEIRO DE 1970 – TAÇA DE PRATA – FLU CAMPEÃO BRASILEIRO DE 1970

http://www.youtube.com/watch?v=pnpsM0xWV6g


Saudações Tricolores

4 comentários:

  1. Eduardo, grato por lembrar do primeiro Campeonato Brasileiro conquistado pelo Fluminense! É Legítimo! A Conmembol e a FIFA reconhecem o Fluminense Campeão Brasileiro em 1970! Só a CBF que emapaca diante das portas da história!

    Rogério Pecegueiro
    super_flu100@hotmail.com

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  2. Eu estava no Maracanã! Eu estava no Maracanã! E comemorei como um louco a coquista do Nense.

    Saudaçãoes tricolores.

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  3. PEDRO NOVAES DE ARAUJO23 de dezembro de 2009 às 15:15

    Domingo 20 de dezembro de 1970: Meu falecido pai estava no MARACANA e assistiu a festa de comemoração do Titulo da TAÇA DE PRATA 1970. Eu nao pude ir pois tinha apenas 6 anos de idade e fiquei na minha casa no Bairro de Aribiri - Vila Velha ES. Quando ele, meu pai, voltou do rio trouxe uma faixa de campeao nacional e nos contou que nunca tinha visto tanta chuva como naquele dia.Parabens ao FLUZAO o único time do RIO a ter a TAÇA DE PRATA (CAMPEONATO BRASILEIRO DA ÉPOCA). st

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  4. lutem por este titulo novante essa cbf do brasil
    é nogenta se fose o flamengo ja teria reconhecido..
    o tituolo ha muito tempo...porque são flamenguista...

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