terça-feira, 7 de setembro de 2010

Amigo é coisa pra se guardar...

Certa vez escutei um importante tricolor falar sobre algumas de suas ligações. E foi aí que, me dei conta de que, uma de suas ligações tratava-se do meu caro amigo e companheiro João Luiz Silva Ferreira. E pensei: “Como este mundo é pequeno!” Conheci João Luiz faz pouco mais de duas décadas. Estivemos juntos em muitas lutas sociais, como a causa ecológica, o antinuclear e a “DEFESA DOS DIREITOS DA MULHER”. João Luiz Silva Ferreira é conhecido pelo carinhoso apelido de Juca, é o nosso “JUCA FERREIRA”.

Juca Ferreira nasceu em 1949, em Salvador, capital da Bahia e primeira capital do Brasil (entre 1549 e 1763). Juca Ferreira veio de uma família de comunistas. Juca Ferreira chegou à política muito cedo. Foi influenciado pela Rádio de Havana que era ouvida em sua casa. Aprendeu espanhol e se politizou. O ambiente familiar facilitou essa formação. Sua casa era frequentada por muitos nomes da esquerda baiana. Juca Ferreira, desde o final de 1966, pertencia ao PCB (Partido Comunista Brasileiro). O PCB pretendeu que Juca Ferreira se transformasse num líder de massas. A primeira prisão da família, nesse período, foi a de seu irmão Júlio, no Congresso da UNE (União Nacional dos Estudantes), em Ibiúna, São Paulo, no segundo semestre de 1968.

Juca Ferreira ganhou status no movimento estudantil. Em 1968, foi eleito presidente da União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (UBES), pouco antes da implantação do AI-5 (que entre outras deliberações fechou a UBES). O outro irmão de Juca, Airton, foi preso em 1970. Juca Ferreira, apesar de todos os riscos, visitava seu irmão Airton na prisão.

Juca  Ferreira e Eduardo Coelho na Fundação ONDAZUL - Salvador (BA)

No Rio de Janeiro, Juca Ferreira encontra-se com Carlos Alberto Muniz, Stuart Angel (mais tarde morto pela ditadura militar) e Nelson Rodrigues Filho. Juca Ferreira era contra a “luta armada” e já tinha escrito sobre isso. Mas o partido o integra ao grupo de fogo e Juca passa então, a desenvolver uma infinidade de ações armadas: bancos, fábricas, supermercados. Juca Ferreira viveu mais de um ano no Rio de Janeiro em plena clandestinidade. Os militares o procuravam por toda a parte. Sua cabeça estava a prêmio. Como única alternativa de sobrevivência, Juca Ferreira vai para o Chile de Salvador Allende. Começa o exílio.

Juca Ferreira havia ido para o Chile para discutir com os companheiros do exílio a tese de que a luta armada não era mais o caminho. Em 1973, Juca Ferreira é surpreendido pelo golpe militar do general Augusto Pinochet. Juca Ferreira vai para a Suécia, de onde só voltaria com a anistia, em 1979.

Na Europa, Juca Ferreira se depara com novidades em cena. O movimento punk fazendo contestações, os homossexuais se organizando na defesa de seus direitos e “AS MULHERES OCUPANDO CADA VEZ MAIS ESPAÇOS”. O movimento hippie evoluiu para uma luta pela qualidade de vida, pelo pacifismo e pela luta ecológica. E Juca Ferreira se envolve neste novo ideário.

Eduardo Coelho, Juca Ferreira e duas "baianas típicas"

Com a anistia dos exilados políticos, em 1979, o sociólogo Juca Ferreira retorna ao Brasil e à Bahia. Exerce intensa militância cultural, ecológica e contra o racismo, durante a década de 1980. Juca Ferreira tornou-se um dos mais destacados ambientalistas do país, tendo sido um dos cinco representantes da sociedade civil na comissão que elaborou a Agenda XXI brasileira.

Desfrutar da companhia, amizade e dos ensinamentos libertários do “mestre” Juca Ferreira, desde meados da década de 1980, indubitavelmente, fortaleceram meus princípios e capacidade de luta, por um mundo onde todos tenham voz. E um mundo onde todos tenham vez. E não apenas “os donos do poder”.

Juca Ferreira aprendeu a amar a cidade do Rio de Janeiro, quando viveu na cidade durante seu período na clandestinidade. E o Rio é uma cidade onde Juca se sente em casa. Em sua terra natal, Salvador, Juca torce pelo Vitória. No Rio de Janeiro, Juca Ferreira torce pelo Vasco. E em São Paulo, Juca é torcedor do Palmeiras. Nos últimos anos, Juca tem dedicado seu trabalho a questão cultural. E Juca Ferreira entende que o futebol é uma expressão cultural das mais fortes e significativas de nosso país. Portanto, deve ser compreendido não só como esporte, mas fundamentalmente, também como cultura.

Eduardo Coelho e Juca Ferreira desfilando pelas ruas do Rio Vermelho (Salvador-BA), no "Dia de Yeamanjá" - 02/02/01

Na última vez em que nos encontramos, aqui no Rio, há alguns meses atrás, coloquei para o Juca a luta do nosso Blog “CIDADÃO FLUMINENSE” pela afirmação do Fluminense como um grande clube de futebol do Brasil possuidor de uma história cultural e desportiva como nenhum outro. E a intenção de consolidarmos cada vez mais o Fluminense como um pólo de cultura e turismo.

Na ocasião contei ao Juca Ferreira histórias do nosso Salão Nobre que recebeu bailes da aristocracia carioca e diversos eventos culturais ao longo do século XX. Mas, o que mais me entusiasmou, foi perceber sua disposição em integrar a luta de preservação cultural do nosso histórico “ESTÁDIO DAS LARANJEIRAS”. Juca ficou encantado com as histórias do nosso histórico “ESTÁDIO DAS LARANJEIRAS”. Histórias como, a do Campeonato Sul-Americano de 1919 (o primeiro título internacional importante conquistado pelo futebol do Brasil) e dos Jogos Olímpicos Latino-Americanos, em 1922 (precursores dos Jogos Pan-Americanos), ambos realizados no nosso histórico “ESTÁDIO DAS LARANJEIRAS”. Juca Ferreira concorda que os tricolores são privilegiados por possuírem o berço do futebol brasileiro, o único pentacampeão mundial. E disse mais: “Pode me incluir nesta luta!”

E temos um bom aliado na defesa e preservação de todo nosso histórico “ESTÁDIO DAS LARANJEIRAS”, o companheiro Juca Ferreira. Até porque, com o advento da Copa do Mundo de 2014 e dos Jogos Olímpicos de 2016, o crescimento do turismo no mundo como atividade econômica, a consolidação do crescimento da economia brasileira, o crescimento do turismo em nosso país, as possibilidades do Fluminense ampliar sua imagem internacionalmente com seu patrimônio histórico e arquitetônico, são inúmeras. E são possibilidades que independem da performance de uma equipe no campo esportivo. Só não vê quem não quer!

Eduardo Coelho e Juca Ferreira - Brasília (DF) - 28/08/08

Mas, o Juca sabe das coisas! Possui uma visão global e conectada com o futuro. Mas, um futuro que pensa a cultura, o esporte e o turismo como fatores econômicos dinâmicos do desenvolvimento de um país. De um país livre, soberano e moderno. Mas, que acima de tudo preserva e cultua a sua história, seu passado, seus símbolos, sua cultura e suas tradições. E como dizia o imortal gênio tricolor, Nelson Rodrigues: “No futebol o pior cego é aquele que só vê a bola”.

E como já faz alguns meses que não encontro meu caro amigo Juca Ferreira, já está na hora de colocarmos o papo em dia. E logicamente, contar “as últimas novidades”.

Saudações Tricolores

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