“Nunca antes na história deste país” – como já dizia um corinthiano – houve um escândalo tão absurdo de tamanha proporção, envolvendo a arbitragem do futebol no Brasil. Era o ano de 2005. E o grande beneficiado pelo escândalo que ficou conhecido como “MÁFIA DO APITO”, foi o Sport Club Corinthians Paulista, que acabou tornando-se campeão brasileiro daquele ano.
Mas, retornando um pouco no tempo, em outubro de 2004, Kia Joorabchian o iraniano com cidadania britânica – supostamente testa-de-ferro de milionários ligados à máfia russa – representava a MSI (Media Sports Investment) no Brasil. Hoje, vivendo em segurança e com conforto, em Londres, Kia Joorabchian é foragido da justiça brasileira.
A MSI iria investir no Corinthians por uma década a partir do início do acordo, em 2004. A maior contratação, Carlitos Tevez, atacante raçudo e habilidoso, que veio do Boca Juniors, campeão pela Seleção Argentina nas Olimpíadas de 2004. Foram 20 milhões de dólares na transação. Valores que superavam de longe qualquer valor que um clube brasileiro pudesse pagar.
O Corinthians ainda contratou o volante Mascherano, do River Plate, que também integrava a equipe campeã olímpica da Seleção Argentina, em 2004. O Corinthians também contratou jogadores brasileiros, como: Nilmar, Roger, Carlos Alberto, Gustavo Nery, Marcelo Mattos, Marinho e Hugo.
No site oficial do Corinthians, a MSI era apresentada como uma empresa idônea. Entretanto, com o decorrer do tempo, nada disso foi, de fato, comprovado. No Brasil, o surgimento da MSI e a grande injeção de recursos no Corinthians foram grandes novidades. Um dos assuntos mais comentados no Brasil era que a chegada da MSI seria para uma suposta lavagem de dinheiro.
Em janeiro de 2005, o Ministério Público do Estado de São Paulo recebeu um dossiê sobre a parceria entre o Corinthians e a MSI. Em abril de 2005, Rodrigo César Rabelo, procurador geral de Justiça de São Paulo, afirmou que o relatório de investigação da parceria entre o Corinthians e a MSI possuía fortes indícios de lavagem de dinheiro.
Mas, por pura coincidência ou apenas ironia do destino, o Campeonato Brasileiro de 2005, vencido pelo Corinthians, ficaria marcado por decisões duvidosas dos comandantes do nosso futebol.
Na época, dois nomes dos mais comentados eram o de Luiz Zveiter, presidente do STJD (Superior Tribunal de Justiça Desportiva) e Edílson Pereira de Carvalho, árbitro de futebol.
Naquele ano de 2005, mais precisamente no dia 23 de setembro, a Revista VEJA trouxe em sua matéria de capa a denúncia de um esquema de compra de juízes para forjar resultados favoráveis a apostadores de loterias realizadas pela internet. Com isso, alguns jogos do Campeonato Brasileiro ficaram sob suspeita. O árbitro de futebol Edílson Pereira de Carvalho e o empresário Nagib Fayad foram presos. Edílson naquele ano apitou 25 partidas, sendo 11 pelo Campeonato Brasileiro. O árbitro Paulo José Danelon também começava a ser investigado.
No início do escândalo, Luiz Zveiter, então presidente do Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) admitia que “as partidas feitas pelos dois árbitros envolvidos no esquema poderiam ser refeitas, mas que cada jogo deveria ser analisado detalhadamente”.
Poucos dias depois, Luiz Zveiter, começa a mudar de opinião. Sem mais nem menos, diz que “as 11 partidas feitas por Edilson Pereira de Carvalho poderão ser refeitas”. No dia seguinte, o árbitro Edilson Pereira de Carvalho e o empresário Nagib Fayad são soltos da prisão.
Um dia após a liberação dos presos, entra em cena – finalmente – o presidente da CBF (Confederação Brasileira de Futebol, o sr° Ricardo Teixeira, que até então ‘assistia tudo de camarote’. Ricardo Teixeira promete “acelerar as investigações em todos os jogos feitos por Edílson no Campeonato Brasileiro”. Na sequência, Luiz Zveiter, presidente do STJD, diz que a anulação dos 11 jogos “pode acontecer sem a verificação das fitas dos jogos”, por julgar que, “os dados da comissão de auditores do Tribunal devem ser suficientes para que a decisão seja tomada”.
No mesmo dia, em que Zveiter disse que a anulação dos jogos “poderia acontecer sem a verificação das fitas dos jogos”, Armando Marques, presidente da Comissão Nacional de Arbitragem, deixa o cargo. Em seu lugar entra o também ex-árbitro Edson Resende. Para completar, o presidente da CBF, Ricardo Teixeira, “lavando as mãos”, deixaria a decisão do que fazer com os jogos de Edílson Pereira de Carvalho nas mãos ‘muito habilidosas’ de Luiz Zveiter.
No dia 2 de outubro de 2005, Luiz Zveiter anuncia a anulação dos 11 jogos apitados pelo árbitro Edílson Pereira de Carvalho no Campeonato Brasileiro. Dois dias depois, Internacional, Cruzeiro, Santos, Ponte Preta e Figueirense, decidem entrar juntos com uma ação no STJD para tentar reverter à decisão de anular seus jogos. O STJD recusa o recurso dos clubes contrários à anulação dos 11 jogos. É importante destacar que, alguns dias antes, o próprio Luiz Zveiter tinha declarado que não havia como garantir que todas as partidas fossem anuladas.
No dia 7 de outubro de 2005, a CBF define o dia e horário das partidas restantes a serem refeitas. A organização garantiu quer arcaria com todas as despesas. Três dias depois, o Vice-presidente da FPF (Federação Paulista de Futebol), Reinaldo Carneiro Bastos, acusado pelo árbitro Edilson Pereira de Carvalho de pressioná-lo para manipular resultados de partidas, pede para se afastar da entidade. O Ministério público do Rio de Janeiro instaura processo para investigar a anulação pelo STJD dos 11 jogos de Edilson Pereira de Carvalho.
No dia 12 de outubro de 2005, as três primeiras partidas das 11 a serem refeitas são disputadas. Vasco 3 x 3 Figueirense, Juventude 3 x 4 Fluminense e Cruzeiro 2 x 2 Botafogo. No dia 13 de outubro, o Corinthians conseguiu os três primeiros pontos com os jogos remarcados. O Corinthians vencei o Santos por 3 a 2, na Vila Belmiro, devolvendo a primeira derrota. Nesse jogo, o árbitro Cléber Wellington Abade, teve sua atuação muito questionada. E alguns torcedores do Santos chegaram a invadir o campo para tentar agredi-lo.
Em meio a toda esta bagunça, vale destacar que o senhor Ricardo Teixeira pareceu não dar a mínima importância para o assunto. Garantir que a solução para o caso fosse justa era obrigação da Confederação Brasileira de Futebol. Postura semelhante teve o Clube dos 13, que mostrou-se inerte no caso.
Quando veio a público, a denúncia de Edilson Pereira de Carvalho, na 27ª rodada, o Internacional liderava o campeonato, com 50 pontos, seguido por Goiás, Corinthians, Fluminense e Santos, todos com 47 pontos. O Corinthians conquistou, de maneira injusta, quatro preciosos pontos. Três na partida contra o Santos e mais um diante do São Paulo, no empate de 1 a 1. Com isso, o Corinthians assumia a liderança do campeonato, com 51 pontos, um à frente do Internacional de Porto Alegre, que somava 50.
No confronto entre o Corinthians e o Internacional de Porto Alegre, realizado em Porto Alegre, o juiz Márcio Rezende de Freitas não deu para o Internacional um dos pênaltis mais claros de toda a história do campeonato brasileiro. O meia Tinga entrou na área corinthiana e foi derrubado pelo goleiro Fábio Costa, que jogava no time paulista. A partida terminou empatada em 1 a 1, mantendo a vantagem do Corinthians.
É possível afirmar que, em poucas outras situações um clube de futebol no Brasil foi tão beneficiado por decisões fora das quatro linhas como o Corinthians. O Corinthians hoje é dono de um título marcado por graves erros.
E quando estourou a denúncia na Revista Veja, o que fez o presidente do Fluminense um dos clubes prejudicados com a remarcação dos jogos??? O que fez o 'brilhante' Departamento Jurídico do Fluminense na ocasião??? Por que o Fluminense não entrou junto com o Internacional, Cruzeiro, Santos, Ponte Preta e Figueirense com uma ação no STJD para tentar reverter à decisão de anular seus jogos??? Por que o Fluminense aceitou o que determinou a CBF e o STJD??? O que fazem os cidadãos (torcedores) em relação a tudo isso??? Continuam assistindo a tudo isso, quietos e de maneira passiva, como se isso fosse normal???
É bom lembrar que, neste ano em que se completam cinco anos do escândalo da “MÁFIA DO APITO”, é o mesmo ano em que ocorre o centenário do Sport Club Corinthians Paulista, o mesmo clube que foi campeão do Campeonato Brasileiro de 2005. Sempre vale destacar e ficar atento, para o fato de que, neste ano de 2010, o Chefe da Delegação Brasileira na Copa do Mundo da África do Sul foi o sr° Andrés Sanches, atual presidente do Corinthians que desfruta de ótimas relações como presidente da CBF, o sr° Ricardo Teixeira.
Não custa nada lembrar também que, uma das duas derrotas (até aqui) do Fluminense neste campeonato de 2010, foi para o Corinthians. E que se diga também que, a arbitragem deste jogo foi um tanto polêmica, com um gol tricolor legítimo mal anulado. Tudo isto que descrito é no intuito de manter viva a memória de alguns tricolores. E também para que possam refletir, sobre não ficarem inertes esperando por alguma atitude de alguma diretoria. “NÃO BASTA EMOÇÃO, TEM QUE ROLAR AÇÃO”!
Saudações Tricolores
quarta-feira, 21 de julho de 2010
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Esse timeco da Marginal Tietê sempre envolto na lama... Os outros 19 times da série A, que estão sendo prejudicados deveriam cercar a delegação do Corinthians e cobrir todos de porrada!
ResponderExcluirPrezado Daniel,
ResponderExcluirÉ um prazer tê-lo aqui debatendo conosco os assuntos do Fluminense. Mas prefiro você (ou qualquer outra pessoa) debatendo do que "batendo".
Não creio que a solução para os problemas de nossa sociedade seja "cobrir todos de porrada".
Acredito que existem métodos mais eficientes e inteligentes.
Mas, de qualquer forma a única solução encontrada por você está registrada.
Saudações Tricolores,
EDUARDO COELHO
Estimado Eduardo, Ví y leí tu blog, me parece muy interesante. Quisiera saber mas sobre el tema de futbol y mafia en el futbol de Brazil. Soy holandes, pero vivo en COlombia y estoy haciendo una investigación sobre el tema. No sé si hay influencia del narcotrafico en el futbol de Brazil como en Colombia? Muchas gracias de antemano... Nico V
ResponderExcluirSabemos que não é só em 2005 que houve.Até hj ainda existe essa "máfia" e abrange até competições internacionais.
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